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Archive for the ‘Texto & Pretexto’ Category

      Podia ser um Falcão, a velocidade dos céus, aquele que voa tão alto para depois mergulhar profundamente, desafiando as leis da gravidade. Aquele que pode atingir os 390 km/h e que ao mesmo tempo pode parar com a sua magnífica força. Seria eu, a mais veloz nos céus.

      Uma Andorinha, também podia ser. Voaria milhares de quilómetros e pelo mundo viajaria. Ficaria a conhecer tanto as praias de Sydney, na Austrália, como o Carnaval do Rio de Janeiro, no Brasil. De tanto viajar, conheceria melhor o mundo do que a mim mesma. Seria eu, a que mapeou todos os céus.

      Um Cão, podia também ser. Teria muito amor e um espaço acolhedor numa casa e no coração de uma família. Correria na praia com os meus donos, brincaria ao busca no quintal e aconchegar-me-ia ao lado deles no sofá, ocupando o melhor lugar. Iria obedecer-lhes, mas teria alguma noção de independência? Seria eu.

      A verdade é que poderia ser qualquer um e todos ao mesmo tempo. Escolher é um ato difícil. Talvez porque vemos um pouco de nós em cada opção, logo, descartá-la seria descartar uma parte de nós. Por isso fico-me por quem sou, humana. Afinal os humanos também são animais, certo? A diferença é que a maior parte de nós acha-se melhor que os outros animais.

      Seria eu Sou eu, a Sofia

Sofia Moita, 10ºD

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imagem selecionada pela autora daqui

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LER o Auto da Barca do Inferno 
Recri@r o Frade vicentino… ilustrar o Bem e o Mal
E  ESCREVER
 
Reflexões de um Frade arrependido

Há dias em que acordamos e percebemos que pecámos. Não só uma vez, mas durante toda a nossa vida. Há dias em que acordamos e apercebemo-nos dos nossos erros. Hoje é um desses dias.
Quando acordei, ao lado da Florença, no convento, pensei em tudo o que fiz. Realmente isto não é vida de padre, penso, refletindo uma vez mais na minha vida. Em vez de ajudar os outros e de viver uma vida simples, caí em tentação. Cedi aos
prazeres do mundo, continuo eu, refletindo. Logo eu que, afinal, deveria ser um exemplo a seguir, concluo com grande pesar. Será que ainda há volta a dar? Possivelmente, não. Se eu deixasse a Florença e a Corte, será que ainda me poderia redimir? Talvez. Desde que fosse mais humilde, é claro, relembro a mim mesmo. Bem, toda a gente merece uma segunda oportunidade. Além disso, eu apercebi-me dos meus pecados, mas será que foi a tempo? Vou tentar redimir-me.
Depois desta pequena reflexão, levanto-me da cama. E penso que, a partir de hoje, tudo será diferente. Diferente, mas para melhor.

Beatriz Matos, 9ª E

ilustração: Filipe Carreira,  9.º E

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O nosso poema

Eugénio de Andrade é o poeta responsável pela representação mais artista e lírica dos sentimentos de um ser em mudança, utilizando como intermediário o “Poema à mãe”. Ao longo da vida, todos crescemos e transformamo-nos em algo irreconhecível. Será isso mau?

14-2cm-16-1cm-Man-Freedom-Birds-Vinyl-Car-Sticker-Motorcycle-Black-Silver-S3-5853Na minha opinião, e na do poeta, a mudança faz parte do processo e é fundamental para que seja atingida a liberdade característica da vida adulta. No entanto, por vezes, a mudança é assustadora, principalmente para aqueles que nos viram crescer. Estas pessoas desejam-nos um futuro brilhante, mas não estão dispostas a deixar-nos voar.

Eugénio de Andrade viu na poesia a maneira mais subtil de transmitir tudo aquilo que sente em relação à “mãe”, responsável por o fazer refém do passado. Esta ferramenta revelou-se brilhante, no que toca a transmitir a mensagem sem que esta pareça um ataque. Por isso, este é “o nosso poema”. Este é o poema que qualquer um de nós irá um dia considerar usar. Tudo isto porque crescemos, e isso implica muito mais do que ficar maior.

As diversas metáforas utilizadas pelo poeta possibilitam a introdução dos mais diversos temas neste poema. Desde a sexualidade às mudanças intelectuais e psíquicas, o sujeito poético traz à tona um pouco de tudo aquilo por que passamos, e que desperta nas nossas “mães” um incompreensível desconforto.

Neste poema, é ainda destacado que estas mudanças não equivalem a rebeldia ou falta de amor. A mágoa que a incompreensão desperta em nós também não é consequência dos mesmos. Na verdade, trata-se de amor a mais. Se a incompreensão viesse de qualquer outra pessoa que não a nossa “mãe”, nós não ficaríamos descontentes. O que verdadeiramente nos marca é perceber que não somos percebidos. É constatar que não somos observados. É entender que, se calhar, falta esforço para que nos entendam.

Resta agradecer ao poeta por nos fornecer este trunfo. Tenho a certeza de que, apesar de tudo, nunca lhe faltou amor pela mãe. Esta carta, para mim, é uma prova disso.

Beatriz Augusto, 12ºB

Poema à mãe, de Eugénio de Andrade

imagem daqui

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Durante toda a nossa vida procuramos felicidade, e muitas vezes achamos que está associada ao amor. Mas o que é o amor? Aristóteles definia o amor como um sentimento vinculado à ideia de alegria, outros filósofos disseram que era um mistério inexplicável ou um presente de Deus. Alguns cientistas dizem que o amor faz parte de um processo de seleção natural com o objetivo de gerar descendentes. Uma coisa é certa: o amor é a maior inspiração de todas as formas de arte, quer seja a literatura, pintura ou até música.

Um dos maiores problemas em relação a este sentimento é a sua definição. Coletivamente todos achamos que temos uma ideia do que é o amor. Porém, ninguém se questiona sobre a existência desta emoção. Talvez seja por ser algo tão forte que não deixa margem para dúvidas, ou talvez por ser uma ilusão tão cega e maravilhosa que ninguém quer aceitar uma verdade cruel e dolorosa. Se este sentimento tão belo, aprazível e deslumbrante existe, como é que se explica tanta maldade no mundo? No caso de o amor existir, porque é que ainda há pessoas que optam pelo ódio? Talvez seja porque não existe uma escolha, dado que possivelmente este sentimento não exista.

Sob outra perspetiva, a maior parte das pessoas dizem já ter experienciado o amor. Para além disso, muitas das obras de arte podem funcionar como provas do amor, refletindo a realidade e vivacidade desta emoção. Há ainda quem suponha que amar é a vocação de qualquer ser humano, sendo que não podemos viver na sua ausência.

Cientificamente, o amor é um sentimento provocado pela produção de hormonas da família da ocitocina. Esta hormona é produzida quando abraçamos, beijamos ou olhamos para alguém especial lhos nos olhos. A liberação da oxitocina estabelece uma ligação emocional entre duas pessoas. Recentemente foi descoberto e mapeado o “gene do amor”, que contém informação sobre as inclinações amorosas de cada indivíduo. Este estudo revelou que a informação contida neste gene pode variar de pessoa para pessoa.

Desta forma, podemos concluir que o amor existe, e está subjacente a quase todas as formas de arte. No entanto, não é experienciado por toda a gente da mesma forma, o que torna difícil arranjar uma definição geral do que é o amor. Além disso, é algo que gera sentimentos tão opostos que nos deixa completamente baralhados. Talvez nunca venhamos a saber o que é amor ao certo, uma vez que, para nós, o amor não está vinculado a uma definição, mas sim a alguém muito especial.

Beatriz Filipe, 11ºB

Imagem editada daqui

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É mais ou menos assim que eu imagino Fernando Pessoa no dia 30 de novembro de 1935. Imagino que nas suas últimas horas se tenha sentido sozinho, e pensativo, característica que carregou às costas durante 47 anos de vida.

Durante anos, Fernando Pessoa limitou-se a existir, não se permitindo viver realmente. Todos os momentos que poderiam ser motivo de prazer, foram motivo de reflexão. Fernando Pessoa nunca se preocupou com cargos notáveis, tendo optado por ocupações que lhe permitiam investir tempo nas suas produções artistas. A sua vida amorosa constitui também, a par da sua vida social, material para apenas uma página da sua biografia.

Seria de esperar que um poeta que é capaz de reconhecer o motivo da sua infelicidade tentasse combate-la, mas Pessoa transferiu para a poesia tudo aquilo que não conseguiu sentir. A solução por ele encontrada serviu apenas para piorar o problema que o atormentou durante tanto tempo.

Se levarmos em conta o Fingimento Poético apresentado por Pessoa, chegamos à conclusão de que escrever, requeria reflexão, pensamento e mais, emoções. Emoções estas que eram fingidas e manipuladas consoante a vontade do autor, o que implicava, mais uma vez, uma desconexão completa com o interior por parte do autor, e o exercer da lógica, o que contribuiu para perpetuar a falta de sentimento, transversal à vida de Pessoa.

Consigo imaginar que a Dor de Pensar, que mencionou em poemas como “Ela canta, pobre ceifeira”, estava lá, a assombra-lo e a trazer ao de cima todos os momentos não sentidos. Que conclusão terá Pessoa retirado dos seus últimos momentos? Talvez numa vida posterior, Pessoa tenha a oportunidade de aproveitar os pequenos prazeres mundanos e colocar acima da razão a emoção, permitindo-se sentir tudo aquilo acerca do qual refletiu.

