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Archive for Novembro, 2008

Livros – o melhor antídoto contra o gás metano do aborrecimento e da vacuidade.

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Olá, comunidade leitora da Daniel Sampaio.

Venho falar-vos de um livro que li recentemente e que me agradou muito: ‘O Outro Pé da Sereia’ de Mia Couto.

“A viagem não começa quando se percorrem as distâncias, mas quando se atravessam as nossas  fronteiras interiores.” Mia Couto

Esta é a frase que melhor ilustra o verdadeiro conteúdo deste romance que cruza duas épocas tão distantes. Aqui encontramos a história de Mwadia Malunga e da sua famíla e a de D. Gonçalo Silveira, um missionário português que viaja de Goa para Moçambique em 1560.

Poderá parecer-vos que dificilmente haverá qualquer relação entre estas duas situações, mas estas histórias vão cruzar-se de forma fantástica e surpreendente para o leitor. Num misto de magia e realidade, Mia Couto consegue descrever ao leitor duas gerações tão distantes mas simultaneamente tão próximas nos seus desejos, medos e frustrações. Mia Couto vai ao fundo da natureza humana, mostrando que até o silêncio está sempre repleto de significado. Nada fica ao acaso neste livro, desde o espaço, a mística que envolve os cenários, o nome dos locais, das personagens, da linguagem que é utilizada, parece que cada palavra foi cuidadosamente selecionada de forma a cativar o leitor da 1ª à última página.

Sobre o autor, Mia Couto

Mia Couto nasceu na Cidade da Beira (Moçambique) em 1955, filho de uma família de emigrantes portugueses. Publicou os primeiros poemas no “Notícias da Beira”, com 14 anos. A partir de 1974, começou a fazer jornalismo, tornou-se director da Agência de Informação de Moçambique (AIM). Dirigiu também a revista semanal “Tempo” e o jornal “Notícias de Maputo”.

Em 1985 formou-se em Biologia. Foi também durante os anos 80 que publicou os primeiros livros de contos. Estreou-se com um livro de poemas, “Raiz de Orvalho” (1983), só publicado em Portugal em 1999. Depois, seguiram-se os contos: “Vozes anoitecidas” (1986) e “Cada Homem é uma Raça” (1990) e os romances, “Terra Sonâmbula”. A partir de então, apesar de conciliar as profissões de biólogo e professor, nunca mais deixou a escrita e tornou-se um dos nomes moçambicanos mais traduzidos: espanhol, francês, italiano, alemão, sueco, norueguês e holandês são algumas línguas. Outros livros do autor: “Estórias Abensonhadas” (1994); “A Varanda do Frangipani” (1996); “Vinte e Zinco” (1999); “Contos do Nascer da Terra” (1997); “Mar me quer” (2000); “Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos” (2001); “O Gato e o Escuro” (2001); “O Último Voo do Flamingo” (2000); “Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra” (2002). “O Fio das Missangas” (2004); “A chuva Pasmada”(2004); “Pensamentos”(2005); “O Outro Pé da Sereia”(2006); “Venenos de Deus e Remédios do Diabo” (2007).

Em 1999 foi vencedor do prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra, um dos mais conceituados prémios literários portugueses.

Boas leituras,

Prof. Eugénia Nunes


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A Patrícia é a primeira jovem leitora a escrever neste blog para a rubrica Os Livros da Minha Vida. Segue-se o seu texto com as nossas boas-vindas 🙂

Breve Resumo: Livro escrito por Robin Cook, cirurgião doutorado pelas Universidades de Wesleyan e da Colúmbia, que retrata corajosamente a verdade nua e crua do primeiro ano no exercício da medicina de um interno.

Este livro marcou-me significativamente de uma forma pessoal, pois o meu sonho e projecto de vida é (sempre foi, e sempre será, penso eu) “ser médica”, e o referido livro aborda exactamente a temática de um internato e respectivas condições de trabalho, habitação, alimentação, carga horária… Todos os factores ejovem-medicoxistentes num período de internato são descritos de um modo personalizado pela personagem principal, um médico interno, que vive durante esse período de tempo uma autêntica tortura, perdendo horas de sono, ignorando algumas refeições diárias devido aos horários exigentes… O protagonista também relata diversos casos retidos na sua memória, devido ao facto de o marcarem como pessoa, amigo e médico… Por vezes, não é suficientemente frio/firme para separar a vida pessoal e a vida profissional, ou para executar a sua função sem se impressionar inutilmente, o que constitui também um ingrediente para a receita do fracasso, com a qual ele se depara dia após dia e, consequentemente, tenta rejeitar todos os obstáculos que se encontrem no seu caminho. Ele, como bom aprendiz que era, observava pertinente e meticulosamente todos os métodos e processos médicos que envolviam perícia efectuados por parte de médicos veteranos mais experientes na matéria.

