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Cartaz semana da Filosofia 22-23

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Celebrou-se, entre os dias 7 e 11 de março, a Semana da Leitura, na Escola Secundária Daniel Sampaio.

Esta iniciativa contou com a colaboração dos alunos do 7ºC e do 9º B que presentearam os seus colegas do 3º ciclo e do ensino secundário com poemas de autores nacionais e estrangeiros, acompanhados à viola, ukulélé e instrumentos de percussão. Os textos poéticos foram declamados em língua portuguesa, francesa e inglesa.

Vale a pena dizer Ler+, Ler em várias línguas!

Durante a Semana da Leitura, a Biblioteca Escolar (BE) desafiou os Encarregados de Educação para partilharem, com a turma dos seus educandos, um livro que os tivesse marcado significativamente, quando estes tinham a idade dos seus filhos. A Biblioteca agradece aos pais dos alunos que se disponibilizaram para participar nesta atividade.

O Dia Internacional da Mulher também foi celebrado através de uma curadoria constituída por uma exposição de livros e filmes, assim como a divulgação de trabalhos realizados pelos alunos das turmas B, C, D e G do 10º, na disciplina de português.

No dia 9 de março, a BE “associou-se” à “Semana da Filosofia e da Psicologia”, numa tarde recheada de ensaios, poemas e música dedicados ao amor, aos afetos, às relações humanas e à arte. A atividade, dinamizada pelos professores Carlos Amaral e Vítor Maia, contou com a participação de alunos dos 8º e 11º anos.

Ana Noválio

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Durante toda a nossa vida procuramos felicidade, e muitas vezes achamos que está associada ao amor. Mas o que é o amor? Aristóteles definia o amor como um sentimento vinculado à ideia de alegria, outros filósofos disseram que era um mistério inexplicável ou um presente de Deus. Alguns cientistas dizem que o amor faz parte de um processo de seleção natural com o objetivo de gerar descendentes. Uma coisa é certa: o amor é a maior inspiração de todas as formas de arte, quer seja a literatura, pintura ou até música.

Um dos maiores problemas em relação a este sentimento é a sua definição. Coletivamente todos achamos que temos uma ideia do que é o amor. Porém, ninguém se questiona sobre a existência desta emoção. Talvez seja por ser algo tão forte que não deixa margem para dúvidas, ou talvez por ser uma ilusão tão cega e maravilhosa que ninguém quer aceitar uma verdade cruel e dolorosa. Se este sentimento tão belo, aprazível e deslumbrante existe, como é que se explica tanta maldade no mundo? No caso de o amor existir, porque é que ainda há pessoas que optam pelo ódio? Talvez seja porque não existe uma escolha, dado que possivelmente este sentimento não exista.

Sob outra perspetiva, a maior parte das pessoas dizem já ter experienciado o amor. Para além disso, muitas das obras de arte podem funcionar como provas do amor, refletindo a realidade e vivacidade desta emoção. Há ainda quem suponha que amar é a vocação de qualquer ser humano, sendo que não podemos viver na sua ausência.

Cientificamente, o amor é um sentimento provocado pela produção de hormonas da família da ocitocina. Esta hormona é produzida quando abraçamos, beijamos ou olhamos para alguém especial lhos nos olhos. A liberação da oxitocina estabelece uma ligação emocional entre duas pessoas. Recentemente foi descoberto e mapeado o “gene do amor”, que contém informação sobre as inclinações amorosas de cada indivíduo. Este estudo revelou que a informação contida neste gene pode variar de pessoa para pessoa.

Desta forma, podemos concluir que o amor existe, e está subjacente a quase todas as formas de arte. No entanto, não é experienciado por toda a gente da mesma forma, o que torna difícil arranjar uma definição geral do que é o amor. Além disso, é algo que gera sentimentos tão opostos que nos deixa completamente baralhados. Talvez nunca venhamos a saber o que é amor ao certo, uma vez que, para nós, o amor não está vinculado a uma definição, mas sim a alguém muito especial.

