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Posts Tagged ‘Museu’

 

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No dia 29 de Novembro de 2016, realizámos uma visita de estudo ao Museu de Arte Contemporânea do Chiado no âmbito do estudo das vanguardas modernistas. Nesta exposição vimos então quadros que representavam as vanguardas e neovanguardas na arte portuguesa nos séculos XX e XXI. Foi assim possível observar o que caracterizou a época do modernismo na arte em Portugal. De variados quadros de imensos artistas portugueses prestigiados, como Almada Negreiros, Mário Eloy, Amadeo de Souza-Cardoso, ou Mário Cesariny, escolhi, para aprofundar a pesquisa, “Cabeça” de Santa-Rita.

santa-ritaGuilherme Santa-Rita, nascido em 1889 na cidade de Lisboa, recebeu uma bolsa para estudar em Paris em 1910, após formar-se na Escola das Belas Artes, voltando apenas ao seu país em 1914, devido ao inicio da 1ª Guerra Mundial. Tendo-se inspirado nas exposições de pintores futuristas italianos em galerias que vira na França, trouxe consigo para Portugal ideias futuristas que acabariam por torná-lo num dos introdutores do futurismo no nosso país, junto com Mário de Sá-Carneiro. Participou nas revistas Orpheu e Portugal Futurista, sendo a sua pintura “Orpheu nos Infernos”, representada nesta última. No entanto, curiosamente, Santa-Rita nas portas da morte, vítima da tuberculose, fez um último desejo, indicando à sua família que destruísse toda a sua obra. A família assim o fez, sendo assim, muito difícil delinear o percurso artístico do pintor durante a sua estadia em França e mesmo após esta. As únicas pinturas que “sobreviveram” foram, então, “Cabeça”, “Orpheu nos Infernos” e alguns trabalhos que este tinha realizado durante o tempo que estudou Belas-Artes em Lisboa.408px-guilherme_de_santa-rita_001

A pintura “Cabeça”, realizada em 1910 e possivelmente inspirada nas máscaras africanas, encaixa-se, então, na primeira fase do modernismo português com influências do futurismo nas linhas curvas que conferem dinamismo e nas cores metalizadas reforçando o carácter maquinista da figura e características cubistas, mais especificamente cubismo analítico, nas formas decompostas de uma cabeça e de um violino. Este óleo sobre tela, para além de ser conhecido por ser uma mistura entre Cubismo e Futurismo (cubo-futurista), revela, ainda, mistério pelo facto de estar inacabado. Isto comprova-se com uma atenta observação ao fundo da pintura, onde se nota que apenas o canto superior esquerdo e pouco mais, se encontra pintado com um tom acinzentado. O resto do plano do fundo não está pintado, sendo possível observar a superfície da tela onde Santa-Rita realizou esta obra. Contudo, esta não deixa de ser uma bela obra e um grande símbolo do primeiro modernismo em Portugal.

Magda Farinho, 12º E

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No dia 29 de novembro de 2016, no âmbito da disciplina de História A, as turmas de décimo segundo ano do curso de Línguas e Humanidades realizaram uma visita de estudo ao Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, onde puderam observar in loco várias das obras estudadas no que diz respeito à temática das tendências culturais vanguardistas em Portugal, que se distinguiram em dois momentos particulares: o primeiro modernismo (entre 1911 e 1918) e o segundo modernismo (decorrido nos anos 20 e 30).

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 Menino e Varina, Mário Eloy, 1928

Entre as várias obras de artes visualizadas e brevemente analisadas ao longo da exposição, destaco o “Menino e Varina” de Mário Eloy, um dos mais relevantes representantes do Modernismo português, conhecido por ser um irreverente autodidata e cuja vida e obra foi marcada pelas suas várias viagens ao estrangeiro (teve até contacto com o centro cultural europeu, Paris, que lhe deu acesso a um meio socialmente elitista, permitindo-lhe aprofundar conhecimentos e abrindo-lhe portas a uma carreira artística mais convencional). Apesar de ter tido também um percurso marcado pela sua instabilidade emocional e oscilações de humor – que o levou mesmo a destruir muitas das suas obras -, da sua carreira ter tido um fim prematuro e uma curta duração devido à doença de que padecia causar-lhe um progressivo descontrolo motor e demência, e de ter ainda perdido um grupo de cerca de trinta pinturas que deixara na Alemanha no decorrer da II Guerra Mundial, deixou como legado um conjunto de quatrocentas peças, entre as quais se encontram desenhos e pinturas de sua autoria.

