O Rei Leão (original: The Lion King; realizadores: Roger Allers e Rob Minkoff; distribuidor: Walt Diney, E.U.A. ,1994)
Após me ter sido proposto escrever sobre o filme da minha vida, e garanto-vos desde já que é uma grande responsabilidade, tive que aceitar este desafio que durante muitas horas me deixou a pensar sobre que filme deveria escolher. Isto porque é díficil selecionar um filme entre vários que me deixaram a refletir sobre inúmeras questões, que despertaram diversas emoções desde o choro às mais espontâneas gargalhadas, que me ensinaram lições e que, acima de tudo, me marcaram.
Foi díficil escolher um filme tendo em conta também o facto de que a minha vida nem vai a meio e possivelmente ainda poderei assistir a um filme que me marque para toda a vida e esse sim se torne o intitulado “filme da minha vida”.
Entretanto, e avançando para o que realmente interessa, acabei por fazer a minha escolha que se inclinou para um filme que me acompanhou toda a minha infância, isto é, dos meus cinco aos onze/doze anos mais ou menos. Um filme que ainda hoje me traz tão boas memórias, um filme do qual eu sei todas as falas de cor e, mesmo nos dias de hoje, consigo ver vezes sem conta e nunca me fartar. E esse filme é “O Rei Leão” da Disney.
Provavelmente muita gente iria questionar o porquê de ter escolhido um filme de desenhos animados e, além disso, iriam inclusive perguntar como posso considerar um filme de “bonecos” o filme da minha vida. Mas quanto a isso, eu posso responder de forma muito clara: sim, é de facto, um filme de desenhos animados, um filme direcionado especialmente para crianças. Porém, não se trata apenas e somente de um filme de animação e entretenimento. Se prestarmos atenção, este tipo de filmes são os que melhor passam as mensagens, bem como as lições de moral. São os que de forma não tão evidente (pelo menos até certa idade), nos fazem perceber como certos aspetos na vida funcionam. Foi o que aconteceu com este filme da Walt Disney.
O filme “Rei Leão” (irei focar-me no primeiro filme, embora tenha adorado também o segundo) foi e é um filme que, como já tinha referido, me ensinou algumas coisas que eu fui percebendo melhor à medida que fui crescendo e amadurecendo, e que ainda hoje me faz esboçar um sorriso, por um lado, de nostalgia, por outro, das boas recordações que tenho em mim.
A história do filme foca-se em Simba, filho de Mufasa, que muito cedo morre vítima do seu irmão Scar. Scar mata Mufasa, pois quer alcançar o poder do irmão e, depois da morte dele, obriga Simba a fugir da terra, culpando-o da morte de seu pai. Simba, que ainda era uma criança na altura, ouvindo tais palavras, não hesitou em fugir. Porém, ele não sabia que um grupo de hienas comandadas por Scar iriam atrás dele na tentativa de o matar para que não houvesse herdeiro do trono e Scar subisse definitivamente ao poder. Entretanto, Simba consegue escapar e conhece Timon e Pumba que se tornariam os seus companheiros para a vida. Com eles cresceu, sarou as feridas, aprendeu os hábitos de vida dos companheiros e foi em busca da sua própria felicidade.
Certa tarde, uma velha amiga de infância de Simba vai à caça e tenta capturar Timon e Pumba. Todavia, quando Simba sente a presença da leoa, lança-se para cima dela para a impedir de atacar os amigos. Eis que Nala (essa mesma leoa, amiga de Simba) o reconhece e ambos festejam o reencontro depois de todo aquele tempo sem se verem. No entanto, rapidamente a felicidade dá lugar às interrogações de Nala, que o interpela sobre o seu desaparecimento, o confronta com o facto de todos na sua terra o julgarem morto e afirma que ele tem que regressar, pois as condições do seu habitat (que também já fora de Simba) eram miseráveis, e ele tinha que assumir o trono e expulsar Scar de lá. Contudo, Simba estava cada vez mais confuso e não suportava a ideia de voltar, afetado ainda pelo sentimento de culpa em relação à morte do pai.