Beatriz Filipe, 11ºB

Imagem editada daqui

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Nós vivemos no melhor dos mundos possíveis. Qualquer mundo que existisse, nunca seria tão bom como o nosso, pois, mesmo não tendo certos problemas, teria outros, garantidamente piores. Esta tese, desenvolvida por Leibniz, é um bocadinho rebuscada, admito-o, e é exatamente uma das principais doutrinas que Voltaire pretende contra-argumentar na sua obra satírica “Cândido ou o Otimismo”.

Este livro foca-se nas desventuras de Cândido, pelas quais passou após ter sido expulso do castelo em que vivia. Cândido foi educado pelo professor Pangloss, que lhe incutiu esta doutrina otimista. Através dos azares de Cândido, evidencia-se que o otimismo não é viável pois até Cândido, crente no otimismo, deixa de o ser.

Apesar disto, discordo do argumento de Voltaire, porque, no fim, Cândido, mesmo não estando completamente satisfeito por um conjunto de razões, vive em harmonia, já que passa a “Cultivar o seu jardim”, isto é, a encontrar a felicidade nas suas simples vivências.

Isto para dizer: é possível que vivamos, mesmo, no melhor dos mundos possíveis. E esta conceção do mundo é fundamental, especialmente no contexto atual.

Antes de continuar, quero dizer que tenho todo o respeito por aqueles que estão a sofrer devido à pandemia, e que não pretendo de modo nenhum diminuir o seu sofrimento – quis, pelo contrário, vir trazer umas palavras de esperança.

Algum tempo depois de ter sido expulso do castelo, Cândido reencontra Pangloss a viver na rua, quase irreconhecível, pois contraiu um vírus. Pangloss explicou que contraiu sífilis porque Cristóvão Colombo o trouxe da América. E, se não tivesse lá ido, não teriam as suas coisas boas na Europa – chocolate, milho, batatas, tomates… Por isto, era necessário que contraísse a doença.

Do mesmo modo, acredito que o vírus que está agora a infetar o mundo tem um propósito semelhante. Está, de facto, a tirar muitas vidas. Mas os avanços médicos e tecnológicos que nos trará podem vir a salvar muitas mais, no futuro. Mais uma vez, o mal acontece para um bem maior.

Mas que bem maior? Para isto, deixo as palavras de Bill Gates, que se tem dedicado à sensibilização das pandemias eminentes há alguns anos:

Maturaremos algumas destas plataformas para as vacinas, que não só servem para pandemias, como para desenvolver vacinas contra a malária, a tuberculose, e o HIV. Assim como em tempo de guerra, avançámos rapidamente e experimentámos coisas novas. Até em termos do nosso estilo de vida: Podemos usar a telemedicina, a tele-escola, podemos evitar algumas das viagens que fazemos para o trabalho? Os nossos olhos foram abertos, e esse software está a tornar-se muito melhor. É uma verdadeira aceleração.

Muito bem. Mas agora, dizem-me vocês, como é que posso ter a certeza de que vivemos mesmo no “melhor dos mundos possíveis”? Não posso. A teoria de Leibniz baseia-se num Deus criador todo poderoso e bom que escolheria sempre o melhor dos mundos possíveis para criar. Mas não consigo provar que Deus existe. Como é que saio daqui?

Deixem-me tentar explicá-lo com os ideais antitéticos de Martin, pessimista, e Cândido, otimista, que têm uma discussão filosófica ao voltar para a Europa:

Por toda a parte, os fracos abominam os poderosos perante os quais rastejam, e os poderosos tratam-nos como rebanhos de que vendem a lã e a carne. Um milhão de assassinos arregimentados, correndo de um ao outro extremo da Europa, exercem o morticínio e a pilhagem com toda a disciplina, porque não têm ofício mais honrado; e, nas cidades (…), os homens são devorados de (..) inveja(…).

Após ser expulso do castelo onde nasceu, Cândido inicia sua jornada em busca de sua amada Cunegundes e descobre que o mundo não é tão maravilhoso quanto ele pensou.