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Mário Eloy, autorretrato

Relativamente a esta obra, “Menino e Varina”, tem como técnica o óleo sobre tela, uma altura de quarenta e nove centímetros e largura de quarenta e três centímetros como dimensões, e foi executada em Lisboa no ano de 1928, tendo sido exposta pela primeira vez nesse mesmo ano.

Tendo em conta estes dados e numa primeira observação da pintura, entende-se uma evidente influência das frequentes viagens que fazia à cidade de Lisboa, onde sob a perspetiva do movimento expressionista que lhe é dado a conhecer em Berlim e que marca as suas obras no período entre 1927 e 1929, Eloy interpreta situações da vida quotidiana tradicional, representando assim paisagens urbanas, retratos ou modelos tipicamente lisboetas, entre os quais o fadista e a varina, para exemplificar.

Deste modo, constatamos nesta cena que Mário Eloy estrutura uma composição onde o primeiro plano é ocupado pela figura desproporcionada e monumental de uma varina, uma vendedora ambulante de peixe que leva o um cesto sobre a sua cabeça e cujo corpo ocupa quase a totalidade da tela, parecendo mesmo estar a trespassá-la pelo modo como o seu braço esquerdo levantado está cortado pelos limites superiores do quadro. O seu rosto, que apresenta formas distorcidas onde se distinguem uma boca entreaberta e grandes olhos, é pintado com uma pincelada grosseira e larga, num cromatismo agressivo que conjuga tons negros, verdes e ocres, que remetem para o Expressionismo.

Partilhando com a varina o primeiro plano mas numa escala desajustada está o seu filho – também ele deformado – que tem pelo joelho e que carrega nos seus braços um único peixe, dando a sensação que acompanha o movimento do corpo da mulher no sentido diagonal.

Por sua vez, no plano de fundo da obra é possível visualizar-se uma paisagem, na qual o mar e a areia da praia mal se distinguem, destacando-se uma casa de pescadores deformada à esquerda, e dois barcos no lado que se lhe opõe, à frente dos quais se veem duas outras mulheres despidas, carregando na cabeça o que pode ser interpretado como cestos de carvão ou de peixe.

Conclui-se que todos os elementos distintivos deste quadro evidenciam a visão subjetiva de Mário Eloy face a esta realidade, assim como demonstram também o expressionismo alemão que conheceu na cidade de Berlim e de cuja intensidade se veio afastar numa fase posterior no início dos Anos 30.

Ana Leitão, 12ºE

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Neste ano em que se celebram os 8 séculos da língua portuguesa aqui fica uma sugestão de um canal YouTube, uma lista de reprodução gerida por Carlos Alberto Didier, dedicado à língua portuguesa e à literatura da lusofonia. Nesta compilação de 175 documentos audiovisuais incluem-se documentários sobre grandes clássicos da literatura portuguesa (muitos deles curriculares, de Camões a Saramago), assim como de outros países da lusofonia, numa variedade de originais lidos e declamados, documentários e entrevistas – sem dúvida um espólio muito interessante quer para fins letivos, quer para  simples amantes desta nossa pátria-língua.

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A Google fez parcerias com centenas de museus, instituições culturais e arquivos para hospedar os tesouros culturais do mundo online. […] Assim, no Google Cultural Institute pode encontrar obras de arte, marcos históricos e locais de património mundial, assim como exposições digitais que contam as histórias por detrás dos arquivos de instituições culturais em todo o mundo.