Após uma longa discussão com Nala, Simba decide caminhar à noite para refletir e chega a evocar o nome do pai através das estrelas, questionando porque é que ele o tinha deixado sozinho quando lhe tinha prometido que sempre estaria lá para ele. Lembro-me que esta foi a cena que mais me marcou em todo o filme, tendo até me escapado algumas lágrimas. Aparece um babuíno, chamado Rafiki, que conhecia Mufasa e soubera de toda a história. Ele surge e aconselha Simba, dizendo-lhe as seguintes palavras: “O passado pode doer, mas quanto a isso só há duas coisas a fazer: fugir dele ou aprender com ele.” É nesta cena que Simba fica decidido a voltar para sua terra natal, enfrentando o passado e lutando pelo trono.
Quando lá chega, todos os parentes, inclusive a mãe e conhecidos de Mufasa, ficam surpreendidos ao ver Simba que julgavam morto mas, evidentemente, ficam contentes com o seu regresso. Simba pensa num plano juntamente com Timon e Pumba para poder chegar até Scar e confrontá-lo. É nesse confronto que vem a surgir a verdade e Scar admite que fora ele quem matara Mufasa. Depois de uma grande luta, Scar acaba por ser alvo das próprias aliadas (hienas) que o devoram quando este cai de um precipício.
No final, Simba assume o trono e passado algum tempo, vem ao mundo a sua filha e de Nala, a quem deram o nome de Kiara e que viria a ser a protagonista do segundo filme.
Tenho a certeza que fui apenas uma das muitas crianças que se apaixonou por este filme. Recordo-me de episódios em que punha a cassete do filme – sim porque, nessa altura, ainda eram usadas cassetes antes de surgirem os DVD’s que hoje conhecemos – e mal o filme iniciava punha-me logo a cantar o tema inicial do filme desde o início ao fim. Também me lembro de saber todas as falas de cor (e ainda hoje sei) e recordo-me também de me pôr de gatas no meio do chão e imitar todas as cenas do filme como se eu mesma fosse a protagonista. A inocência e imaginação de uma criança são fantásticas, não é?
Outra coisa que me fascina neste filme (e que acontece com grande parte dos filmes da Disney) é, sem dúvida, a banda sonora. Quando somos mais novos não ligamos tanto ao significado das músicas, prestamos mais atenção ao ritmo, por exemplo. No entanto, agora que mais crescida, sempre que vou ouvir alguma música do filme interpreto o seu verdadeiro significado e consigo até indentificar-me com ela mesmo passado todos estes anos. Existe uma, que toda a gente conhece que se chama “Hakuna Matata” e que fala sobre deixar o passado atrás das costas e viver o presente, que é uma das mensagens que o filme passa a quem o vê e foi algo que eu aprendi com ele. Aprendi, também, que é preciso acreditar em nós e enfrentar as situações, pois fugir delas é estar a fugir de nós mesmos. Precisamos aprender com o passado, com os erros, e lutar para que no presente e no futuro tudo fique bem.
Para além destes aspetos, o filme também retrata o facto de estarmos rodeados de ganância, mas devemos ser superiores a toda essa ganância e mesmo inveja e não deixarmos de ser fiéis a nós mesmos, não deixar que essas pessoas nos tirem isso.
Este, certamente, será um filme que me acompanhará para toda a vida. Sempre que assistir ao “Rei Leão”, vou-me sentir criança outra vez, como se viajasse numa máquina do tempo. São incríveis as sensações e o impacto que um filme pode ter em nós. Farei questão, se possível, de um dia mostrar o filme aos meus filhos e partilhar com eles algo que acabou por fazer parte de mim e da minha vida.
Já vi muitos filmes, de todos os géneros: ficção científica, ação, suspense, drama, animação, comédia, romance, um ou outro histórico… E claro que alguns deles também estão na minha lista de filmes favoritos, contudo não me arrependo desta escolha que fiz e hei-de sempre considerar o “Rei Leão” um dos filmes da minha vida.
Sandra F. Matoso, 11ºE
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