Beatriz Augusto, 12ºB

imagem daqui

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A imagem que eu escolhi é da autoria de Rui Carruço, um artista português. Este quadro representa, indubitavelmente, o retrato de Fernando Pessoa e demonstra a fragmentação que lhe é característica. Esta fragmentação representada, e consequente multiplicidade, é concordante com as vanguardas do tempo em que o poeta viveu, uma época de crise de valores, de rutura com o passado e de rumo ao futuro, um período caracterizado pelo início do Modernismo.

Analisando o quadro de Rui Carruço numa primeira abordagem, consigo observar a utilização de cores opostas, cores quentes e frias, segundo o modelo do círculo cromático, principalmente os tons azulados, pretos e alaranjados.

Já analisando a gravura de uma forma mais interpretativa, consigo ver as disposições de vários fragmentos repetidos, pertencentes à imagem original, a face de Fernando Pessoa, que sugere a original “multiplicidade individual” que define o autor.

As obras de Pessoa caracterizam-se, entre outros aspetos, pelo seu caráter racional e consciente, que prioriza a razão às emoções, e que leva, consequentemente, à tristeza e inveja dos que, na sua perfeita inconsciência, são felizes: “Ah, poder ser tu, sendo eu”[1]. Poemas como “Autopsicografia” e “Isto” são um claro exemplo desta afirmação.

Tendo sempre como base as características acima mencionadas, o poeta no seu processo criativo lidava com uma diversidade de temas e, destes, alguns acabavam por integrar algumas obras. Um destes temas foi a identidade, para que a figura remete.

Suposto isto, o poeta sujeitou-se a uma autorreflexão. No entanto, esta capacidade, que deveria permitir saber a identidade do poeta, revela-se infrutífera, dado que o sujeito em questão somente descobre que não se identifica com o que vê: “Eu vejo-me e estou sem mim,/Conheço-me e não sou eu.”[2].

Assim, acontece a fragmentação e consequente despersonalização representada na imagem, em que o “eu” torna-se o objeto da avaliação. Esta avaliação decorre porque o poeta, na insuficiência que a sua personalidade reflete ser, tenta, utilizando a razão, desmistificar todo o seu ser. Neste processo, retiram-se as características que fazem de uma pessoa, uma pessoa.

Conforme a imagem retrata, esta crise de identidade incita o poeta a conhecer-se a si próprio, e assim surgem os heterónimos, fragmentações aparentemente iguais, mas com personalidades e, por conseguinte, estilos criativos, completamente distintos: “Atento ao que sou e vejo,/Torno-me eles e não eu./ Cada meu sonho ou desejo/ É do que nasce e não meu.”[3]. Destes heterónimos, destacam-se Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Concluindo, a imagem permite analisar a crise de identidade que despersonalizou, fragmentou, e multiplicou a personalidade do autor, e que, inquestionavelmente, é o núcleo do universo pessoano. Observa-se que mesmo não se “encaixando” entre si, todos os fragmentos formam um todo: Fernando Pessoa.

[1] “Ela canta, pobre ceifeira” – Fernando Pessoa

[2] “Gato que brincas na rua” – Fernando Pessoa

[3] “Não sei quantas almas tenho” – Fernando Pessoa

Madalena Vitorino, 12ºE

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Esta pintura de Ricardo Ferrari, da coleção “Lembranças da minha Infância”, de 2012, transporta-nos para um tempo feliz, de brincadeiras tradicionais, de liberdade de movimentos, em que os próprios tons usados nos dão uma sensação de calor e harmonia.

Pode-se voltar à infância e escrever sobre esse regresso por muitos motivos. No caso de Pessoa e do seu ortónimo, quando escreve sobre isso, ele não revive esse tempo, já que não viveu uma infância particularmente feliz. É a sua razão que cria essas lembranças e emoções e o ajuda a enfrentar a realidade adulta: “E hoje que sinto aquilo que fui, minha vida flui, feita do que minto.”1

A fuga para uma ideia feliz da infância torna-se, ao mesmo tempo, num confronto com a ausência de felicidade que ele sente no momento em que escreve. Esse contraste entre o tempo em que a inocência  lhe permitia não pensar e o tempo presente, de confusão e sofrimento interiores, é também muito duro de aceitar: “ A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou; Mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir buscar quem fui, onde ficou.”2

Na pintura, as crianças não têm rosto. Não é a sua história pessoal que interessa ao pintor. É , sim, transmitir a ideia de um início igual e cheio de esperança no futuro, lugar onde se pode voltar quando tudo deixa de fazer sentido: “Quando era criança vivi, sem saber, só para hoje ter aquela lembrança.”3

Fernando Pessoa e o pintor Ferrari inventam um tempo e é esse tempo que os sustentará no futuro, como se fosse uma bengala, a que recorrerão de cada vez que caírem.

  • Quando era criança”, Fernando Pessoa
  • “A criança que fui chora na estrada”, Fernando Pessoa
  • “Quando era criança”, Fernando Pessoa

Clara Pereira, 12ºB

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Há algo neste quadro que logo me desperta uma emoção. Alegria. A simpleza da paisagem e o seu tom quente e acolhedor, presumo, estão na origem do problema. Problema porque logo, logo, começo a pensar “porquê?”. Porquê esta emoção? Será que imagino alguma memória inexistente na qual me embrenho, confundindo os indistinguíveis sonho e realidade? Ou será que imagino uma simples canção, talvez, ecoando ondeante no pensamento, como um “comboio de corda”? E mais importante, ao contrário de Fernando Pessoa, será que esta alegria me durará? Acho que já falhei.

É a resposta a que Fernando Pessoa chega – quando se pensa, não se sente. A emoção é algo espontâneo. Porque é ao observarmos mais de perto algo, que começamos a reparar em pormenores que logo desfazem a imagem no seu contexto total. Apercebemo-nos de todas as pequenas imperfeições, que rasgam, ferozmente, as emoções antes sentidas.

Esta pintura de Van Gogh, “Moisson en Provence”, por exemplo, observada com uma consciência nula, faz-nos sentir felicidade: a paz do campo e as cores provincianas sossegadas; a moleza do quente, e das férias. Mas é procurando ao fundo, lá bem longe, já conscientes, que percebemos umas manchas esbatidas de tristeza e frio.

É a essas manchas que Fernando Pessoa chega, seja qual for o caminho que toma para tentar alcançar a inalcançável alegria, por não ser capaz de deixar de pensar. Aliás, pensa tanto que já nem sabe bem quem é. Já não se reconhece – “Eu vejo-me e estou sem mim, / Conheço-me e não sou eu.” – nem reconhece quem foi – “Se quem fui é enigma”.

Pessoa fica, assim, preso num abismo eterno, vendo por vezes momentaneamente a luz da alegria, desfeita em seguida, desejando a cada momento que pare de pensar, e sinta “Isto” no seu coração.

Guilherme Dias, 12ºC

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O fermento é uma substância, orgânica ou inorgânica, que tem a propriedade de determinar a fermentação noutra substância, ou seja, cresce. É composto por fungos microscópicos (leveduras) que se alimentam de açúcar, libertando dióxido de carbono e álcool. Quando a massa está em processo de cozedura no forno, as leveduras multiplicam-se, consumindo o açúcar e o amido contido na farinha.

Existem 2 tipos de fermento: biológico, composto por micro-organismos vivos, fungos, denominados por leveduras químicas, constituído por bicarbonato de sódio e ácidos orgânicos. Quando estão em contacto com a humidade, reagem à temperatura entre 50ºC a 60ºC.

A principal diferença entre o fermento químico e biológico reside na sua composição. No fermento químico, as reações de decomposição ocorrem quando o bicarbonato gera dióxido de carbono e água, fazendo com que a massa aumente de volume. Esta reação é auxiliada pelo aumento de temperatura e só acaba depois de todo o fermento reagir.

Já o fermento biológico, para reagir necessita de glicose, que alimenta a levedura: o fungo ingere a glicose e o seu metabolismo transforma-a em dióxido de carbono e álcool, que irá aumentar com o calor.

Os fermentos químicos são normalmente utilizados para a confeção de pães especiais, broas, biscoitos, bolachas e outros produtos de padaria, sendo responsáveis pelo crescimento das massas. Este ocorre por uma reação química que acontece durante a cozedura.

Os fermentos biológicos são mais direcionados para o fabrico de massas de pães e pizzas.

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Para haver um crescimento as leveduras precisam de alimento, mas não só, elas necessitam também de uma temperatura ideal pois, se esta for muito baixa irá adormecer as leveduras, mas se for demasiado elevada irá matar as leveduras( superior a 55ºC). sendo assim possível congelar a massa mãe ou o fermento de padeiro, e depois descongelar obtendo o mesmo resultado que se obteria se não tivesse congelada.

A temperatura ideal para um desenvolvimento bom será entre os 27º e 32ºC.  Quando as leveduras se desenvolvem a 27ºC, estas multiplicam-se produzindo dióxido de carbono e outros compostos que irão dar ao pão um sabor agradável. Porém se estas leveduras se desenvolverem acima de 35ºC irão se multiplicar mais rapidamente reproduzindo assim mais dióxido de carbono e compostos ácidos, o que irá, consequentemente, deixar o pão com um sabor mais desagradável. 