Esta é a perspetiva que Martin tem da vida, que é intrinsecamente triste. Cândido, pelo contrário, replica: “Mas há um lado bom”. O otimismo de Cândido retrata a vida sob uma luz positiva. Vendo a vida assim, acabamos por ser mais felizes e ter mais esperança: o modo como vemos o mundo influencia como nos sentimos.

A felicidade, a meu ver, é aquilo que se pretende alcançar na vida. Estar mais perto de a ter é desejável e, por isto, devemos conceber o mundo otimisticamente. Não podendo aceitar a visão otimista do mundo como verdade absoluta, podemos tomá-la como, pelo menos, verosímil.

Resumindo, mesmo que soframos, não quer dizer que o mundo em que vivemos seja mau. Os maus momentos são necessários para apreciarmos os bons. E é assim que devemos olhar para o nosso contexto atual – as dificuldades que se nos apresentam têm o propósito de nos fazer crescer pessoalmente, e evoluir o mundo. Ter uma perspetiva positiva da situação traz-nos conforto, e isso é algo que, em tempos atribulados, não deve ser subestimado. Assim, não se esqueçam de procurar o bem na vossa vida.

Citações/fontes

  • Gates, Bill. Bill Gates on how to end this pandemic—and prepare for the next. Susan Goldberg. National Geographic, 14 setembro 2020: 

https://www.nationalgeographic.com/science/2020/09/bill-gates-how-to-end-this-pandemic-and-prepare-for-the-next/

 Marta Vasconcelos, 11ºC

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Filosofia, para maio: mais um mês, mais uma série de Bibliotecas Portáteis (para uso em sala de aula) temáticas-curriculares, selecionadas pelos docentes da especialidade. Pouco a pouco, vamos conseguindo divulgar o acervo da BE junto de professores e alunos em áreas mais específicas, rentabilizando os recursos documentais, mesmo em estantes mais recônditas.

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Aqui encontrarás inúmeros conteúdos audiovisuais que…

… ao longo das últimas décadas, a RTP produziu e cujo interesse não se esgotou na sua divulgação televisiva ou radiofónica. Entrevistas com figuras notáveis das letras, das artes, das ciências, bem como documentários sobre o património e a história, frequentemente procurados por professores e estudantes, têm tido acesso limitado ou caem até no esquecimento. Esses conteúdos são um complemento relevante para o trabalho feito na sala de aula, e passam agora a estar disponíveis online, através das várias plataformas digitais que o Ensina utiliza. Pretendemos construir um espaço de consulta fácil para os utilizadores, através de computadores, tablets ou smartphones, em permanente construção e – dentro em breve – com o contributo de entidades externas à própria RTP. Nos próximos meses esperamos conseguir apresentar, com elevada frequência, novos materiais trabalhados a partir do arquivo do serviço público de rádio e televisão, ou produzidos especificamente para este projeto.

Que tipo de conteúdos?

Estão disponíveis, numa primeira fase, videos, audios, infografias e fotografias produzidas pelos diferentes canais da Rádio e Televisão de Portugal ao longo das últimas oito décadas. Para além de pequenos excertos de entrevistas ou programas, apresentamos também alguns grandes documentários com grande relevância para determinadas matérias escolares.

Como consultar?

Na área de temas temos os conteúdos divididos pelas principais matérias: Artes, Português, Ciência, História, Cidadania, etc. Em cada tema podemos filtrar os resultados por tipo de conteúdo, nível de ensino ou sub-tema. Alguns dos artigos publicados estão agregados em dossiers, que nos oferecem o conjunto da oferta existente sobre determinado assunto, ou conjuntos de episódios de uma mesma série. 

adaptado de http://ensina.rtp.pt/

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pensasampaio

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camus

           (caricatura editada daqui)

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À semelhança da série Grandes Livros, amplamente publicitada aqui no Bibli, uma série de documentários sobre clássicos da literatura portuguesa, sugerimos agora uma visita ao canal do Youtube, Great Books, desta vez sobre obras universais de literatura, ciência e filosofia. Todos os documentários estão narrados e legendados em português (do Brasil) e incluem títulos como As Aventuras de Huckleberry Finn (Mark Twain), Grandes Esperanças (Charles Dickens), Contos de Terror (Edgar Allan Poe), O Grande Gatsby (Scott Fitzgerald), Madame Bovary (Gustave Flaubert), O Coração das Trevas (Joseph Conrad), Dom Quixote de La Mancha (Miguel de Cervantes), A Origem das Espécies (Charles Darwin), A República (Platão), Alice no País das Maravilhas (Lewis Carrol) e 1984 (George Orwell), entre outros.