O livro “Jovem Médico”, de Robin Cook é extremamente intrigante e revelador de perspicazes lições de vida que transmitem óptimos ensinamentos aos jovens da actualidade.

A provação de um médico interno cheio de medo, de amargura e dominadora fadiga. Uma história de idealismo e devoção, luta e frustrações, escrita com eloquência e profundo conhecimento da Medicina.

Neste livro o protagonista é o jovem Dr.Peters e para seu infortúnio, ao 15º dia de internato morre um paciente, devido a um cancro que se disseminou no abdómen. Coube-lhe a penosa tarefa de informar os familiares…

Nos três primeiros meses o Dr. Peters passava a sua maior parte de tempo na unidade de cuidados intensivos (UCI) onde a acção era mais intensa e onde reinava um estado de crise permanente. Entre suturas, tratamentos e cirurgias foi nesta unidade que conheceu uma paciente que o marcou para sempre: a Sra.Takura velha simpática e agradável com um problema de fígado a qual foi sujeita a uma colecistectomia. Passadas duas horas da cirurgia, a Sra. Takura sofreu uma hemorragia mas que felizmente, foi controlada pelo cirurgião-chefe. O Dr. Peters nesta cirurgia limitou-se a segurar nos afastadores e a observar todos os passos. Mais tarde soube que a Sra. Takura tinha falecido. Sentiu-se frustrado e magoado. Como é que uma Sra. tão amável e afável falecia daquele modo? De uma forma tão repentina e inesperada?

Após três meses de internato, o Dr. Peters confrontou-se inadvertidamente com o termo MAC (morte à chegada) nas urgências, pois na escola não aprendeu como se comunicava a um familiar que o seu ente querido se encontrava morto quando chegou ao hospital. Com o passar do tempo as frases são pronunciadas automaticamente: «lamento profundamente, fizemos todos os possíveis mas o seu… morreu». Verdadeiramente não se fizera nada, mas estas palavras cheias de hipocrisia serviam para apaziguar o espírito dos familiares…

Nos últimos dias de internato, o Dr. Peters assistiu a todo o tipo de cirurgias, cabendo-lhe a tarefa de segurar os afastadores e ouvindo todo o género de ironias e conversas fúteis dos cirurgiões, enfermeiras e anestesistas mais experientes abafando a sua raiva, hostilidade e cansaço.

Conclusão: Todas as vidas humanas possuem valor, devendo ser salvaguardadas com máxima prioridade, por parte dos profissionais de saúde responsáveis pelas mesmas. Como diria Albert Einstein: “O verdadeiro valor de um homem determina-se examinando em que medida e em que sentido conseguiu libertar-se do ego”.Um médico ao salvar uma vida, salva um filho, um pai, um avô, um primo de alguém e deverá preservar o espírito de entreajuda e sacrifício. Francisco Villaespesa diria: “Nada é barato nem caro, tudo é igual na vida… As coisas valem apenas o que custa consegui-las.”, significando que os actos de sacrifício efectuados durante a preparação académica de médico, ou mesmo após a sua formação, serão valorizados através do salvamento de uma vida …

Sobre o autor, Robin Cook

Escritor jovem e bem sucedido, nasceu nos subúrbios de Nova York, em 1942. Em criança sonhava ser arqueólogo. A antiguidade egípcia fascinava-o e era frequentador assíduo do Museu Metropolitano de Manhattan. Porém, aos 15 anos decidiu tornar-se médico. Estudou na faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade de Colúmbia, especializando-se em oftalmologia. Ainda estudante, trabalhava esporadicamente como assistente do conhecido oceanógrafo Jacques Cousteau em explorações científicas submarinas. Quando se formou viveu experiências variadas – desde cirurgião residente num hospital do Havai a médico de um submarino nuclear .

