Os seguintes trabalhos resultam de um DAC, envolvendo as disciplinas de Português (Rosa Silva) e Educação Visual (Ana Guerreiro) e os alunos do 9ºA e C, que ilustraram algumas partes dos livros que leram, relacionados com o texto narrativo.
Archive for Maio, 2022
Diário Gráfico (74) – ilustração de texto narrativo – 9ºA e C
Posted in Diário Gráfico, tagged DAC, Desenho, Ilustração, Interdisciplinaridade, Ler, Literatura, Narrativa on 30/05/2022| Leave a Comment »
“A Trégua”, de Primo Levi – uma apreciação crítica de Rodrigo Souta
Posted in Os Livros da Minha Vida, tagged 2ª Guerra Mundial, Apreciação Crítica, Holocausto, Ler, Livros, Primo Levi on 17/05/2022| Leave a Comment »
Título: A Trégua
Título Original: La tregua (1963)
Editora: Dom Quixote
Páginas: 288
Tradutor: José Colaço Barreiros
Data Edição Portuguesa: Outubro 2017 (1ª Edição nas Publicações Dom Quixote, 4ª edição da tradução).
Género Literário: Memórias e Testemunhos
Foi uma das grandes testemunhas das atrocidades de que a humanidade é capaz. Os seus livros prendem página a página. Químico, resistente anti-fascista, Primo Levi é um dos mais consagrados e respeitados escritores italianos. Sobreviveu ao Holocausto alimentado pelo desejo de contar e testemunhar o que se passou nas décadas mais negras do século XX. O seu testemunho foi deixado em memoráveis livros. Destaco A Trégua, escrita originalmente em 1963, e editada entre nós com uma cuidada tradução de José Colaço Barreiros, pelas Publicações Dom Quixote em 2017.
A Trégua é uma memorável narrativa de uma história menos conhecida sobre a Segunda Guerra, que retrata o difícil regresso dos sobreviventes dos campos de concentração a casa, contada na primeira pessoa. É um diário de viagem rumo à liberdade através do leste europeu, que decorre em 1945, após a libertação do campo de concentração de Auschwitz pelo exército russo a 27 de janeiro, e a chegada do autor a Turim, a 19 de outubro do mesmo ano. Num relato marcado pela “dor do exílio, da casa longínqua”, Levi descreve as cidades por onde passou e as pessoas com quem se cruzou com uma linguagem clara e com detalhe cinematográfico. A obra compõe-se de relatos cortantes, como a descrição arrepiante da criança nascida em Auschwitz que morre em liberdade “sem nunca ter visto uma árvore”, ou as descrições sombrias dos países e cidades da Europa, como a Polónia, Lviv e Viena, destruídas pelos bombardeamentos, notáveis reflexões sobre os despojos da guerra. E é justamente a marca da guerra que percorre toda a obra. Mesmo após o regresso a casa, Levi continuou atormentado pelas dolorosas recordações e, numa descrição emocionante, termina A Trégua narrando o sonho que traz à memória a ordem do despertar em Auschwitz: “Wstawać”.
Primo Levi regressou de Auschwitz com uma memória povoada de penosas recordações e uma mão destinada a escrever. Escreveu sobre a miraculosa sobrevivência depois de Auschwitz e contou o seu regresso a casa no pós-guerra. Sendo um tocante relato do repatriamento dos sobreviventes dos campos de extermínio nazis, A Trégua é, na minha opinião, também um impressionante e admirável retrato, sempre atual, do que fica depois da guerra. É um dos livros mais marcantes que li. Recomendo vivamente esta leitura.
Rodrigo Souta, 10º D