O fermento de pão pode ser usado hidratado ou seco e granulado. Mas as características de cada uma das leveduras são ligeiramente diferentes. Se for seco deve ser misturado com água e reidratado antes de ser usado. Para tal deve ser usada água quente  entre os 41 e 46º, porque se a água for muito fria a levedura pode ser destruída.

Clara Dias, 11ºC

bibliografia: https://www.amandocozinhar.com/2015/09/conheca-os-5-tipos-de-fermentos.html

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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

diana0É importante seguirmos uma alimentação variada, completa e equilibrada, de modo a proporcionar-nos energia suficiente para o resto do dia. Cada ser humano necessita de uma quantidade diferente de calorias, ou seja, uma quantidade diferente de energia. Os valores médios aconselhados para adultos saudáveis são entre as 1800 e as 2500 calorias, dependendo do estilo de vida do indivíduo em questão.

A roda dos alimentos é um dos nossos principais guias para uma alimentação saudável, a roda está dividida em 7 grupos, todos com dimensões diferentes. Essas dimensões representam a frequência com que cada grupo deve estar presente na nossa alimentação. A água encontra-se no centro da roda, não possuindo grupo próprio, uma vez que está representada em todos os grupos, e é fundamental à vida humana.

As 4 leis da alimentação saudável 

Lei da quantidade- a quantidade de alimentos ingerida deve satisfazer as necessidades energéticas do indivíduo. Deve-se evitar tanto excessos como restrições, pois ambos são prejudiciais para o organismo

Lei da qualidade- uma alimentação completa é aquela que inclui todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, por isso devemos ter uma alimentação variada, incluindo todos os grupos de nutrientes.

Lei da harmonia- refere-se à distribuição e proporcionalidade entre os nutrientes. Os nutrientes devem-se encontrar em proporções adequadas na nossa alimentação, pois estes dependem uns dos outros para funcionarem corretamente. Por isso, devemos ter em atenção que ao cortar certos alimentos da nossa alimentação, podemos estar a privar-nos de nutrientes importantes ao bom funcionamento do nosso organismo.

Lei da Adequação- a alimentação deve ser adequada às necessidades do organismo de cada indivíduo. Existem diversos fatores que condicionam as necessidades energéticas de cada um, tais como: ciclo da vida; estado fisiológico; estado de saúde; hábitos alimentares; condições culturais.

Alimentos: 

Orgânicos: Alimentos cultivados sem pesticidas, fertilizantes e herbicidas, ou alimentos derivados de animais, que são alimentados com alimentos naturais, sem hormonas ou antibióticos.

Biológicos: alimentos saudáveis e de elevada qualidade, produzidos de modo a promover práticas sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema. Não há uso de pesticidas, adubos químicos, nem organismos geneticamente modificados. A produção de alimentos de origem animal, rege-se por regras e normas que visam  respeitar o bem-estar animal.

Naturais: alimentos que provém da natureza, estes alimentos, contrariamente aos orgânicos e biológicos, não têm uma certificação oficial. Pelo que, apesar da denominação “natural”,  podem, no entanto, utilizar pesticidas, fertilizantes químicos e sementes geneticamente modificadas.

Integrais: alimento que está tão perto do seu estado natural quanto possível para consumo. São, principalmente, cereais e derivados que não passaram por processos de refinação, o que fez com que conservassem todos os seus componentes originais.

Alimentação vegetariana 

original_vegetarians2Em Portugal 1,2% da população é vegetariana, e todos os dias vemos este número a crescer, uma vez que tem se tornado cada vez mais popular entre os jovens excluir a carne da sua alimentação. Não só como uma forma de protesto contra a indústria da carne, mas também como uma alternativa saudável. Vários indícios apontam que o próprio Leonardo Da Vinci adotou este estilo de vida, excluindo a carne da sua alimentação.

Apesar de cada vez ser mais comum ouvir falar sobre o vegetarianismo, ainda há muitas questões e mitos acerca deste estilo de vida.

TODOS OS VEGETARIANOS SEGUEM A MESMA DIETA ?

A dieta de um vegetariano pode mudar consoante a vontade deste, podemos assim dividir estes em 4 grupos diferentes, consoante as suas restrições alimentares : ovolactovegetarianos, lactovegetarianos, vegetarianos estritos e vegans. Com o seguinte gráfico irás conseguir perceber as diferenças entre estes grupos.

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OS VEGETARIANOS PRECISAM DE TOMAR MUITOS SUPLEMENTOS PARA SUBSTITUIR OS NUTRIENTES DA CARNE ?

 Na verdade, a única proteína que estará em falta na dieta dos vegetarianos será a proteína B12, que se encontra nas carnes vermelhas e é essencial à síntese de DNA, portanto para a obter é necessário suplementação. Os restantes nutrientes facilmente se encontram em outros alimentos, não sendo necessário recorrer à suplementação para obter estes, contudo isto varia de dieta para dieta, não sendo regra geral.

OS MEUS OSSOS VÃO FICAR FRACOS SE EU DEIXAR DE CONSUMIR LACTICÍNIOS?

 Os ossos não ficam fracos se deixar de haver consumo de lacticínios. Para que haja a absorção de nutrientes necessários para ter ossos fortes, precisamos de um conjunto de nutrientes específico: cálcio, magnésio, vitamina k e boro.

Lacticínios como o leite, apesar de terem uma elevada quantidade de cálcio, pouco têm dos outros nutrientes, o que faz com que a absorção seja pouca, podendo levar ao excesso de cálcio no organismo.

A couve, por exemplo, pode ser um bom substituto, uma vez que tem todos os nutrientes necessários.

OS VEGETARIANOS TÊM DE COMER MAIS PARA TER A MESMA QUANTIDADE DE PROTEÍNAS?

 Sim, as proteínas vegetais têm menor valor biológico que as proteínas da carne, ou seja, têm menos aminoácidos e nitrogênio, o que faz com que tenhamos de consumir uma maior quantidade destas. Contudo, existem alguns alimentos que podem substituir a carne a um nível nutricional, que é o caso do tofu.

VOU TER ANEMIA SE ME TORNAR VEGETARIANO?

A anemia é causada pela falta de ferro e apesar do consumo de ferro ser associado à ingestão de carnes vermelhas, há vários alimentos vegetais ricos em ferro que podem substituir estas, que é o caso das leguminosas, dos cereais integrais e de alguns legumes. Existem dois tipos de ferro nos alimentos: o heme ( que só tem nas carnes e que a sua absorção varia de 10% a 40%) e o não-heme (está presente nos vegetais e a sua absorção varia de 2% a 20%). Apesar da taxa de absorção do ferro não-heme ser menor, existem alguns tipos de aminoácidos que são capazes de aumentar de 3 a 4 vezes a absorção de ferro. Assim, é possível alcançar a recomendação de ingestão de ferro na alimentação vegetariana, através de uma dieta variada.  

É POSSÍVEL SER VEGETARIANO SENDO ATLETA ?

Uma dieta vegetariana, bem planeada e adaptada, é capaz de satisfazer as necessidades energéticas e nutricionais de qualquer atleta. recomenda-se até que os atletas vegetarianos orientem a ingestão de proteínas para o limite superior ( 2,7 g/kg por dia) de modo a compensar o menor valor biológico das proteínas vegetais. Novak Djokovic, o tenista sérvio que permaneceu o número 1 do mundo por muitos anos, é um exemplo de um atleta de alta competição com uma dieta vegetariana, este afirma que o vegetarianismo melhorou a sua qualidade de vida e até a sua forma de jogar.

Alimentação de Atletas 

Quando se trata de uma dieta de um atleta temos de ter em conta vários fatores, nomeadamente as necessidades energéticas que cada desporto exige, o desempenho atlético do sujeito, e o seu crescimento e desenvolvimento, principalmente em atletas jovens.

Para um atleta um dos pontos mais importantes é a criação de uma rotina, a criação de um plano de refeições permite que os atletas criem um hábito. Também é importante que haja um equilíbrio de nutrientes, principalmente de proteínas e carboidratos, alimentos com função energética. Este equilíbrio é importante para que haja uma contração muscular contínua e uma recuperação eficiente.

Obtenção de energia

A energia é obtida através dos nutrientes presentes nos alimentos. Para que esses alimentos sejam convertidos em energia é necessário que os alimentos, depois de digeridos, sejam quebrados em moléculas de dimensões mais reduzidas, para que possa haver absorção destas por parte das células. Os carboidratos são então reduzidos à sua menor unidade: a glicose.

 Respiração Celular

TABELA DE NUTRIENTES 

PROTEÍNAS: tofu, leguminosas, ovos, lacticínios -quantidade: 0,2 a 2 gramas por quilo de peso. As

 proteínas animais e vegetais diferem na concentração de aminoácidos, por isso é importante que os vegetarianos misturem as suas fontes de proteína vegetal, de modo a receberem todos os aminoácidos essenciais de diferentes origens.

MINERAIS

CÁLCIO: essencial para a robustez dos dentes e dos ossos, ajuda a preservar funções vitais do organismo: couve, brócolos, soja, figos, lacticínios, gergelim, amêndoas, rúcula, agrião quantidade: 1000 mg por dia para um adulto.