Patrícia Pires, 10ºB

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Para saber as iniciativas que estão a ser desenvolvidas, quais as obras que são recomendadas para leitura lúdica no 3º Ciclo, para tentar ajudar os nossos alunos a Ler +, visite o sítio:

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Desde há muito tempo que uma das maneiras mais diabolicamente eficazes e mentalmente refrescantes de entendermos o mundo e rirmos de nós próprios como pessoas, classes sociais/profissionais, países é através da sátira.

A sátira é uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema, indivíduo, organização, estado, geralmente como forma desatiro intervenção política ou outra, com o objectivo de provocar ou evitar uma mudança (…)

A palavra Sátira provém da figura mitológica dos Sátiros que eram personagens obrigatórios dos “dramas satíricos”, peças leves que o teatro grego apresentava como complemento e alívio cómico de uma trilogia trágica em honra de Dioniso, que abordava o tema central da série de tragédias sob um aspecto mais leve. Nos dramas satíricos, os heróis agem de maneira séria, mas seus actos são satirizados por comentários irreverentes e obscenos dos sátiros que os acompanham.

Em Portugal a literatura satírica medieval revelou-se nas cantigas de escárnio e maldizer que chegaram até aos nossos dias em manifestações tão recentes como as rábulas da revista ou as maledicências nos desfiles carnavalescos.doc3

Gil Vicente foi porém aquele que ficou para História com os seus Autos e Farsas que punham a nu os podres da sociedade da sua época em obrascomo o doc1Auto da Barca do Inferno e o Auto da Índia (onde o adultério resultante do abandono das mulheres durante as longas viagens marítimas do século XVI é comicamente retratado). Bocage é igualmente conhecido pela poesia satírica que já em vida o tornou célebre, para o melhor e para o pior, e que ainda hoje é capaz de fazer corar muito leitor com a “ousadia” da sua linguagem.

No século XIX, Eça e Ramalho Ortigão distinguiram-se pelas suas corrosivas crónicas publicadas sob o nome de As Fadoc5rpas, sendo

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grande parte dos romances do Eça narrativas irónicas, satíricas: caricaturas do Portugal do seu tempo – mas doc21podem crer que ainda os podemos ver, os já mais de centenários Dâmasos Salcedes e Conselheiros Acácios, passeando-se alegremente na nossa sociedade contemporânea.

Ainda se lembram, nos anos oitenta do século XX, das crónicas do MEC? (Miguel Esteves Cardoso)

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Também sei que, pelo estado das capas dos livros, muitos dos nossos jovens leitores não deixaram a criar pó nas estantes o humor do Nuno Markl com O Homem que mordeu o Cão.

No entanto, se falamos de cães, com muito mais motivo podemos lembrar os Gatos… Fedorentos, pois o mais conhecido deles – R.A.P (Ricardo Araújo Pereira) – não só é uma estrela semanal do nosso humor televisivo como também um dos cronistas satíricos mais interessantes na nossa actual imprensa escrita. A sua Boca do Inferno reune essas crónicas que, pelos vistos, encontrou num dos nossos leitores um fan tão incondicional, que levou o único exemplar de que drapispunhamos na nossa biblioteca.

E é assim que lhes propomos esta viagem histórica por alguma sátira produzida nesta Ocidental Praia Lusitana e que espera por vocês nas nossas estantes.

(… É evidente que, se o fan incondicional do R.A.P achar que os outros leitores também têm direito a lê-lo, agradecemos em nome deles o seu regresso. É com muito agrado que vemos os livros sairem das estantes, mas gostávamos igualmente que pudessem voltar – mais não seja para poderem sair de novo. )

Até breve.

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Fernando Rebelo

Nota: as citações em itálico foram adaptadas de http://pt.wikipedia.org

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Este post é especialmente dedicado aos que este ano se iniciam nas lides filosóficas. Recomendamos, pois, um encontro escaldante  na esquina filosófica da nossa estante. Há muita coisa boa e jeitosa por onde escolher.

Atenção! Esta é uma selecção de livros para um primeiro encontro. Para relações (filosóficas!) mais avançadas, sugerimos que estejam atentos a um futuro Na Estante Com…

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