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Posts Tagged ‘Fernando Pessoa’

No dia 23 de fevereiro de 2023, fui com a minha turma numa visita de estudo a Lisboa.

Esta foi realizada no âmbito da disciplina de Português, em que realizámos um “caminho pessoano”, caminho este que me fez passar por muitos dos marcos da vida do poeta Fernando Pessoa, que estão imortalizados nas ruas de Lisboa. Começando no largo de São Carlos, local de nascimento do poeta, passando por vários outros locais onde o mesmo havia trabalhado, pelas ruas da baixa de Lisboa, bem como por locais frequentados pelo poeta, como o café “A Brasileira” e o “Martinho da Arcada”.

Ao deambularmos pelas ruas da baixa da cidade, enquanto tentava entender a vida deste poeta, senti-me imerso na sua história de vida, tentando perceber como era a sociedade portuguesa do início do século XX, auxiliando-me das fachadas dos prédios, que, apesar de restaurados, mantêm a arquitetura presente na época.

O ponto que mais me marcou nesta visita foi quase no final da mesma, no “Martinho da Arcada” local onde Fernando Pessoa se encontra imortalizado através da mesa onde o mesmo se sentava, visto que era cliente habitual da casa. Ali, pude conviver com os funcionários que partilharam a história deste mítico restaurante no coração de Lisboa, onde Fernando Pessoa estava sempre presente, demonstrando a sua forma de ser para além da sua escrita, algo que me fascinou.

Concluímos esta visita de estudo no cais das colunas no Terreiro do Paço, onde nos reunimos e homenageámos este grande poeta lendo poemas do mesmo. Foi um momento tranquilo e enriquecedor, perfeito para terminar este dia.

João Lopes, 12ºD

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Percurso pessoano em Lisboa

 Na quinta-feira, dia 23 de fevereiro, nós, alunas do 12.º D, visitámos a cidade de Lisboa, em especial locais que marcaram a vida do poeta Fernando Pessoa.

Após a partida de Cacilhas, chegámos ao Cais do Sodré, num dia de sol radiante, mas bastante ventoso. Iniciámos o nosso percurso seguindo o roteiro estabelecido, começando por uma visita ao local de nascimento de Pessoa, acompanhada da leitura de vários poemas do mesmo, situação recorrente ao longo de todas as paragens no percurso. Alguns dos locais mais interessantes por onde passámos foram o café A Brasileira, que mantém uma decoração tradicional que nos fascinou, o hospital St.Louis, local da morte do poeta que ainda hoje o celebra ao manter uma placa com a última frase dita pelo poeta: “I know not what tomorrow will bring”. O local preferido foi, sem sombra de dúvidas, a livraria Bertrand, a mais antiga livraria do mundo, que conta com várias obras do poeta entre as suas prateleiras e que, como leitoras, foi um total paraíso. Terminámos o percurso no cais das colunas onde lemos vários poemas e textos de Pessoa enquanto uma atenta plateia de gaivotas nos sobrevoava.

Em conclusão, a visita foi muito interessante, pois através deste percurso conseguimos descobrir mais sobre a vida do poeta e andar pelas mesmas ruas que ele, aproximando-nos da sua perspetiva. O património literário português foi enaltecido e os alunos divertiram-se.

Mariana Santana e Matilde Guerra, 12.º D

No âmbito da disciplina de português, os alunos das turmas D e F do 12° ano realizaram um passeio pessoano pela cidade de Lisboa, no dia 23 de fevereiro, acompanhados por professores de Português, Matemática e História.

Os alunos percorreram as ruas de Lisboa, começando no Largo de São Carlos, local onde Fernando Pessoa nasceu, no dia 13 de junho de 1888. Passaram por outros locais de importância na vida do poeta como A Brasileira, café onde o poeta se encontrava com outros intelectuais da época. Visitaram também o restaurante A Licorista onde Pessoa foi fotografado em “flagrante delitro” por Carlos Queirós. Esta fotografia está imortalizada num painel de azulejo no interior do restaurante e representa o reatar do seu namoro com Ofélia Queirós. Tiveram também a oportunidade de visitar a livraria Bertrand, a mais antiga do mundo, local frequentemente escolhido pelo poeta para comprar os seus livros. Depois de almoçarem na zona do Chiado, os alunos dirigiram-se ao cais das colunas, passando antes pelo café e restaurante Martinho da Arcada, outro local onde o poeta se reunia com os seus companheiros do grupo de Orpheu. Já no cais das colunas, onde o vento se fez notar, os alunos terminaram a visita com a leitura de alguns poemas do ortónimo e dos heterónimos.