O Google Cultural Institute envolve diversos projetos:

– O Art Project em que Museus de grande e pequena dimensão, clássicos e modernos, reconhecidos mundialmente e de base comunitária, de mais de 40 países contribuíram com mais de 40 000 imagens em alta resolução de obras, que vão desde o óleo sobre tela até à escultura e ao mobiliário. Alguns quadros estão disponíveis em formato “gigapixel”, permitindo-lhe ampliar até a pincelada ser visível, de forma a examinar detalhes incríveis. Utilize o Google Street View para explorar o interior de monumentos como o Palácio de Versalhes e A Casa Branca.

– O projeto Maravilhas do Mundo que coloca online os locais de património mundial modernos e antigos, utilizando o Street View, a modelação 3D e outras tecnologias da Google. Explore locais históricos como se estivesse lá, incluindo o Stonehenge, as áreas arqueológicas de Pompeia e a Grande Barreira de Corais

– O projeto Momentos Históricos onde se podem descobrir exposições online sobre os grandes acontecimentos que marcaram a História da humanidade. Cada exposição conta uma história através de documentos, fotos, vídeos e, por vezes, relatos pessoais de eventos.

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 Guimarães (vista de 360º) no Projeto Maravilhas do Mundo – clique para aceder

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Museu Coleção Berardo (CCB) – no Art Project – clique para aceder

Nota do editor: os excertos em itálico foram retirados de Google Cultural Institute

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A decorrer este ano a 27 de Setembro, a Noite Europeia dos Investigadores (NEI) permite a cientistas e público geral conviverem num ambiente descontraído. A troca de ideias e experiências que a NEI proporciona pretende contribuir para a construção de uma imagem mais saudável dos investigadores junto do público e demonstrar que, afinal, a ciência não é tão complicada quanto se julga.

A primeira edição da NEI data de 2005. A Comissão Europeia, no âmbito do 7º Programa-Quadro para a Investigação e Desenvolvimento, promove e financia esta iniciativa, que ocorre no mesmo dia em diversos países europeus e Israel. Através da realização de atividades que constituem uma boa alternativa ao típico programa de noite de sexta-feira, procura-se criar um ambiente propício à interação entre a comunidade científica e o público, sejam jovens com interesse em seguir uma carreira na área, crianças e adultos curiosos, professores que procuram dinamizar as suas aulas, ou qualquer outra pessoa em busca de uma noite diferente.

Se nunca participou na NEI, 2013 é a oportunidade perfeita para explorar o seu lado racional e conhecer um pouco melhor os cientistas que trabalham para melhorar a sua qualidade de vida.

A NEI 2013, à semelhança de anos anteriores, assume-se como intermediária entre a comunidade científica e o público e é de entrada livre. Este ano, poderá ir além da possibilidade de falar com investigadores e conhecer o seu trabalho, vida, anseios e paixões. O Futuro em 2020 é o tema central e, através das várias atividades que temos preparadas para si, poderá antever o mundo que o espera dentro de sete anos. Vai perder esta oportunidade?

in nei2013.eu

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IMD_portugues

Saiba mais em:
Património.pt
IGESPAR

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Apesar da ideia de Museu ter estado frequentemente  associada a “local onde se preservam coisas velhas e inúteis, ultrapassadas pela velocidade evolutiva das ideias, da tecnologia”, a sua etimologia remonta a Museion, o Templo das Musas, deusas da antiguidade que inspiravam e patrocinavam as artes e a ciência – a excelência do génio humano.

Hoje em dia, porém, Museu recuperou um pouco o seu sentido original e, em vez de nos depararmos com colecções estáticas (como se alguma vez o génio humano o pudesse ser…) de objectos antigos, catalogados minuciosamente, surpreendemo-nos com a experiência dinâmica e interactiva que proporcionam ao visitante pois, além de preservarem registos importantes da acção humana, são em si mesmos mostras lúdicas, científicas e estéticas do melhor que o homem faz – assim, só alguém digno de figurar num desses velhos e bafientos museus continuará convencido de que não passam de locais elitistas e aborrecidos.

Dia 18 a entrada é gratuita entre as 10:00 e as 18:00 – aproveite a efeméride e o programa.