Apesar de não substituirem a leitura, os documentários, com cerca de 50 minutos cada, podem contribuir, segundo os seus promotores, como estímulo para um primeiro contacto com as obras, assim como para a compreensão do contexto histórico, social e cultural em que foram produzidas. A merecer uma visita.

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É sempre fácil

obedecer, se

se sonha comandar.

 

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

 

imagem daqui

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Logo que, numa inovação, nos mostram alguma coisa de antigo, ficamos sossegados.

Friedrich Nietzsche

15/11/1844 — 25/8/1900

 

imagem daqui

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Atualmente vivemos num mundo cheio de ilusões. Porém, será que estamos preparados para enfrentarmos a realidade como ela é?  Como podemos ter total acesso à realidade?

Primeiramente, vamos clarificar o conceito de realidade. A realidade é entendida como: qualidade do que é real; o que existe de facto; certeza; aquilo que se opõe ao nada; ao aparente; ao ilusório; etc.

Será que no mundo de tantas ilusões e dissimulação, a mentira tem algum papel na nossa vida? O filósofo alemão Friedrich Nietzsche, na sua obra Sobre a Verdade e a Mentira no Sentido Extramoral, diz que na arte a dissimulação é válida, porque pode satirizar a sociedade. Ou seja, a dissimulação é utilizada pelo teatro, por exemplo, e neste caso ela é válida. O filósofo faz uma análise da verdade e da mentira num sentido extramoral, ou seja, para além daquilo do que moralmente achamos que é correto: a verdade é boa e a mentira é má. A mentira inserida no contexto artístico dá-nos acesso à outra realidade, o teatro.

Nietzsche

Nietzsche define a mentira e a verdade. Ele diz que O mentiroso utiliza as designações válidas, as palavras, para fazer com que o irreal pareça real. Ele diz, por exemplo, “Sou rico”, quando a designação correta seria precisamente a palavra “pobre”. Faz mau uso das convenções estabelecidas através de trocas arbitrárias ou até inversões de nomes, feitas a seu bel-prazer. (1) Para Nietzsche, a mentira dá-nos acesso a outro mundo, o mundo artístico, um mundo de esperança, felicidade, etc. A mentira é uma aparência, porém agradável, que nos faz viver. A aparência faz parte da nossa vida. O filósofo entende como verdade: (…) as verdades são ilusões que foram esquecidas enquanto tais, metáforas que foram gastas e que ficaram esvaziadas do seu sentido, moedas que perderam o seu cunho e que agora são consideradas, não já como moedas, mas como metal. (1) Nietzsche explica como ser verdadeiro, isto é, utilizar as metáforas usuais, portanto, expresso de uma maneira moral da obrigação de mentir segundo uma convenção estabelecida, de mentir de um modo gregário, num estilo vinculativo para todos. Ora, é certo que o homem esquece que é isso que se passa com ele; ele mente do modo indicado, inconscientemente e segundo hábitos de séculos – e precisamente através dessa não consciência e através desse esquecimento ele atinge o sentido de ser verdadeiro.(1) Friedrich Nietzsche entende a verdade como sendo um ponto de vista. O filósofo não especifica nem aceita a definição da verdade, uma vez que não se pode alcançar uma certeza sobre a realidade do oposto da mentira.