A visita de estudo permitiu aos alunos explorar a obra e vida deste poeta célebre, de uma forma descontraída e divertida, conhecendo Lisboa através dos olhos de Fernando Pessoa.

Luana Vieira e Madalena Almeida, 12°D

No dia 23 de Fevereiro, seguimos  os passos de Fernando Pessoa. Incorporámos a sua rotina e percorremos  a sua pegada desde o nascimento até à sua morte.

Iniciamos na casa onde nasceu um dos maiores escritores portugueses e terminámos no cais das colunas a recitar alguns dos seus mais célebres poemas, seleccionados pelos “corajosos” alunos.

O facto de passarmos pelos espaços mais frequentados por Pessoa, café Brasileira,   Chiado, Biblioteca Bertrand , teatros ente outros, fizeram-me entender melhor a sua personalidade e aproximar-me da sua forma de pensar .

Foi um agradável e instrutivo tempo passado com colegas e professores, pois permitiu ter uma dose de divertimento ao mesmo tempo que aprendia factos pessoais sobre o poeta.

Mariana Arzeni, 12ª F

Com o percurso pessoano, realizado no dia 23 de fevereiro, não só “revivi” o dia a dia de um grande poeta, como também foi-me permitido  alargar a minha sabedoria sobre a cidade de Lisboa e a sua história (através do acompanhamento da professora Luísa Ferreira, professora de História).

Considerei o percurso em si bastante completo, visitámos o local onde Fernando António Nogueira Pessoa nasceu, no dia 13 de Junho de 1888, a Basílica, onde este foi baptizado, os seus locais predilectos (a Brasileira) e infelizmente não podemos entrar no café/restaurante Martinho da Arcada, mas foi posteriormente contextualizado pela Profª. Ana Duarte.

De seguida, foi-nos dada a oportunidade de explorar a livraria mais antiga do mundo (desde 1732) se bem me recordo. Visualizamos o quadro onde o poeta foi apanhado a cometer o “Delitro” , no restaurante A Licorista.

E por fim, o Hospital St Louis, onde Fernando pessoa morreu dizendo “I know what tomorrow bring”

Sara Silva, 12ª F

Atividade organizada pelas professoras Rute Magalhães e Ana Duarte

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Na Biblioteca da DS, no dia 30 de novembro, realizámos uma FESTA muito participada, tendo como centro a leitura de poemas do homem que “foi todo ele uma literatura”: Fernando Pessoa.
 
Alunos e alunas de 10 turmas (4.º A, 9.º E, 10.º A., 11.º B,C, D, 12.º A, D, F e 12.º CTAE) estiveram envolvidos/as, bem como muitos professores/as: Rute Magalhães, Vítor Maia, Carlos Amaral, Ana Duarte, Francisca Galamba, Ana Filipe, Dulce Sousa e a Equipa da Biblioteca.
Procurámos uma articulação entre ciclos para que Fernando Pessoa, que desde criança criou os seus amigos imaginários, se torne uma presença familiar para todos nós também desde cedo.
Assim, o 4.º A, da E. B. Marco Cabaço ouviu algumas das leituras encenadas, mas ouviu especialmente “Era uma vez…Fernando Pessoa” (e-book), história criada e lida por alunas do 12.º F, e participou também no Atelier de Expressão Plástica, dinamizado pelas alunas do C. T. de Ação Educativa, orientadas pela professora Francisca Galamba. 
 
Houve muita música, a das palavras e a dos nossos tocadores: Dinis (bateria), Miguel (guitarra elétrica), Rodrigo (viola acústica) e Tiago (violino). A poesia, as palavras e a emoção dominaram o ambiente e tudo se transformou em “Pessoas com alma de PESSOA”.
 
Escola Em Movimento
Biblioteca Viva.
Obrigada.
 
Dulce Sousa
 

“Este dia ficará para sempre na minha memória.”