ZINCO: componente essencial de muitas enzimas, desempenha um papel importante na divisão celular e na formação de proteínas: cereais, leguminosas, frutos secos, germe de trigo, massa integral, nozes

IODO: componente das hormonas da tiroide, auxilia na regulação do metabolismo, do crescimento e das funções de órgãos essenciais. Vegans e vegetarianos estritos (não consomem lacticínios) podem ter deficiência deste nutriente. ¼ de uma colher de chá de sal iodado por dia

FERRO: não é tão facilmente ingerido através dos vegetais, por isso a dose recomendada para vegetarianos é de 28 mg, o dobro do recomendado para não vegetarianos: leguminosas, frutos secos, espinafres, cereais

GORDURA

Importante fonte de energia, responsáveis pela absorção de vitaminas, ajudam na regulação da temperatura corporal, função protetora dos nossos órgãos , ajudam na produção de hormonas. Tipos de gorduras:

SATURADAS- manteiga, óleo de coco, óleo de palma, queijos gordos

INSATURADAS-mais benéficas- abacate, azeite, nozes

TRANS- muito prejudiciais para a saúde- alimentos com gorduras hidrogenadas (sofreram hidrogenação) e alimentos cozinhados em óleos vegetais submetidos a um sobreaquecimento

COLESTEROL- existe apenas nos alimentos de origem animal- gema de ovo, leite gordo, queijos, manteiga, margarina.

FITOSTERÓIS- gorduras estruturalmente semelhantes ao colesterol, que têm origem vegetal- frutos oleaginosos, hortícolas, sementes, óleos vegetais pouco refinados, legumes e leguminosas secas. Ajudam na diminuição dos níveis de colesterol no sangue, contribuindo para a diminuição do risco de doenças cardiovasculares e para a prevenção do aparecimento de diversos tipos de cancro.

INSATURADAS

ÓMEGA-3: papel fundamental na saúde cardiovascular, nomeadamente a regulação dos níveis de colesterol: nozes, óleo de soja, sementes de linhaça/chia, óleo de linhaça, castanhas. Nota: não é tão bem absorvido pelo organismo quando provém de fontes vegetais

VITAMINAS:

Micronutrientes fundamentais para o funcionamento do organismo que devem ser adquiridos por meio da alimentação

Nota: o nosso corpo é incapaz de produzir vitaminas, mas algumas podem ser armazenadas

VITAMINA A: leite, gema de ovo, vegetais folhosos, frutas de coloração alaranjada ou amarela, atua principalmente na visão, mas também tem um papel fundamental no funcionamento do sistema imunológico.      Quantidade: mulheres adultas devem ingerir 700 microgramas por dia, enquanto os homens necessitam de 900 microgramas diariamente.

VITAMINA B9: importante na biossíntese de diversos compostos, como por exemplo a síntese de perinás e de pirimidinas, dois compostos usados na formação do DNA. Atua na transformação de serina em glicina, e na manutenção dos eritrócitos e leucócitos, leguminosas, cereais e pão.     Quantidade: 240 microgramas para adultos.

VITAMINA D: crucial para a saúde dos ossos (auxilia na absorção do cálcio), também pode ser obtida através da exposição solar, que promove a sua produção pelo organismo auxilia na absorção de vários nutrientes: leite, bebidas de soja ou arroz, cereais, margarinas

 TIPOS DE DIETAS 

Os diferentes tipos de dietas distinguem-se pelo tipo de confeção, composição nutricional e textura, dividindo-se em Dietas Base e Variantes, tal como se apresenta na Tabela 1 e 2, onde são listados por ordem alfabética.

TABELA 1: Diferentes tipos de Dietas Base e respetivas características e indicações principais

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TABELA 2: Diferentes tipos de Dietas Variantes e respetivas características e indicações principais:

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Como é obtida a energia que faz nosso corpo funcionar?

 Todos os seres vivos necessitam de energia para viver. A forma de obtenção dessa energia é variada e envolve processos diversos e complexos, conhecidos como metabolismo.

A energia não é nenhuma molécula, é a capacidade que nosso corpo tem de realizar trabalho, ou seja, fazer força ou provocar deslocamentos e é obtida dos nutrientes dos alimentos, como a glicose, as proteínas e os carboidratos.

A glicose é a principal molécula energética. Os seres humanos, durante o processo evolutivo, conseguiram usar melhor a glicose que vem dos alimentos, transformando o máximo de energia possível. As bactérias, por exemplo, obtêm só 4% do seu potencial, enquanto o corpo humano transforma em trabalho 30% da energia que consome, o mesmo que um automóvel.

Como é que a glicose passa a energia?

 Através da respiração celular, que é um processo metabólico realizado continuamente por todos os seres vivos (exceto os vírus) em que a energia proveniente da quebra das ligações químicas das moléculas da glicose é usada nos processos vitais dos seres vivos.

A maioria dos seres vivos realizam a respiração aeróbica, ou seja, necessitam do oxigênio para que ocorra a respiração celular.

A respiração celular ocorre em três etapas básicas: a glicólise, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa. 

Para que qualquer alimento seja transformado em energia não basta ser engolido, mastigado e digerido. Este tem que ser quebrado em moléculas pequenas através da mastigação e digestão, para que possam ser absorvidas pelas células.

  • No intestino delgado, a glicose é absorvida pelo sistema venoso, segue para o fígado, tecidos periféricos e finalmente à célula, onde entra no citoplasma e sofre a sua primeira divisão, dando origem a duas moléculas de ácido pirúvico.
  • As duas moléculas de ácido pirúvico (C3H4O3) seguem para as mitocôndrias, começando então o ciclo de Krebs. Nessa fase, o ácido perde hidrogênios (que vão para outras moléculas) e carbonos que se ligam ao oxigênio disponível na célula, originando CO2, que sai e é libertado na respiração.
  • Os hidrogênios que saíram da molécula tendem a ligar-se ao oxigênio da respiração, nas mitocôndrias, e formam a molécula de H2O. Da água formada parte é eliminada, e outra parte fica dentro da célula participando nas reações químicas e ajudando a formar o citoplasma.
  • Mas sobram alguns iões H +, que são atraídos para o lado interno da membrana celular, que está carregada de iões negativos. E começa a Fosforilação oxidativa em que os eletrões , ao passarem pela cadeia respiratória, perdem energia e para voltar ao interior da mitocôndria, é necessário passar por um complexo proteico chamado de síntese do ATP, onde ocorre a produção de ATP.

Para onde vai a energia produzida pelo corpo? 

  • BAÇO E FÍGADO – 27% É principalmente no fígado que as nossas reservas energéticas – o glicogénio – estão armazenadas. É desse reservatório, o glicogénio, que retiramos a energia necessária.
  • CÉREBRO – 19% As sinapses (comunicação entre os neurônios) consomem a maior parte da energia.
  • MÚSCULOS ESQUELÉTICOS – 18% As contrações musculares requerem muita energia. Durante os períodos de atividade física intensa, os músculos utilizam glicose armazenada em grande quantidade.
  • RINS – 10% A energia é utilizada para a produção da urina, para fabricar hormônios ou eliminar toxinas.
  • CORAÇÃO – 7% O coração depende muito da energia imediata da glicose. Por isso, as mitocôndrias são mais abundantes no músculo cardíaco do que no esquelético.
  • RESTO DO CORPO – 19%

Diana Pereira, 11ºC

Bibliografia:

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06curi600.1-1280x720GLÚTEN

Com certeza já deve ter ouvido falar do glúten, sobretudo nas redes sociais. Há uns anos, houve grandes polémicas sobre o glúten, que punha as pessoas mais “cheiinhas” e com maior peso. Também houve quem achasse que o glúten, por ser apenas um tema contemporâneo, fora um subproduto do processamento industrial dos alimentos…

Imagem1Pois bem, fique sabendo que o glúten é uma proteína presente em vários tipos de farinha e que não é, de longe, algo moderno. O glúten é um composto de proteínas compostas por componentes mais simples. Estes componentes armazenam os hidratos de carbono e são digeridos em aminoácidos que entram na corrente sanguínea. Assim sendo, a quantidade de hidratos de carbono no sangue é mantida em valores estáveis, mesmo com o consumo de bastantes alimentos com glúten. Isto contraria o mito de que o glúten engorda – o glúten é uma proteína inócua a grande parte das pessoas e até é boa para a saúde. O que realmente faz uma pessoa mais volumosa é o consumo de hidratos de carbono a mais, não é o consumo de glúten.

No entanto, as pessoas com doença celíaca têm problemas com o consumo de glúten…, mas porquê? O que acontece é que, enquanto que numa pessoa normal o glúten é digerido pelos aminoácidos na corrente sanguínea, numa pessoa portadora de doença celíaca ou com alergias ao glúten as enzimas que digerem o glúten não são produzidos em número suficiente ou não são mesmo produzidos, provocando consequências graves. A grande quantidade de glúten no sangue pode provocar indisposição estomacal, danos na mucosa intestinal, lesões na pele (dermatite herpetiforme), diarreia, dor ou inchaço abdominal.

Como se estes sintomas já não bastassem, a recuperação da doença celíaca é lenta e qualquer ingestão de glúten durante a recuperação pode atrasar todo um processo de semanas ou meses. Por isso é que é tão importante perceber antecipadamente se uma pessoa é portadora de doença celíaca. Afinal de contas, esta doença não é assim tão rara: 30% da população mundial ou 2,35 mil milhões de pessoas sofrem com ela.