A meu ver, a verdade vai muito para além da teoria de Nietzsche. A verdade é contar os factos tais como aconteceram, sem adulteração da realidade, sem que a imaginação acrescente pormenores. É verdade que a verdade pode magoar e a distorção da verdade, ou seja, o uso da arte da dissimulação pode minimizar o sofrimento das pessoas envolvidas. No entanto, a arte da dissimulação é utilizada de maneira a diminuir a dor dos indivíduos na sociedade. Trata-se apenas de uma desculpa para modificar a verdade/realidade, para nos protegermos do modo como a sociedade nos vê quando nos pronunciamos acerca daquilo que,para nós, é verdade. Parece-me que a teoria de Nietzsche é extremamente convincente, uma vez que nos dá uma ideia liberal, i.e., dá-nos uma ideia de que a experiência da vida em sociedade se realiza, se cada indivíduo respeitar a perspectiva do outro e que todos os indivíduos procurem sempre a verdade, tentando evitar a todo custo a dissimulação.

Na minha opinião, no domínio das artes, cada pessoa tem uma perspectiva diferente sobre uma determinada peça. Para alguns, pode ser a peça mais bonita do mundo e para outros pode ser a peça mais simples de todas. Porém, nas ciências exatas, por exemplo, nomeadamente na matemática, sabemos que “9 x 9 é 81”. Não há dúvidas relativamente a este facto. Podemos fazer esta conta as vezes que forem necessárias, que o resultado será sempre o mesmo. Se alguém fizer esta operação matemática e obtiver um resultado diferente, então esse resultado estará errado e isto não depende das perspectivas. Esta é uma verdade científica e é universal. Existem casos em que não há várias perspectivas sobre um determinado assunto, existe apenas uma verdade universal e comprovada. Se a perspectiva de todas as pessoas é diferente, logo ninguém tem acesso à realidade.

Platão diz que a verdade é racional. Nietzsche diz que a verdade e a mentira estão misturadas, e isto nos faz viver, faz parte da nossa vida. Isto não faz mal nenhum. É aí que está o encanto da vida. A vida é-nos apresentada, basta vivermos. Nós estamos permanentemente a recorrer à mentira, uma vez que não temos total acesso à realidade.

Nietzsche crê que o ser humano anseia pela verdade, não para tornar-se melhor, mas por medo dos resultados negativos. Se no mundo nos quiséssemos prejudicar uns aos outros, como seria mantida a paz na sociedade? Por outras palavras, a verdade é extremamente necessária. Como podemos observar durante toda a história da Humanidade, surgem personalidades obscuras como Adolf Hitler, Getúlio Vargas, Muammar Al-Gaddaf, etc., que utilizam a dissimulação para iludir pessoas e cometer crimes horríveis.

Outro exemplo bem presente nas nossas vidas é a preferência  por telenovelas. Geralmente,  abundam em clichés quando mostram a vida das diferentes classes sociais. Grande parte do público que assistem às telenovelas desconhece o modo como vivem as pessoas de outras camadas sociais.  A partir das telenovelas, contactam com o modo de vida de outras classes sociais. Em resumo, não têm acesso total à realidade mas sim sobre uma perspectiva.  Geralmente trata-se de uma perspectiva errada e estereotipada.

Um texto que, apesar de ter sido escrito há muitos anos precisamente por Platão, continua a ter uma validade intemporal sobre este tema é a Alegoria da Caverna. A Alegoria da Caverna é uma metáfora sobre a vida humana. Para Platão existem dois mundos: o Inteligível, da realidade, onde podemos ascender; e o Sensível, das aparências, onde vivemos. Platão diz que quando os homens da caverna entram em contacto com a luz e os objetos reais, ou seja, com a realidade, são incapazes de os ver, por  não estarem acostumados à luz mas sim à escuridão (salientando que a luz representa a sabedoria e conhecimento da realidade, e a escuridão representa as aparências). Seguidamente, diz que o homem não crê no que vê e a escuridão e as sombras parecem-lhe mais reais. O autor também afirma que é muito difícil para o homem olhar para estes objetos na escuridão, onde é mais confortável. Após algum tempo e uma dura adaptação, o homem consegue viver com a luz. O homem da caverna não fica maravilhado com a luz e não mostra gratidão a quem o ajudou a encontrá-la. No começo, o homem protesta e mais tarde, esclarecido quanto à realidade, o homem dá valor e entende que toda a difícil adaptação à realidade é compensada.