Na passada quarta-feira, dia 30 de novembro de 2022 houve, na biblioteca da escola
Daniel Sampaio, uma homenagem ao grande poeta Fernando Pessoa. Eu tive o grande
privilégio de fazer parte deste momento.
Uns minutos antes de começar, senti umas borboletas na barriga. Questionava-me
sobre o que iam pensar de mim, sobre o que iriam achar do espetáculo. Quando vi os meus
amigos e colegas vestidos como eu, as borboletas acalmaram. Quando chegaram os alunos
das outras turmas que também participaram, essas borboletas desapareceram por
completo. Estávamos todos juntos, unidos pelo gosto que partilhamos pela poesia deste
maravilhoso autor.
Para mim, os ensaios foram dos momentos mais marcantes de toda esta
experiência. Todos reunidos em roda de uma mesa, com os músicos a treinarem e a
decidirem o que iam tocar no grande dia e o tempo passava por nós sem que notássemos.
Ninguém estava muito preocupado com as horas, não queríamos que aqueles momentos
felizes acabassem.
Apesar de ainda não estar a estudar a poesia de Fernando Pessoa, foi muito
interessante conhecer um pouco mais dos seus poemas. É certo que este dia ficará para
sempre na minha memória.

Isabel Ferreira, 11.º D

 

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É mais ou menos assim que eu imagino Fernando Pessoa no dia 30 de novembro de 1935. Imagino que nas suas últimas horas se tenha sentido sozinho, e pensativo, característica que carregou às costas durante 47 anos de vida.

Durante anos, Fernando Pessoa limitou-se a existir, não se permitindo viver realmente. Todos os momentos que poderiam ser motivo de prazer, foram motivo de reflexão. Fernando Pessoa nunca se preocupou com cargos notáveis, tendo optado por ocupações que lhe permitiam investir tempo nas suas produções artistas. A sua vida amorosa constitui também, a par da sua vida social, material para apenas uma página da sua biografia.

Seria de esperar que um poeta que é capaz de reconhecer o motivo da sua infelicidade tentasse combate-la, mas Pessoa transferiu para a poesia tudo aquilo que não conseguiu sentir. A solução por ele encontrada serviu apenas para piorar o problema que o atormentou durante tanto tempo.

Se levarmos em conta o Fingimento Poético apresentado por Pessoa, chegamos à conclusão de que escrever, requeria reflexão, pensamento e mais, emoções. Emoções estas que eram fingidas e manipuladas consoante a vontade do autor, o que implicava, mais uma vez, uma desconexão completa com o interior por parte do autor, e o exercer da lógica, o que contribuiu para perpetuar a falta de sentimento, transversal à vida de Pessoa.

Consigo imaginar que a Dor de Pensar, que mencionou em poemas como “Ela canta, pobre ceifeira”, estava lá, a assombra-lo e a trazer ao de cima todos os momentos não sentidos. Que conclusão terá Pessoa retirado dos seus últimos momentos? Talvez numa vida posterior, Pessoa tenha a oportunidade de aproveitar os pequenos prazeres mundanos e colocar acima da razão a emoção, permitindo-se sentir tudo aquilo acerca do qual refletiu.

Beatriz Augusto, 12ºB

imagem daqui

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madalena

A imagem que eu escolhi é da autoria de Rui Carruço, um artista português. Este quadro representa, indubitavelmente, o retrato de Fernando Pessoa e demonstra a fragmentação que lhe é característica. Esta fragmentação representada, e consequente multiplicidade, é concordante com as vanguardas do tempo em que o poeta viveu, uma época de crise de valores, de rutura com o passado e de rumo ao futuro, um período caracterizado pelo início do Modernismo.

Analisando o quadro de Rui Carruço numa primeira abordagem, consigo observar a utilização de cores opostas, cores quentes e frias, segundo o modelo do círculo cromático, principalmente os tons azulados, pretos e alaranjados.

Já analisando a gravura de uma forma mais interpretativa, consigo ver as disposições de vários fragmentos repetidos, pertencentes à imagem original, a face de Fernando Pessoa, que sugere a original “multiplicidade individual” que define o autor.

As obras de Pessoa caracterizam-se, entre outros aspetos, pelo seu caráter racional e consciente, que prioriza a razão às emoções, e que leva, consequentemente, à tristeza e inveja dos que, na sua perfeita inconsciência, são felizes: “Ah, poder ser tu, sendo eu”[1]. Poemas como “Autopsicografia” e “Isto” são um claro exemplo desta afirmação.