Então, em que cereais podemos encontrar o glúten? Pois bem, o glúten aparece nas sementes dos cereais da famíliaImagem2 das gramíneas e sobretudo na tribo Triticeae, onde se incluem espécies como o trigo, a cevada, o centeio e o triticale. Estes cereais são compostos por perto de 7 a 15% de proteínas, entre as quais proteínas correspondentes às do glúten. Também são constituídos por 40 a 70% de amido, um hidrato de carbono de armazenamento de alimento para as plantas, e por 1 a 5% de lípidos. Por causa da sua estrutura bioquímica, o glúten é também chamado de “glúten triticeae” e, mais popularmente, por “glúten de trigo”. Portanto, podemos concluir que estas proteínas são uma parte fundamental da composição dos cereais aparentados com o trigo.

Outros cereais, como a aveia, não apresentam naturalmente glúten, mas como são, muitas vezes, processados em fábricas onde também é processado o trigo, a aveia acaba por ficar contaminada com glúten também. Assim sendo, quem é portador de doença celíaca deverá ter em atenção o rótulo dos produtos de aveia para confirmar se realmente estão contaminados ou não.

Mudemos de tema e falemos doutra coisa… será que o glúten tem algum efeito naquilo que cozinhamos com a farinha?

Vejamos: o glúten, para além de ser constituído por duas enzimas que armazenam hidratos de carbono – as prolaminas e glutaminas – este composto também é constituído por outras duas enzimas: a albumina e a globulina. Estas enzimas são hidrofóbicas, isto é, não são solúveis em água, no entanto criam interagem com a molécula de água. Estas interações provocam a coesão dos vários grãos de farinha que, de outra maneira, estariam soltos, e tornam a farinha mais elástica e viscosa. Quando a farinha deixa de estar em contacto direto com a água, as duas proteínas principais, ou seja, as que normalmente teriam como função armazenar hidratos de carbono (a prolamina e a glutamina), preservam-nas e mantêm a massa coesa. É por isso que a farinha não se desintegra quando seca…

Está bem, é certo, mas então o que acontece quando a massa vai ao forno? Pois bem, surpreenda-se, pois o glúten também é, em parte, responsável pelo aumento do volume da massa durante a cozedura! Como muita gente deve saber, quando a massa vai ao forno ocorre fermentação. A fermentação é um processo em que pequenos microrganismos se alimentam dos hidratos de carbono da massa, libertando gases neste mesmo processo. Esses gases são sobretudo dióxido de carbono e álcool etílico vaporizado pelo calor do forno. Numa situação normal, os gases Imagem3sairiam da massa e não haveria aumento do volume… e é aí que as proteínas do glúten entram em ação! A prolamina e a glutamina mantêm o dióxido de carbono dentro da massa, impedindo-a de sair dela e causando o aumento do seu volume. Assim sendo, o fabrico de pães sem glúten é considerado um grande desafio para a indústria e investigadores. A ausência de glúten na panificação tem um grande impacto nas propriedades viscoelásticas da massa, dando origem a massas pegajosas, pouco coesas e elásticas, e consequentemente, a pães com miolo compacto com reduzida porosidade, baixo volume e textura desintegrada. Por esta razão, nos últimos anos, têm-se criado alternativas para o fabrico de melhores pães sem a presença do glúten, como através do uso de amido gelatinoso ou mesmo de microalgas.

O etanol não é mantido dentro da massa porque o seu ponto de ebulição é muito superior ao do dióxido de carbono (75ºC contra -57ºC). Porquê? A razão até é simples… Muita gente deve ter reparado que, quando a água atinge o ponto de ebulição, a evaporação é bastante rápida: isto ocorre porque as moléculas encontram-se bastante instáveis. É devido a essa instabilidade que o álcool não é fixado pelas proteínas do glúten – é que, enquanto o dióxido de carbono emitido durante a fermentação encontra-se relativamente estável por se encontrar já em estado gasoso, o etanol está inicialmente em estado líquido, mas rapidamente é transformado num gás, o que causa bastante instabilidade molecular, dificultando a sua fixação pelo glúten. É por essa razão que o pão não possui álcool, ao contrário de outros produtos fermentados com cereais, como a cerveja…

Após a cozedura, o volume mantém-se, e tal deve-se à coagulação do glúten. Tal como grande parte das proteínas, oImagem4 glúten perde atividade vital quando as temperaturas são demasiado elevadas, ou seja, perde atividade vital. Concluindo, no início da cozedura esta proteína fixa os gases e cria volume à massa, mas após algum tempo no forno tanto os microrganismos do fermento como o próprio glúten acabam por “morrer”, e a morte, como toda a gente sabe, é irreversível. Isto provoca a coagulação, ou seja, a solidificação das proteínas do glúten e que mantém o tamanho e o volume, mesmo depois de arrefecer! Isto também explica o porquê de, apesar de o glúten ser uma proteína e de os cereais terem na sua constituição até 15% de proteínas, os pães ou os bolos não conterem muita proteína – simplesmente ficaram sem atividade vital no processo e não têm qualquer valor nutricional para o ser humano.

Diogo Rodrigues, 11ºC

Bibliografia:

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INTRODUÇÂO

Enquanto alunos de uma turma de Ciências e Tecnologias, sempre tivemos curiosidade pelo  mundo que nos rodeia. 

Ora, no início deste ano letivo, fomos desafiados a realizar um projeto interdisciplinar – uma hipótese para explorar. Este tipo de projetos – que se estendem ao longo do ano – têm como objetivo articular as várias disciplinas de modo a desenvolver uma resposta a determinado problema, ou a criar algo novo. 

Com o propósito de produzir um artigo inédito, precisávamos de formular um problema – cuja resposta quiséssemos verdadeiramente saber.

Seguindo o verdadeiro espírito científico, criámos uma pergunta: “Como se aprende a cozinhar?”, e, claro, “Como se cozinha (bem)?”.

A pergunta pode, de repente, parecer muito simples. “Eu sei cozinhar” – pensará, certamente, o leitor. Mas saberá? É claro que todos sabemos seguir uma receita, mas, se a receita não estiver presente, saberemos improvisar algo? E conhecemos o papel dos vários ingredientes da receita? O que acontece se nos faltar um? Como o substituímos?

O nosso problema, em última análise, é mais do que saber cozinhar – é compreender o processo. 

Curiosamente, reparamos que alguém com experiência – uma avó ou as nossas mães – saberá uma resposta a estas perguntas. A nossa intenção é, porém, ir mais além, descobrindo outras respostas, fundamentadas pelo método científico.

Poder-se-á perguntar, claro, que importância tem “perceber a culinária”. Aliás, nos tempos de hoje, cada vez temos menos a necessidade de cozinhar.

Este é um ponto perfeitamente válido – mas é precisamente o motivo que nos leva a considerar tão importante perceber como cozinhar. Se cada vez cozinharmos menos, cada vez teremos menos conhecimento acerca daquilo que comemos. A exploração do “como cozinhar” leva-nos, pela via científica, a temas muito importantes, quer de nutrição, de (bio)química, do nosso metabolismo e outros, que nos permitem formar um espírito crítico sobre a comida e a cozinha.

O nosso espírito crítico, bem informado e fundamentado, é dos principais atributos que se pretende que consigamos extrair do nosso tempo na escola. A educação alimentar poderá ser mais um contributo para este exercício mental.

Esta foi, portanto, a nossa introdução: temos vindo a aprender, e ensinar-vos-emos, a cozinhar; assim, aquilo que pretendemos agora é partilhar com os leitores uma série de artigos com algumas coisas que aprendemos, começando com a confeção de bolachas e bolos.

Marta Vasconcelos, 11ºC

imagem daqui

CONFEÇÃO DE BOLACHAS E BOLOS

Que artigo escusado! – pensará, certamente, o leitor – Cozinhar bolos e bolachas não tem ciência nenhuma! Misturar uns quantos ovos, umas canecas de farinha e uma quantidade avultada de açúcar atingirá o resultado!.. Ou falta algo? Fermento em pó!.. ou bicarbonato de sódio? Manteiga!.. ou óleo? Leite!.. ou água?

Ora, todos os ingredientes desempenham um papel crucial na confeção de sobremesas: a sua substituição, supressão ou insuficiência levaria a catástrofes culinárias inimagináveis! Daí a importância da leitura de artigos como o presente, no qual é explicada a função de cada elemento relativamente ao valor nutricional, sabor, textura, aroma e cor do resultado final.

Composição química, função e variedade dos ingredientes

Farinha de trigo 

Comecemos por falar da farinha de trigo.

Independentemente da designação de forte ou fraca, a farinha de trigo apresenta necessariamente uma composição básica de cinco elementos primários: proteínas, amido – os mais relevantes –, água, gordura e sais minerais.

  • Mas de que forma são estes componentes relevantes na confeção de bolos e bolachas? Em que medida influenciam a massa?

Ora, as principais proteínas constituintes da farinha de trigo são a gliadina e glutenina. Na presença de água, estas aglomeram-se de modo a formar uma rede proteica fibrosa e elástica – o glúten. Enquanto a gliadina é responsável pelo caráter elástico da massa, a glutelina é responsável pela sua maleabilidade, permitindo a assimilação de uma porção elevada de dióxido de carbono libertado durante a fermentação da massa. Este processo de aeração resulta no crescimento da massa. 

O amido, por outro lado, é um polissacarídeo formado principalmente por glicose e ligações glicosídicas, constituindo cadeias de açúcares. Na presença de água e de calor, transforma-se numa solução viscosa com estrutura gelatinosa, que dará origem ao interior do bolo.