Se refletirmos um pouco, concluímos que geralmente somos contra tudo o que é novo. As teorias do Heliocentrismo e do Geocentrismo são disso um exemplo. Antes de Galileu ter comprovado o Heliocentrismo, a teoria que era tida como verdadeira era a teoria de Ptolomeu, o Geocentrismo.  Este astrónomo, matemático e geógrafo dizia que a Terra estava imóvel, no centro do Universo, e os restantes planetas giravam à sua volta. Entretanto, Copérnico apresentou uma revolucionária e nova teoria que mais tarde veio a ser comprovada por Galileu, o Heliocentrismo, que contradizia o Geocentrismo.  Galileu afirmava que não era a terra que estava no centro do Universo mas sim o Sol e que os restantes astros, juntamente com a Terra, faziam um movimento de translação em volta da terra.

Como Galileu defendia a teoria heliocentrica, teve alguns problemas com a Igreja, nomeadamente com o Santo Ofício, dado que a Igreja defendia a teoria do Geocentrismo. Galileu só não foi condenado à morte e à tortura pelo Santo Ofício, porque era amigo do Papa. No entanto, foi forçado a abdicar publicamente da sua teoria. Apesar de tudo, Galileu continuava a acreditar na sua tese. Os seus livros entraram para o Index (lista de livros proibidos/condenados pela Igreja, visto que contradiziam os princípios bíblicos). A teoria de Galileu contradizia a Igreja, poderia gerar dúvidas nos fiéis e isto poderia ameaçar o poderio da Igreja. Galileu conseguiu comprovar que o nosso planeta não está no centro do Universo, e é apenas um pequeno planeta. Só mais tarde, no séc. XX, o Papa reconheceu a teoria de Galileu.

Outro aspecto que está bem presente na nossa vida é a televisão. A  televisão pode ser um perigo para a percepção da realidade. Segundo Popper no seu livro Televisão: Um Perigo para a Democracia, as crianças são influenciadas e se adaptam aos diferentes meios com que se deparam. Assim, a sua evolução mental depende largamente do seu ambiente.(2) A televisão é um perigo para as crianças, uma vez que lhes rouba o tempo e as crianças têm muita dificuldade em distinguir a realidade da ficção, devido à compreensão limitada que possuem do mundo E assim são mais vulneráveis do que os adultos. (2) Os super-heróis não só influenciam o dia a dia das crianças como também são essenciais para a formação da personalidade de seu filho. É nessa relação da criança com os super-heróis que são plantadas as sementes de valores como ética, coragem, humildade, assim como também nos contos de fadas, onde os heróis são os mais humildes e bondosos, são os que aceitam enfrentar a perigosa tarefa que irá salvar o reino, o rei, o pai etc.” (in http://www.guiagratisbrasil.com/saiba-como-os-super-herois-influenciam-na-vida-das-criancas/) E se estes mesmos super-heróis pregam que só com a violência podemos vencer o mal? Qual será a lição que  estão a passar para as nossas crianças?  Quando assistem a cenas de violência, por exemplo, é provável que concluam à sua maneira que, é o mais forte quem tem razão. (2) As crianças têm dificuldade em perceber as mensagens mais subtis e com algumas técnicas como as mensagens subliminares, por exemplo, alguns produtores podem manipular o comportamento das crianças. Para solucionar este problema da televisão, Popper sugere que o Estado crie um órgão moderador para a produção dos programas televisivos e que quem trabalha na televisão seja portador de uma licença. Em caso de desrespeito pelas regras estabelecidas por este órgão,  seria retirada a licença. A licença só  seria entregue após uma formação e uma prova. O autor exemplifica o problema dizendo que em Inglaterra uma mulher quis castigar um ator que desempenhava o papel de criminoso. E casos como este estão se espalhando por todo o mundo. Esta pessoa, adulta, tem dificuldades em distinguir a realidade da ficção. Aliás, um dos objetivos da ficção em geral e de todos os géneros de ficção propostos na televisão é mostrar cenas tão vivas e reais quanto possível. (2)

Existe um grande risco das pessoas (tanto adultos como crianças) confundirem a realidade com a ficção e isto pode ter sérias consequências. Foi o que aconteceu com dois rapazes de 10 anos, em Liverpool. Eles sequestraram e mataram uma criança de dois anos, em 1993.  Na Grã–Bretanha e nos Estados Unidos, os criminosos confessaram que foram influenciados pelo que tinham assistido na televisão.