Tendo sempre como base as características acima mencionadas, o poeta no seu processo criativo lidava com uma diversidade de temas e, destes, alguns acabavam por integrar algumas obras. Um destes temas foi a identidade, para que a figura remete.

Suposto isto, o poeta sujeitou-se a uma autorreflexão. No entanto, esta capacidade, que deveria permitir saber a identidade do poeta, revela-se infrutífera, dado que o sujeito em questão somente descobre que não se identifica com o que vê: “Eu vejo-me e estou sem mim,/Conheço-me e não sou eu.”[2].

Assim, acontece a fragmentação e consequente despersonalização representada na imagem, em que o “eu” torna-se o objeto da avaliação. Esta avaliação decorre porque o poeta, na insuficiência que a sua personalidade reflete ser, tenta, utilizando a razão, desmistificar todo o seu ser. Neste processo, retiram-se as características que fazem de uma pessoa, uma pessoa.

Conforme a imagem retrata, esta crise de identidade incita o poeta a conhecer-se a si próprio, e assim surgem os heterónimos, fragmentações aparentemente iguais, mas com personalidades e, por conseguinte, estilos criativos, completamente distintos: “Atento ao que sou e vejo,/Torno-me eles e não eu./ Cada meu sonho ou desejo/ É do que nasce e não meu.”[3]. Destes heterónimos, destacam-se Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Concluindo, a imagem permite analisar a crise de identidade que despersonalizou, fragmentou, e multiplicou a personalidade do autor, e que, inquestionavelmente, é o núcleo do universo pessoano. Observa-se que mesmo não se “encaixando” entre si, todos os fragmentos formam um todo: Fernando Pessoa.

[1] “Ela canta, pobre ceifeira” – Fernando Pessoa

[2] “Gato que brincas na rua” – Fernando Pessoa

[3] “Não sei quantas almas tenho” – Fernando Pessoa

Madalena Vitorino, 12ºE

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clara pereira

Esta pintura de Ricardo Ferrari, da coleção “Lembranças da minha Infância”, de 2012, transporta-nos para um tempo feliz, de brincadeiras tradicionais, de liberdade de movimentos, em que os próprios tons usados nos dão uma sensação de calor e harmonia.

Pode-se voltar à infância e escrever sobre esse regresso por muitos motivos. No caso de Pessoa e do seu ortónimo, quando escreve sobre isso, ele não revive esse tempo, já que não viveu uma infância particularmente feliz. É a sua razão que cria essas lembranças e emoções e o ajuda a enfrentar a realidade adulta: “E hoje que sinto aquilo que fui, minha vida flui, feita do que minto.”1

A fuga para uma ideia feliz da infância torna-se, ao mesmo tempo, num confronto com a ausência de felicidade que ele sente no momento em que escreve. Esse contraste entre o tempo em que a inocência  lhe permitia não pensar e o tempo presente, de confusão e sofrimento interiores, é também muito duro de aceitar: “ A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou; Mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir buscar quem fui, onde ficou.”2

Na pintura, as crianças não têm rosto. Não é a sua história pessoal que interessa ao pintor. É , sim, transmitir a ideia de um início igual e cheio de esperança no futuro, lugar onde se pode voltar quando tudo deixa de fazer sentido: “Quando era criança vivi, sem saber, só para hoje ter aquela lembrança.”3

Fernando Pessoa e o pintor Ferrari inventam um tempo e é esse tempo que os sustentará no futuro, como se fosse uma bengala, a que recorrerão de cada vez que caírem.

  • Quando era criança”, Fernando Pessoa
  • “A criança que fui chora na estrada”, Fernando Pessoa
  • “Quando era criança”, Fernando Pessoa

Clara Pereira, 12ºB

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Há algo neste quadro que logo me desperta uma emoção. Alegria. A simpleza da paisagem e o seu tom quente e acolhedor, presumo, estão na origem do problema. Problema porque logo, logo, começo a pensar “porquê?”. Porquê esta emoção? Será que imagino alguma memória inexistente na qual me embrenho, confundindo os indistinguíveis sonho e realidade? Ou será que imagino uma simples canção, talvez, ecoando ondeante no pensamento, como um “comboio de corda”? E mais importante, ao contrário de Fernando Pessoa, será que esta alegria me durará? Acho que já falhei.