Portanto, o glúten e o amido são os elementos responsáveis pela flexibilidade, elasticidade e maleabilidade da massa.

  • E ainda, em que difere uma farinha forte de uma farinha fraca? Qual é indicada para a confeção de bolos?

Retomando os conceitos de força ou fraqueza da farinha inicialmente mencionados, existem duas classificações: Uma farinha considerada forte contém entre 10,5% e 12% de proteínas na sua composição, enquanto que as farinhas fracas possuem proteínas em menor quantidade e de qualidade inferior. Consequentemente, estas farinhas absorvem pouca água, resultando num rápido crescimento da massa e fácil libertação de gases – ou seja, farinhas fracas originam massas compactas e leves, indicadas para a confeção de bolos e bolachas. Por outro lado, as farinhas fortes permitem a obtenção de uma massa mais estruturada e flexível, que resulta em produtos de melhor qualidade no caso da cozedura de pão ou preparação de alimentos mais consistentes.

  • Para além da força da farinha, que outro fator devemos ter em conta ao utilizar farinha de trigo? Qual a variedade ideal para bolos?

Existem, nomeadamente, três variedades de farinha de trigo que, devido à elevada abundância em glúten, são indicadas para bolos e bolachas: Farinhas de trigo T45, T55 e T65. A primeira, T45 ou farinha flor, é a mais refinada e branca, resultando na confeção de massas muito leves e fofas. A segunda, T55 ou extrafina, é o tipo de farinha ideal para bolos e, sendo branca muito fina, revela-se também adequada para inúmeras preparações culinárias distintas. Ambas contêm um elevado teor em amido e glúten, mas menos fibras e vitaminas. A última, T65 ou fina, é maioritariamente utilizada na confeção de pão, tendo um efeito mais rústico no alimento. Portanto, na preparação de bolos e bolachas de textura desejavelmente fofa, é aconselhada a utilização de farinha de trigo T65.

É de notar que, ao contrário do processo de preparação do pão, na confeção de bolos e bolachas é aconselhável bater o mínimo possível a massa depois da adição de farinha, uma vez que se procura evitar ao máximo a resistência da massa resultante do desenvolvimento do glúten contido na farinha.

Fermento

  • Que tipo de fermento é recomendável na confeção de bolos e bolachas?

Existem cinco tipos de fermento: fermento em pó, bicarbonato de sódio, fermento biológico fresco, fermento biológico instantâneo e fermento natural.

Uma vez que são utilizados quase exclusivamente na produção de pão, tanto os fermentos biológicos como o fermento natural são pouco aconselhados na confeção de bolos e bolachas – daí ser mais pertinente diferenciar a composição e condições de utilização do bicarbonato de sódio e do fermento em pó:

O fermento em pó é um fermento químico formado por uma combinação de bicarbonato de sódio, um elemento ácido (geralmente, bitartarato de potássio) e amido. A barreira de amido tem a função de absorver a humidade do ar com a finalidade de manter o bicarbonato de sódio e os ácidos orgânicos separados e secos – Isto porque o efeito de crescimento da massa característico da utilização de fermento em pó ocorre devido à reação entre a base (bicarbonato de sódio) e o ácido (bitartarato de potássio) que se inicia a uma temperatura de 60ºC. 

O pré-aquecimento do forno é, portanto, um passo crucial para a eficácia do fermento, assim como a mistura de ingredientes sempre à temperatura ambiente e a incorporação deste ingrediente em último lugar.

O bicarbonato de sódio é um agente levedante – ou fermento – quimicamente alcalino. Ao contrário do fermento em pó, inicia a reação química assim que entra em contacto com algum ácido líquido (como iogurte, limão, vinagre, leite). Assim, o bicarbonato de sódio liberta de imediato o dióxido de carbono responsável pela aeração da massa e rápido crescimento da mesma. Geralmente, é utilizado em conjunto com elementos ácidos, como os referidos, para que ocorra a neutralização do sabor desagradável resultante da reação.

Portanto, no geral, deve utilizar-se bicarbonato de sódio em bolachas, cupcakes e queques – visto que a sua textura e sabor são favorecidos pela curta duração da reação química. Por outro lado, recomenda-se a utilização de fermento em pó na confeção de bolos – visto que o seu tempo de reação é elevado, como o tempo de cozedura do bolo.

Adoçantes

  • O que é açúcar? Especificamente, para que alimentos é aconselhada cada uma das variedades?

Maior parte dos açúcares, como o açúcar refinado, granulado ou branco, açúcar em pó e açúcar mascavado, consistem, basicamente, em sacarose – um dissacarídeo formado por glicose e frutose responsável pelo sabor doce característico do açúcar.

O açúcar mascavado, que é o primeiro a ser extraído do caldo de cana, não sofre o processo de refinação, pelo que as propriedades nutricionais da cana-de-açúcar são preservadas. Por conseguinte, apresenta um sabor único e forte, proveniente do melaço (matéria constituída por açúcares redutores e sacarose não cristalizada). É, portanto, indicado para bolos húmidos e escuros, como brownies, bolos com especiarias, com café, mel ou chocolate.

O açúcar amarelo é parcialmente refinado, apresentando cristais mais pequenos, resultantes do processo de centrifugação. Tem um sabor caramelado e textura suave, sendo, portanto, aconselhado em receitas de bolos e bolachas.

Já o açúcar refinado, granulado ou branco, é submetido a um processo de refinação demorado, no qual se verifica uma perda praticamente total das vitaminas e minerais que o compõem. Apresenta um teor de 99,9% de sacarose apenas superado pelo açúcar confeiteiro. Este, por sua vez, sofre um processo de moagem intenso, resultando em grãos finíssimos indicados para bolachas, merengues, cremes, mousses, compota e geleias.

  • E qual a influência da quantidade de açúcar no alimento preparado?

Uma quantidade de excessiva de açúcar resulta na obtenção de uma massa pesada como, por exemplo, a do brownie. É devido à elevada cristalização do açúcar no bolo e consequente inibição de formação da cadeia proteica de glúten que a massa acaba por ficar pesada e cair. Este processo de cristalização do açúcar em excesso pode também criar uma cobertura pesada que impede o crescimento adequado do bolo.

Contudo, uma elevada quantidade de açúcar aumenta a temperatura de gelatinização do amido, o que permite maior tempo de expansão da massa durante a cozedura e, consequentemente, um aumento favorável do volume final do bolo.

Já a insuficiência de açúcar conduz a uma textura mais dura devido à indesejável conformação da cadeia de glúten presente.

  • Para além do volume, em que outras características do alimento intervém o açúcar?

A presença de açúcar na massa possibilita a ocorrência de reações Maillard. Este tipo de reações ocorre entre os aminoácidos constituintes das proteínas e os açúcares (hidratos de carbono): quando o alimento é submetido a elevadas temperaturas, o grupo carbonilo (C=O) do açúcar reage com o grupo amina (–NH2) do aminoácido, resultando na produção de melanoidinas, que dão a cor e o aspeto característicos dos alimentos cozidos ou assados. As reações Maillard sucedem apenas à superfície da massa, visto que esta é a única parte do bolo que atinge temperaturas suficientemente altas para permitir a sua ocorrência. Também as reações de caramelização, que consistem na quebra de açúcares complexos em açúcares simples não polimerizados, conferem aroma e sabor ao bolo.

Em conclusão, o açúcar contribui fortemente para a cor, aroma e sabor do alimento.

  • Sendo este ingrediente fundamental na confeção de bolos e bolachas, será possível substituí-lo?

É possível substituir o açúcar por alternativas naturais, como mel – tipo de frutose com propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e antioxidantes; stevia, que tem um poder adoçante até 300 vezes maior que o açúcar; ou melaço. Também se pode fazer a substituição através de adoçantes, como o xilitol (C5H12O5) e o Eritritol (C4H10O4), que, obtido através da fermentação da sacarose, possui 70% do poder adoçante do açúcar.

Gorduras

  • Que papel desempenham as gorduras na confeção de bolos e bolachas? Que propriedades tornam um tipo de gordura adequado para a pastelaria?

As gorduras são cruciais na preparação de bolos e bolachas: não só promovem a aeração e expansão da massa, como favorecem o sabor e textura da mesma ao impedir o desenvolvimento do glúten. Simultaneamente, acabam por aumentar a validade do produto ao reter água.

As propriedades físico-químicas mais notáveis das gorduras são a plasticidade e o ponto de fusão. Gorduras plásticas, como a manteiga, a margarina, a banha e a gordura vegetal conferem plasticidade, isto é, maleabilidade à massa. No entanto, os óleos, por serem totalmente líquidos, não detêm esta propriedade, o que também acontece com a manteiga de cacau, por ser sólida.

Relativamente ao ponto de fusão, isto é, a temperatura a partir da qual a gordura passa do estado sólido para o estado líquido, é relevante notar que a manteiga, por exemplo, tem um ponto de fusão que ronda os 27ºC, enquanto que o ponto de fusão da gordura vegetal é de cerca de 45ºC. Ou seja, a última é uma gordura pouco aconselhável na confeitaria, visto que não é plausível trabalhar com ela no estado líquido.

  • Foquemo-nos no óleo e na manteiga. Qual escolher?