Em suma, muitas vezes mentimos sem saber pois não temos total acesso à realidade. A mentira inserida no contexto artístico, nomeadamente no teatro, tem um papel muito importante nas nossas vidas pois torna-a muito mais divertida. A mentira também pode ser usada para minimizar o sofrimento das outras pessoas, uma vez que a verdade por vezes é dolorosa. E, como diria Platão, muitas vezes é mais cómodo ficar na nossa caverna do que ser confrontado com a luz.  Será que isto é saudável?

Luiz Monteiro, 11º E

Fontes bibliográficas citadas:

(1) Sobre a Verdade e a Mentira no Sentido Extramoral – Nietzsche

(2) Televisão: Um Perigo para a DemocraciaKarl Popper

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Com o desejo  que os livros da nossa BE ganhem cada vez mais leitores, resolvemos desta vez dar primazia às obras de divulgação científica. Para tal, esta Estante ganhou honras de palestra (Ler… Ciência.. é um prazer), já anunciada anteriormente aqui no Bibli, não só com o objectivo de publicitar algumas obras disponíveis mas, de uma maneira mais geral, despertar nos alunos da área de Ciências e Tecnologias do Ensino Secundário o gosto por essas leituras.

Assim, tivemos o professor César Pereira, coordenador do Departamento dessa área,  como leitor entusiasta e principal proponente das obras que nessa área a nossa BE tem adquirido nos últimos anos. O professor César falou brevemente de 11 obras por si seleccionadas, tentando demonstrar aos alunos como a sua leitura pode ser importante, mas também divertida, pois frequentemente propõe a explicação para fenómenos de um quotidiano muitas vezes misterioso que rodeia a nossa vida e a nossa história biológica e geológica.

Num segundo momento, o professor Miguel Almeida, convidado na qualidade de autor, também se referiu a diversas obras que considerava marcantes e assumiu ser igualmente um leitor atento dessa área, pois para ele é evidente que uma das motivações e inspirações de quem escreve é o prazer de ler e descobrir o que os outros escrevem.

Porém, a sua comunicação centrou-se essencialmente na apresentação da sua obra Um Planeta Ameçado, em que diagnostica a situação do precário equilíbrio ecológico em que se encontra a “nossa casa comum” e preconiza as soluções urgentes e possíveis para a nossa sobrevivência como espécie, advogando simultaneamente um papel mais relevante do saber técnico-científico para a decisão política em todos os níveis do poder, assim como,  complementarmente, uma ética associada à ciência que lhe permita ter sempre como objectivo o bem estar do ser humano.

Finalmente, reiteramos aqui o desafio que já lançámos no início da palestra aos alunos presentes e a todas as turmas desta área do Secundário para a escrita de um pequeno ensaio sobre uma das 12 obras comentadas, sendo os dois melhores premiados com um exemplar de uma delas.

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A minha posição em relação a este tema é que o Homem não tem sequer o direito de fazer o que actualmente faz à natureza. Não tem o direito de a transformar do modo como está fazendo, isto é, transformá-la do modo que lhe convém, porque, ao fazê-lo, está a prejudicar também todos os habitantes terrestres.

O homem, ao degradar a natureza, está também a destruir o seu próprio habitat. Se virmos bem, nenhum animal não-humano tem esse comportamento porque isso seria terminar, conscientemente, com a actual geração, bem como com as gerações seguintes e, consequentemente, com a sua própria espécie.

É isso que o Homem realmente faz, usando a sua inteligência contra si próprio e não a seu proveito a longo prazo. Os animais não-racionais são assim bastante mais avançados que o Homem, animal racional, neste campo.

Mas, o pior de tudo, é que quando o Homem polui ou degrada a natureza, não está somente a destruir a sua espécie, mas está também a destruir todas as outras espécies terrestres.