Fernando Rebelo

cartaz daqui

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Desde o início do mês que é possível através do site Art Project (promovido pelo Google) visitar museus como a Tate Gallery, o Hermitage, a National Gallery, os Uffizi de Florença, o Museu Metropolitano de Nove Iorque, entre tantos outros. O site tanto permite a vista de cada obra de arte em particular (com qualidade de alta resolução na ampliação de pormenores e informação adicional audivisual), como uma visita virtual ao espaço de cada museu. A não perder para quem gosta de arte… e não pode deslocar-se pessoalmente a todos esses espaços.

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Ver a animação original de 1894, reproduzida nesta recriação: aqui

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No passado dia nove de Fevereiro, visitámos o Museu da Electricidade com o principal objectivo de aumentar o conhecimento acerca dos recursos energéticos, matéria que estava a ser leccionada. Ficámos a saber que o Museu da Electricidade, também conhecido como Central Tejo, começou a ser construído em 1913 com o objectivo de fornecer energia eléctrica à cidade de Lisboa. Apesar de nos dias de hoje não ter um papel tão importante na sociedade como tinha há cem anos atrás, este museu proporciona uma oportunidade de ‘revivermos’ o funcionamento desta antiga central termoeléctrica, que tinha como protagonista no seu funcionamento o carvão.

Nos dias de hoje, existem várias fontes de energia capazes de produzir electricidade, algumas delas são as chamadas Energias Renováveis que, tal como o nome indica, são capazes de se regenerar e, portanto, são inesgotáveis. Uma das principais energias utilizadas em Portugal, e no mundo, é a energia solar. Este tipo de energia provém do Sol e pode ser captada através de painéis fotovoltáicos. A energia geotérmica, proveniente do calor existente no centro da Terra, tem várias maneiras de ser captada, podendo ser transformada em energia eléctrica ou térmica. Outra é a energia hídrica, resultante da pressão da água, captada através de barragens e ou diques.

Todas estas Energias Renováveis têm tendência para evoluir no futuro, na medida em que, são uma fonte de energia mais barata, não prejudicam o ambiente, uma vez que não produzem dióxido de carbono ou outros gases com “efeito de estufa”, conferem autonomia energética ao país, visto que a sua utilização não depende da importação de combustíveis fósseis, que apenas existem em algumas regiões, e também permitem o desenvolvimento de determinadas regiões com menores acessos e população. Para que haja o perfeito equilíbrio entre a produção e o consumo é necessário que haja eficiência energética, ou seja, proporcionar o melhor consumo de água e energia, e introduzir instrumentos necessários para gerir tais recursos. Utilizar a iluminação apenas quando há necessidades específicas e a substituição de dispositivos de iluminação por outros mais eficientes são exemplos de medidas que, além de trazerem benefícios ao utilizador, visto que reduzem os custos, também são um benéfico para a sociedade, pois contribuem para um desenvolvimento sustentado. No entanto, é necessário ter alguns cuidados, como por exemplo, não abrir a janela quando o aquecimento está ligado. Reciclar, desligar completamente equipamentos electrónicos quando estes não forem necessários e aproveitar ao máximo a luz do sol, permitindo igualmente baixar o consumo de energia.

Através da visita ao Museu da Electricidade tivemos a oportunidade de verificar a importância das energias renováveis nos dias de hoje e também a importância que, na sua altura, esta fábrica teve para a sociedade portuguesa.

“ A protecção do clima, feita de maneira correcta, poderia na verdade reduzir os custos, não aumentá-los.”

Camila Guimarães,  10ºF

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Jane e Louise Wilson

O que me fez escolher Tempo suspenso (Suspending time), de Jane e Louise Wilson, exposição inaugural da nova direcção do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), para a rubrica do Bibliblog, “Morte da estética?” Sobram razões: a estreia de Isabel Carlos* à frente da programação do CAM, o facto de se tratar de uma dupla de artistas, as gémeas britânicas Jane e Louise Wilson (n. 1967) que trabalham e expõem juntas desde dos anos 90, a utilização de vídeos, filmes e fotografias, suportes definidores da arte contemporânea, o sugestivo nome da mostra, “Tempo suspenso”, as alusões históricas aos horrores do século…

Bunker

O que perpassa no enorme espaço que o público percorre, através de objectos tão heteróclitos, é o tempo: o tempo da história, da história dos homens e da história de vida, ou melhor, fragmentos destas histórias, aqui devolvidos pelas memórias, em tempo suspenso, de percursos interrompidos, inflectidos. É esse tempo, e a sua suspensão, que Jane e Louise tentam explorar. As memórias das tragédias do século XX (será que alguma vez as conseguiremos exorcizar?), da II Guerra Mundial ao Holocausto, à Guerra Fria, são as representações mais presentes na obra desta dupla. O seu trabalho assume assim o duplo carácter de documento e de denúncia.

