8. O cérebro humano é como um computador: falso
Por mais que queiramos inventar um computador muito parecido com o cérebro humano, estamos longe de desenvolver uma “máquina” tão poderosa como o nosso cérebro. A metáfora do cérebro como um computador está cheia de equívocos. Vamos ver alguns deles:
Ao contrário dos computadores, que precisamos de ligar e desligar, o cérebro humano nunca se desliga. Quando estamos a dormir o nosso cérebro continua a funcionar ativamente. Mesmo em coma, a nossa consciência desaparece, mas continua a haver atividade cerebral.
Nos computadores, distinguimos facilmente o hardware do software, mas no cérebro humano, não é possível fazer a distinção entre equipamento e funcionamento, entre cérebro e atividade psíquica. O cérebro funciona como um todo, em que não há partições. Sabemos também que as atividades psíquicas, como a linguagem, o pensamento e a aprendizagem, modificam as estruturas nervosas que lhes servem de base.
O cérebro, ao contrário dos computadores, tem um elevado consumo de energia (glicose e oxigénio), mas dispensa quaisquer sistemas de refrigeração.
Também distintamente do computador, a velocidade de processamento da informação, pelo cérebro, não é fixa, é muito variável.
A memória humana não é um gravador. Ao contrário do que acontece com as memórias de um computador, a recuperação dos dados das nossas memórias é um processo falível. Como vimos num mito anterior, a nossa memória de acontecimentos é imprecisa e inexata, sujeita a ilusões, podendo mesmo ser induzidas falsas memórias. No computador, conseguimos saber a localização exata dos dados, o que no caso do cérebro humano se revela uma tarefa impossível. O nosso cérebro usa a memória endereçada por conteúdo e o processamento dos dados e a memória são feitos pelos mesmos componentes.
E qual será o espaço disponível para o armazenamento de informações no nosso cérebro? Afinal, se passarmos toda a nossa vida, sempre a aprender coisas novas, será que a nossa “memória interna” nunca se esgota? Apesar de o nosso cérebro possuir, provavelmente, um limite de armazenamento, ele é suficientemente grande para não termos de nos preocupar com ele.
O computador trabalha bem e muito rapidamente, mas não é nada inteligente. Hoje, os PCs são capazes de fazer cálculos e de trabalhar para nós de forma contínua, a uma velocidade assombrosa, sem queda de produtividade ou ameaça de aborrecimento ou cansaço. Mas por mais veloz e eficiente que seja, o computador está limitado a executar apenas as tarefas para as quais foi programado. Contrariamente, o cérebro é um órgão especializado em produzir soluções. Apesar de os computadores serem uma invenção do cérebro humano, é indiscutível que esses “cérebros” não são tão potentes ou inteligentes, como aqueles que temos na nossa caixa craniana.
Teresa Alves Soares
Psicóloga – SPO Escola Secundária Daniel Sampaio