Quando o Homem começou a habitar o planeta Terra, já existiam milhares de espécies  há milhares de anos. O Homem não pode pensar que tem o controlo do mundo e fazer o que quiser com ele, pois o Homem, sejamos sinceros, tem um papel bastante irrelevante para a natureza e para o planeta Terra. Ele está no topo da cadeia alimentar e, se por alguma razão, deixar de existir, não irá provocar grande alteração no ecossistema terrestre, pois não desempenha nenhuma função vital para a natureza e para o planeta, como é, por exemplo, o caso das plantas, que regeneram o ar que respiramos, ou as minhocas que degradam a matéria debaixo da terra contribuindo para o ciclo da vida.

Os seres humanos têm assim que reter na consciência que não é o mundo que depende do Homem, mas é o Homem que está dependente do mundo, só assim ele conseguirá mudar as suas acções deprimentes e degradantes para com a natureza.

Gonçalo Mordido, 11º B

Hoje em dia testemunhamos uma grande mudança na natureza, devido à acção humana. É inquestionável que o Homem sempre tende a desvendar o desconhecido, a promover o desenvolvimento tanto intelecual como tecnológico. No entanto, o Homem, para tal, não reflecte nas consequências que, na minha opinião, são desastrosas tanto para si próprio como para o meio ambiente. Será então correcto o Homem transformar ou modificar o rumo da natureza? Julgo que não, pois sendo o Homem parte integrante da natureza, não tem o direito de a alterar.

O Homem é um ser imperfeito com muitos defeitos e,como a sociedade é constituída por humanos, é inevitável que a sociedade seja também imperfeita e desequilibrada. A meu ver, o Homem é egoísta e egocêntrico, não tendo em consideração o que o rodeia, sendo a ignorância ambiental um dos seus piores defeitos. Digo isto porque o meio ambiente é a razão da nossa sobrevivência e o Homem, como não se apercebe disso, altera-o a fim de satisfazer as suas necessidades. Mas que adianta dar mais importância à tecnologia do que ao ambiente? Obviamente nada, pois sem o ambiente em boas condições, estamos a pôr em risco a nossa sobrevivência.

Outro exemplo da interferência humana na natureza é a clonagem, envolvendo questões morais como o carácter individual e a personalidade. Penso que este facto é crucial, arriscando-se a provocar um grande desequilíbrio, pois pode modificar o carácter do Homem por completo. Digo isto porque este progresso científico, não só afasta mais o Homem da verdadeira realidade (penso que vive numa espécie de “fantasia antropocêntrica”) como também o torna num verdadeiro “robô”, pois, numa  perspectiva radicalmente pessimista, a personalidade individual desaparecerá.

Será então este progresso moralmente aceitável ou correcto? Claramente não, já que interfere na natureza do Homem, no sentido da sua existência.

Em suma, queria acrescentar que chegou a altura de haver uma mudança na mentalidade do Homem, chegou a altura de reflectir nas potenciais consequências antes de agir. É a única maneira de sobrevivermos, de nos salvarmos, e também de possibilitar uma melhor e mais justa sociedade.

Filipe Hanson, 11º B

Imagens: daqui, daqui, daqui, daqui, daqui e daqui

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Reconhece algumas das “caras” do mosaico? Provavelmente não através da revista homónima, embora seja muito provavel que já tenha lido algumas obras cujos autores aqui representados escreveram.

Trata-se de uma selecção editada pela revista Ler no artigo Os 50 autores mais influentes do séc. XX e o que aprendemos (ou devíamos ter aprendido) com eles, da autoria de José Mário Silva.

Como em todas as listas, o critério selectivo é  discutível, sendo nesta a palavra chave “influência” e tomando-se “autores” no sentido lato, dado que engloba cientistas, filósofos, prémios Nobel da literatura  e escritores de best-sellers ligeiros, mas de grande sucesso comercial.

Ideal para quem gosta de sínteses de cultura geral durante o despreocupado ritmo das férias,  o artigo pode ser acedido aqui.

Fonte: blogue RBE/Revista Ler

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