Começa a exposição pelas gigantescas fotografias do que resta das fortificações que integraram a Muralha do Atlântico, estrutura defensiva construída pelos alemães na Normandia (Sealander, 2006); seguem-se as instalações vídeo Stasi City (1997), que nos mostram o interior das instalações da sinistra polícia secreta da RDA.

Em Unfolding The Aryan Papers, a obra mais recente da dupla, reencontramos o cineasta Stanley Kubrick, já desaparecido, através de material recolhido nos seus arquivos pessoais. Projectam-se imagens, guardadas por Kubrick, para um filme passado na II Guerra Mundial. O argumento era sobre uma família de judeus que se salvou forjando um “Ahnenpass”, documentos que atestavam a arianidade. Do arquivo Kubrick projectam-se também imagens originais dos guetos de Varsóvia e Cracóvia durante a guerra, e ainda testes da actriz escolhida para protagonista, Joahnna Steege, há 30 anos atrás. Alternando com estes, surgem ainda registos com depoimentos da actriz hoje em dia, sobre a brusca decisão então tomada por Kubrick, de desistir do filme (o tema causou-lhe uma depressão, a que não terá sido alheio o facto de ter perdido parte da família em Auschwitz, e também porque acabava de estrear a Lista de Schindler, de Spielberg, e, para os produtores, o êxito alcançado por este filme comprometia o sucesso do filme de Kubrick, uma vez que era sobre o mesmo tema) e da decepção que sentiu, pois esperava com este filme alcançar a fama, que, de facto, nunca veio a alcançar.

O tempo passado materializa-se também nas séries fotográficas Oddments (2008/09), na sequência de imagens de portas, ladeadas dos livros antigos e valiosos do célebre livreiro londrino, Maggs. Bros. Ldt, local de grande apreço do nosso rei bibliófilo, D. Manuel II, pois aqui passava longas horas, agora que o tempo em que deveria ser rei lhe tinha sido devolvido e se podia dedicar por inteiro à sua paixão.

Spiteful of Dream

O tempo suspenso, ainda que por minutos, é representado por uma experiência vivida pelas gémeas quando em 1993 estiveram no Porto, onde integraram uma exposição colectiva em Serralves. A série Hypnotic Suggestion 505 é o registo filmado da sessão de hipnose a que então se submeteram, às mãos de dois hipnotizadores, um inglês e um português; 505  era a frase que as restituiria ao estado vigilante.

Noutra sonora instalação vídeo (a introdução de som, música e ruídos quotidianos é outra das possibilidades da video-arte), Spiteful of Dream, 2008, ouvem-se conversas entre homens e mulheres num Centro Comunitário da Bósnia-Herzegovina, relatando experiências traumáticas como refugiados no Reino Unido, enquanto dentro de um gigantesco cubo de rede, um engenhosíssimo jogo de paralelepípedos espelhados reflecte imagens de turbinas em incessante movimento. O conjunto das imagem projectados sobre planos que as sequencializam, e a respectiva banda sonora, confere à instalação uma dimensão escultórica de grande efeito cénico.

Como fio condutor, e ponto de partida da exposição, surgem, pontuando todo o espaço, tanto em esculturas suspensas, como nas fotografias, ou ainda integradas nas instalações, réguas em madeira, com a obsoleta medida Yard (jarda), Yardsticks, testemunhos de um tempo que não volta mais, mas que simultaneamente vai dando a medida e as diferentes escalas de cada peça em exposição.