O primeiro tem um sabor impercetível, e a sua utilização resulta numa massa leve e fofa, sendo aconselhável para bolos simples. Já a manteiga, por solidificar a temperaturas reduzidas, provoca a rigidez do bolo caso este seja preservado no frigorífico, por exemplo. Para além disso, o seu sabor é notável na massa. Assim, na confeção de bolos e bolachas, é preferível a utilização de óleo.

Ovos

  • Porque são tão frequentemente utilizados nas receitas? Afinal, qual a função dos ovos?

A principal função do ovo nos bolos e bolachas é proporcionar estrutura, ou seja, dar firmeza à massa. Para além disso, a presença de lecitina, fosfolípido que funciona como emulsificante natural, na sua constituição é responsável pela homogeneidade da mistura. Enquanto as claras fornecem a aeração necessária para um bolo volumoso, macio e fofo, as gemas garantem a humidade natural necessária, que, juntamente com o leite e a manteiga, evitam a secura do bolo.

  • Será possível substituir os ovos numa receita?

Apesar de os ovos constituirem ingredientes essenciais, a variedade de funções dos diversos alimentos de pastelaria é de tal modo ampla que estes acabam por poder ser substituídos.

Por exemplo, a humidade garantida pela gema do ovo pode ser atingida por puré de banana ou maçã. É também possível conseguir o volume proporcionado pelas claras batidas em castelo através da mistura de vinagre com fermento em pó ou bicarbonato de sódio: o vinagre ativa os componentes do fermento, fornecendo a aeração responsável pelo volume e consistência mole. E ainda, o efeito emulsificante da lecitina pode ser conseguido por amido de milho, que confere fofura ao bolo, ou linhaça e chia, depois de fortemente hidratadas em água: ao inchar, as sementes obtêm o aspeto gelatinoso desejado.

Líquido

  • Qual a finalidade da incorporação de um líquido no bolo/bolacha?

O leite, líquido mais frequentemente usado na pastelaria, tem um papel importante na textura do bolo: uma vez que pouco interfere no sabor da massa, a sua única função é amaciar o bolo. Pode ser substituído por água ou sumos naturais, ingredientes que exigem um maior tempo de cozedura no forno, devido à maior humidade que conferem ao alimento.

 Métodos de confeção

Os dois métodos mais utilizados na pastelaria são o método cremoso, ou creaming, e o método cremoso reverso, ou two-stage method.

Passemos, então à explicação sintética dos mesmos:

Método cremoso, ou creaming

Este método é utilizado na preparação de bolos leves e macios que, não obstante, possuem uma estrutura consistente – isto é, são bolos que suportam muito peso sem sofrer deformações, como bolachasebolos amanteigados.

A técnica passa por três etapas: elaboração de um creme de manteiga e açúcar, adição de ovos e, finalmente, adição de farinha de trigo. Tipicamente, é utilizada uma quantidade equivalente de manteiga, açúcar branco e farinha de trigo.

Assim, o processo consiste em preparar um creme com manteiga e açúcar para incorporar a maior quantidade de bolhas de ar possível na massa (aeração). A adição de ovos leva à homogeneidade da mistura, formando uma estrutura mais elástica para as bolhas de ar, de modo a impedir o colapso das mesmas e promover a sua expansão durante a cozedura. A adição de farinha proporciona estrutura e consolidação à massa.

Método cremoso reverso, ou two-stage method

Esta técnica é utilizada na preparação de bolos húmidos, nos quais os quatro ingredientes principais – farinha, açúcar, ovos e manteiga – possuem o mesmo peso. O método tem duas etapas: a mistura dos ingredientes secos com a manteiga e a adição dos ingredientes líquidos.

O processo dá-se da seguinte forma: a gordura da manteiga reveste as proteínas da farinha, protegendo-as do líquido posteriormente adicionado. Esta etapa evita também o desenvolvimento do glúten, cuja formação, como já foi dito, resulta numa textura mais rígida. Na segunda etapa, são adicionados os ingredientes líquidos, formando-se a massa homogénea.

Catarina Marino, 11ºC

imagem daqui

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Querido 2020,

   Estaria a mentir se dissesse que não foi um bom ano. Estaria a mentir se dissesse que foi um ano como outro qualquer. Estaria a mentir se dissesse que não cresci neste ano. Estaria a mentir se dissesse que não fui feliz neste ano. Estaria a mentir se dissesse que não tive dos melhores dias da minha vida. Estaria a mentir se dissesse que não tive o melhor bronze de todos os anos. Estaria a mentir se dissesse que não conheci até então o meu desconhecido país. Estaria a mentir.

   Apesar de ter sido um ano caótico, foi dos melhores anos da minha vida. Aprendi a valorizar mais, a ter ainda mais respeito pelo próximo, a não ligar ao que não tinha importância, a amar, a saber ouvir, saber compreender, saber respeitar o meu corpo e a amá-lo, saber até onde podia sonhar de olhos abertos. Fui feliz neste 2020, e estou feliz por poder estar a escrever isto, com saúde, por estar aqui no meu canto a pensar nas minhas coisas. Não foi perfeito, mas qual é a definição de perfeito? Para ser perfeito teria de ser como um conto de fadas, ou um filme de princesas? Não, isso seria meramente fantasia.

    A realidade é que só sentimos falta de um mero abraço, quando não estamos “permitidos” a dá-lo; só sentimos falta das multidões, quando nos são obrigatoriamente retiradas; só sentimos falta das caminhadas pela natureza ou pela praia, quando a única caminhada que fazemos é do quarto para cozinha, cozinha para sala e sala para o quarto. Foram muitos meses a ter esta rotina, a ter estes hábitos, a refletir sobre cada momento que já tínhamos vivido no passado, mas nada que o tempo não mude, começámos a ver a pequena luz ao fim do túnel.

   Veio o verão e o bom tempo, vieram os convívios de 5 pessoas, o distanciamento e todas as regras impostas pela DGS. Não posso dizer que estive em casa o verão inteiro porque não é verdade, cada um de nós tentou voltar à normalidade nestes dias anormais. Aproveitei muito este verão: cada mergulho foi um motivo para viver, cada riso foi uma libertação, cada grito foi um sinal de que se temos voz temos de lhe dar uso. Cada pôr-do-sol foi observado como se estivesse representado numa tela exposta num museu, e cada sorriso que observei (com máscara ou sem ela) fez-me perceber que todos temos problemas, mas todos temos tempo para demonstrar um sorriso verdadeiro. Porque a vida é mesmo isso, todos os dias teremos novos problemas, mas temos de saber enfrentá-los ou se não conseguirmos, já diz o ditado, “se não os consegues vencer, junta-te a eles”. Aprender a lidar com as coisas da vida pode não ser fácil, mas não é impossível.

   Setembro chegou e as borboletas na barriga também, comecei o meu secundário e estou mesmo agradecida por estas pessoas que entraram na minha vida, os meus colegas e professores, pessoas genuinamente incríveis, sinto-me sortuda por esta mudança ter superado as minhas expectativas. Outubro e novembro passaram a correr e para a semana já é Natal. Como assim já é Natal?

   Este Natal vai ser diferente, mas diferente não significa que seja mau, pelo contrário, poderemos e deveremos aproveitar cada momento como se fosse o último porque o dia de amanhã é incerto. Poderei cantar e dançar com a minha família e é a mais pura felicidade que alguma vez poderemos viver. Não vou pedir nada ao Pai Natal, porque tudo o que quero este ano é o convívio com os meus, não preciso de mais nada.

   Se tivesse de definir o que é felicidade, diria que é a minha vida, encaro cada dia como mais uma oportunidade para poder mostrar ao mundo que podemos ser felizes com muito pouca coisa, quase nada, nada mais do que a possibilidade de poder estar perto da minha família e amigos.

   Por fim, 2020, obrigada por me ajudares no meu caminho, obrigada acima de tudo por me fazeres perceber o sentido da vida (poderei estar errada), obrigada por todos os momentos que me deste oportunidade de viver.

“O progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada.” (George Bernard Shaw)

Ana Rita Duarte Silva, 10.º G

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Quem sou eu?

Caminho há três dias para o norte de França, onde dizem que os alemães estão a preparar um ataque direto a Paris. Fui recrutado pelo exército português contra a minha vontade mas, para ser sincero, até gosto da adrenalina da guerra. Sinto-me apenas mais um soldado, todos os meus problemas exteriores são irrelevantes, basta um milésimo de segundo e esses problemas perdem o significado. Estou num pelotão composto por dezasseis mil soldados todos iguais, todos valem o mesmo no meio desta guerra.

E assim Joaquim Leão caminha para a sua última batalha, de certa forma, ele é parecido comigo. Talvez pela sua consciência de não ser nenhum herói ou por saber que vale exatamente o mesmo que os outros. Obviamente o que Joaquim sente durante esta viagem é algo que eu não sinto. Talvez tu o consigas sentir, ou talvez eu descreva tão bem que o consigas sentir e, se não conseguires, faz como eu, finge que o sentes.

Desculpa, mãe, se estiveres a ler isto, significa que fiz o ato mais cobarde da história da humanidade mas não consigo viver comigo mesmo após o que ouvi, o que vi, o que fiz…

Desculpa pai, por te desonrar assim desta forma, mas matei um aliado. Juro que foi sem querer mas o que é certo é que o vi gritar de pânico enquanto morria lentamente.