O sentido desta aparente dispersão (e não descrevi tudo) é dada por uma montagem clarificadora e também pela leitura do catálogo, que inclui uma esclarecedora entrevista às autoras sobre o seu percurso e sobre esta retrospectiva.

Filmes, vídeos, fotografias, arquitecturas e esculturas, fazem emergir as ruínas de um século e de vidas marcadas pela tragédia; a sua percepção (tridimensional), não deixa de ser vivida pelo visitante com alguma emoção, também estética.

* Isabel Carlos, 46 anos, licenciada em filosofia e mestre em comunicação social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, conseguiu uma projecção internacional notável, pertencendo aos júris internacionais das principais bienais de arte, Veneza e São Paulo, estando até agora a dirigir a bienal de Sarjah, nos Emiratos Árabes Unidos, posto que deixou para vir dirigir o CAM., tendo sido recentemente nomeada membro do júri do Turner Prize, um dos prémios de arte mais prestigiados do mundo.

Profª Cristina Teixeira

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Surpreendente – é o que se pode dizer da atribuição deste ano do Turner Prize, um dos mais importantes prémios de arte na actualidade. O britânico Richard Wright ganhou o Turner de 2009 preenchendo no limite as condições de candidatura, por causa dos seus 49 anos. O limite, abaixo dos 50 anos, reflecte a natureza do prémio, normalmente atribuído a obras e autores inovadores ou polémicos, como o de 1995 atribuído a Damien Hirst e à sua vaca embriagada, ou o de 1998 a Chris Ofili, com trabalhos que incorporavam esterco de elefante. Nada neste delicado mural, um fresco a folha douro, com contornos elaborados, que cobre as paredes da galeria, nos cria esse impacto, a que a arte contemporânea nos vem habituando. Uma certa monotonia deriva até dessa falta de desafio. No entanto, não nos iludamos: embora estejamos perante uma pintura aparentemente “bela” no sentido mais tradicional das belas-artes, ela só poderá ser vista até dia 3 de Janeiro, dia em que uma camada de tinta decidirá da sua destruição. É que o premiado é um artista do efémero, não tenciona que as suas obras lhe sobrevivam.

O efémero é o “tom de época” e, portanto, está presente também na arte contemporânea (da Land Arte, às performances, às instalações, aos happenings, à arte Urbana). Não é menos verdade que o homem se habituou a atribuir à arte a qualidade de captura da memória e do eterno, que a consciência da sua precaridade tanto o faz necessitar. Com que desvelo se guardam desde sempre fragmentos de pedra, de laca, de talha, de tela, que, por transportarem até nós a imortalidade impossível, são guardados quais relíquias em “templos”- os novos templos: os museus. Das pinturas de Richard Wright, no entanto, só restarão os registos. Mas será que o “fantasma da obra” equivale à obra original? Será a sua aura potenciada pela sua imaterialidade e precaridade? Tudo indica que sim. Diz o autor na sua entrevista à BBC: “A fragilidade dessa existência, [o facto de] estar aqui por um tão curto período de tempo, penso que intensifica a experiência de estar aqui”; confirma o jurí, que as pinturas de Wright “ganham vida quando são experimentadas pelos espectadores”. Mas Richard Wright diz também na mesma entrevista: “Estou interessado em colocar a pintura numa situação em que colida com o mundo”. O trabalho premiado (Untitled), que demorou cerca de 4 semanas a realizar, através de um processo que o autor considerou intenso, (a obra tem um processo complexo de produção porque a parede é pintada à maneira dos frescos renascentistas, através de furos previamente feitos no suporte em que foi desenhado) “é também um desafio à sua comercialização”, acrescenta. Como lidará o portentoso mercado das artes, sempre tão exigente em termos de inovação, com esta pintura que vai deixar de existir? Wright não é, contudo, totalmente desprevenido: o seu galerista é dos mais famosos do mundoe existem alguns murais seus não com uma natureza menos “efémera”.

A posição desafiadora de Richard Wright face ao mercado e face à imortalidade, assim como o regresso da pintura, do formalismo, da perícia, do belo, não deixam de dar a esta atribuição um tom “refrescante”.

Profª Cristina Teixeira

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