E para ti, minha querida amada, desculpa não puder ver o nosso filho nascer, crescer, casar… mas a guerra é pior do que o diabo consegue imaginar. Nem sequer conseguimos distinguir um fiel aliado português de um alemão. Quando invadiram a nossa trincheira, havia tanto sangue, tanto pó, tanta confusão que apenas disparei. Quando me apercebi em quem tinha acertado fiquei paralisado e depois gritei de desespero, mas o meu grito foi abafado pelo som do que pareciam mil armas. Agarrei no corpo do soldado cujo nome ainda não sei, nem irei saber, e vi-o gritar de sofrimento, chorar e exclamar repetidamente “eu não quero morrer”, até que a sua voz parou de se ouvir e a sua alma foi entregue a Deus cedo demais.

Desculpem, mas não consigo viver sabendo que tirei essa oportunidade a outro homem.

Talvez Leão não seja de facto assim tão parecido comigo. O suicídio parece algo precipitado e pouco racional. Talvez o facto de ter assassinado o seu parceiro tenha sido um acontecimento tão forte que a sua consciência morreu com o parceiro e passou a reinar os sentimentos. Será que é essa a cura?

Volto a perguntar, quem sou eu?

Ass: Eu

Henrique Silva, 12ºB

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Escolhi este quadro do pintor Carlos Botelho, autor influenciado pelo modernismo, corrente artística marcada pela quebra dos padrões tradicionais.

Nesta obra está representado Fernando Pessoa. Observando o quadro, é notória a utilização de apenas três cores: vermelho, branco e preto. Por um lado, esta simplicidade cromática retrata a vida modesta e despojada do poeta. Por outro, contrasta com a complexidade da sua ideologia e reflexões.

Tendo esta obra sido produzida no Modernismo, é possível reconhecer algumas características representativas desse período, como é o caso da velocidade: as pinceladas rápidas e soltas dão uma sensação de movimento feroz. Este movimento poderá ser metafórico, estando associado à inquietação e desassossego do estado de espírito do próprio Fernando Pessoa.

A sensação de movimento foi também representada nesta obra pela pouca delimitação do rosto do poeta. Para além da ideia de movimento, o facto de o rosto não estar bem nítido, com linhas definidas, sugere a incerteza do poeta acerca da própria identidade. Fernando Pessoa não sabia quem era: Não sei quem sou, que alma tenho.[1]

O poeta sentia que era “vários” ao mesmo tempo, criando os tão conhecidos heterónimos (desdobramento da sua personalidade), levando-o a sentir o mundo e a poesia de diferentes modos, destacando-se Álvaro de Campos, engenheiro pessimista com o gosto pelo progresso, mas angustiado com o presente – Não sou nada./Nunca serei nada./Não posso querer ser nada [2]Alberto Caeiro, apaixonado pela Natureza – Além disso, fui o único poeta da Natureza [3] e Ricardo Reis, que gosta da simplicidade tradicional – Segue o teu destino,/Rega as tuas plantas,/Ama as tuas rosas.[4]

Assim, pode concluir-se que a imagem não representa um só indivíduo, mas antes, a reunião em si de todos os aspetos da extensa obra e da grande personalidade que foi Fernando Pessoa.

 

 Sara Boisseau, 12ºB

 

  • [1]  “Não sei quem sou, que alma tenho”, Fernando Pessoa
  • [2]Tabacaria”, Álvaro de Campos
  • [3]Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia”, Alberto Caeiro
  • [4] “Segue o teu destino”, Ricardo Reis

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O dia 3 de maio foi passado, num primeiro momento, no Mosteiro de Alcobaça e, após isso, na cidade medieval de Óbidos.

Os alunos do 10.º E e F puderam contemplar a beleza e imponência da arquitetura do Mosteiro de Alcobaça, fundado em 1153 por D. Afonso Henriques através de uma doação feita ao Monge S. Bernardo.

Mosteiro de Alcobaça

A visita ao grandioso edifício contou com duas guias que foram explicando a finalidade de várias das salas, trazendo o passado ao presente e aproveitando uma ou outra ocasião para questionar os alunos do curso de Línguas e Humanidades.

Ora, do Mosteiro faz parte uma igreja gótica composta pelo nártex, pelo deambulatório, pelas capelas radiantes, pela nave central e laterais, o cruzeiro e o transepto. E é precisamente neste último constituinte do Mosteiro onde se situam os mais belos túmulos que nos contam uma história de amor. A história de Romeu e Julieta, neste caso, a versão portuguesa – um enredo composto por D. Pedro, “o Justiceiro” e D. Inês. Vamos lá recuar no tempo e chamar o passado até aqui…

O acontecimento data do século XIV quando D. Pedro se apaixona por Inês de Castro, a dama de honor de D. Constança, a esposa do herdeiro ao trono. Diz-se que a beleza de Inês era tanta, que Pedro se apaixonou… e o sentimento era mútuo! Viveram assim um amor adúltero. Após ter ficado viúvo, D. Pedro pensou poder viver aquele romance livremente. O problema é que o seu pai, o rei D. Afonso IV, era contra esse casamento pois não queria perder a independência de Portugal para a Espanha. Diz-se, que apesar disso os dois apaixonados se casaram e tiveram 3 filhos.

Pedro e Inês (do filme homónimo de António Ferreira)

Infelizmente a vida dos dois “pombinhos” não foi um conto de fadas, tendo Inês de Castro sofrido às mãos do então rei de Portugal, ou devo dizer, às mãos dos assassinos que encomendou para fazerem o trabalho sujo.

Morreu a mulher apunhalada em frente aos filhos enquanto pedia misericórdia. Este momento trágico teve lugar em Coimbra, na Quinta das Lágrimas, onde, afirmam muitos, Inês foi morta. Reza a lenda que a cor vermelha que se vê nas rochas da fonte corresponde ao sangue derramado por Inês.

Ao olhar para os dois túmulos de Pedro e Inês, é impossível ficar indiferente aos pormenores que os cobrem; todos contam a história dos dois apaixonados! Em ambos os túmulos encontramos uma rosácea, que se divide em duas faixas circulares, a Roda da Vida (exterior) e a Roda da Fortuna (interior), sendo aqui que se representam cenas da vida dos dois amantes. Também as faces laterais foram decoradas – no caso de D. Pedro, encontramos cenas da vida do seu padroeiro, S. Bartolomeu. No que respeita ao túmulo de D. Inês, junto aos seus pés, a representação do juízo final (o dia em que as almas são julgadas) e, nas faces laterais encontramos cenas da vida de Jesus (desde a sua nascença, até ao momento da sua morte, na cruz), a quem, aliás, se fazem inúmeras referências através da Bíblia.

É curioso que os dois estão com os pés voltados para o cruzeiro o que nos remete logo para o encontro entre as suas almas: quando acordarem vão levantar-se e olhar um para o outro a fim de que se reconheçam.

pormenor dos túmulos de Pedro e Inês

Luís Manuel Ascensão, 10.º E

imagens daqui, daqui e daqui

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A Multiplicidade em Fernando Pessoa

fpA imagem que escolhi é da autoria do artista português Rui Pimentel. Representa, de uma forma curiosa, o autor Fernando Pessoa e o seu processo de fragmentação do “Eu”, que remete para a multiplicidade do poeta.

Esta gravura mostra o poeta em frente a um espelho que reflete três diferentes personalidades que constituem o seu “todo”, representando alguns dos heterónimos que assumiu.

O espelho, podendo assumir inúmeros significados, pode aqui ser encarado como um símbolo da verdade e sinceridade, um instrumento de contemplação, sendo possível atingir, o pensamento em si mesmo.

Tal como acontece no mito de Narciso1, também Pessoa se olha ao espelho com a finalidade de se conhecer. As várias reflexões surgem então como fragmentos do pensamento do poeta.

Através da sua poesia expressa o desejo que tem de conhecer o seu verdadeiro “Eu”, “Não sei quantas almas tenho/ Cada momento mudei./ Continuamente me estranho./ Nunca me vi nem achei.”2.

Esta necessidade de se conhecer leva-o a fragmentar-se em outros, que apesar da mesma aparência têm personalidades completamente distintas, “Atento ao que sou e vejo,/Torno-me eles e não eu./ Cada meu sonho ou desejo/ É do que nasce e não meu.”2.

Tal como representado na figura, neste processo de despersonalização destacaram-se Alberto Caeiro, poeta bucólico, antimetafísico e mestre dos outros – “Pensar é estar doente dos olhos”3, Ricardo Reis poeta clássico, e Álvaro Campos, poeta engenheiro, amante da ‘força da máquina’ – “Ah poder exprimir-me todo como um motor se exprime!”4 -, cuja vida acaba por tomar um rumo semelhante à do seu criador -“Não: Não quero nada/Já disse que não quero nada”5.

Perante a imagem conclui-se que o espelho funciona de certo modo como uma ferramenta que permite o autoconhecimento do próprio poeta e uma consequente expressão e materialização do seu pensamento.

Sara Cardoso, 12ºB

  1.  – Mito grego no qual um belo jovem se apaixona pelo seu reflexo e este acontecimento acaba por conduzir à sua morte.
  2.  – Não sei quantas almas tenho”, Fernando Pessoa
  3.  “O Mundo não se Fez para Pensarmos Nele”, Alberto Caeiro
  4.  – “Ode Triunfal”, Álvaro de Campos
  5. “Lisboa Revisitada”, Álvaro de Campos

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