É a resposta a que Fernando Pessoa chega – quando se pensa, não se sente. A emoção é algo espontâneo. Porque é ao observarmos mais de perto algo, que começamos a reparar em pormenores que logo desfazem a imagem no seu contexto total. Apercebemo-nos de todas as pequenas imperfeições, que rasgam, ferozmente, as emoções antes sentidas.

Esta pintura de Van Gogh, “Moisson en Provence”, por exemplo, observada com uma consciência nula, faz-nos sentir felicidade: a paz do campo e as cores provincianas sossegadas; a moleza do quente, e das férias. Mas é procurando ao fundo, lá bem longe, já conscientes, que percebemos umas manchas esbatidas de tristeza e frio.

É a essas manchas que Fernando Pessoa chega, seja qual for o caminho que toma para tentar alcançar a inalcançável alegria, por não ser capaz de deixar de pensar. Aliás, pensa tanto que já nem sabe bem quem é. Já não se reconhece – “Eu vejo-me e estou sem mim, / Conheço-me e não sou eu.” – nem reconhece quem foi – “Se quem fui é enigma”.

Pessoa fica, assim, preso num abismo eterno, vendo por vezes momentaneamente a luz da alegria, desfeita em seguida, desejando a cada momento que pare de pensar, e sinta “Isto” no seu coração.

Guilherme Dias, 12ºC

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No passado dia 2 de dez., o poeta fingidor, Fernando Pessoa, viu a sua vida e obra ser recriada e homenageada por alunos do 12 ano dos Cursos Profissionais, na biblioteca da ESDS.
Em estilo café-concerto, Fernando Pessoa revelou o seu “eu” fragmentado e plural. Eis então que surgem Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e até mesmo Alexander Search, que em registo musical emocionou a plateia – E. E., alunos, Professores, Direção.
Os alunos e alunas assumiram com convicção os rostos do poeta através de sentidas leituras de interessantíssimos poemas. Alguns bem divertidos, revelando um Fernando Pessoa (ou seria Álvaro de Campos?!…)  irónico, meigo e ridículo, pois “todas as cartas de amor são/ Ridículas. […] Mas, afinal, /Só as criaturas que nunca escreveram/ Cartas de amor/ É que são/ Ridículas”.
Também através da dança e da música estes (re)criadores deram “vida” ao grande escritor da língua portuguesa, falecido a 30 de novembro de 1935, data que este café-concerto pretendia também assinalar.
Sob orientação e organização das Professoras Maria Chinopa e Rute Magalhães (Português), bem como com a colaboração e monitorização das Professoras Paula Duque (Português/Música)e Conceição Marchã (Inglês), o café-concerto foi um sucesso de diversidade pedagógica e de abordagem interdisciplinar, a que não quis faltar o próprio Fernando Pessoa.
Que voltem sempre, ó Utilizadores, ó Leitores, ó Escritores desta biblioteca!
Dulce Sousa

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Escolhi este quadro do pintor Carlos Botelho, autor influenciado pelo modernismo, corrente artística marcada pela quebra dos padrões tradicionais.

Nesta obra está representado Fernando Pessoa. Observando o quadro, é notória a utilização de apenas três cores: vermelho, branco e preto. Por um lado, esta simplicidade cromática retrata a vida modesta e despojada do poeta. Por outro, contrasta com a complexidade da sua ideologia e reflexões.

Tendo esta obra sido produzida no Modernismo, é possível reconhecer algumas características representativas desse período, como é o caso da velocidade: as pinceladas rápidas e soltas dão uma sensação de movimento feroz. Este movimento poderá ser metafórico, estando associado à inquietação e desassossego do estado de espírito do próprio Fernando Pessoa.

A sensação de movimento foi também representada nesta obra pela pouca delimitação do rosto do poeta. Para além da ideia de movimento, o facto de o rosto não estar bem nítido, com linhas definidas, sugere a incerteza do poeta acerca da própria identidade. Fernando Pessoa não sabia quem era: Não sei quem sou, que alma tenho.[1]

O poeta sentia que era “vários” ao mesmo tempo, criando os tão conhecidos heterónimos (desdobramento da sua personalidade), levando-o a sentir o mundo e a poesia de diferentes modos, destacando-se Álvaro de Campos, engenheiro pessimista com o gosto pelo progresso, mas angustiado com o presente – Não sou nada./Nunca serei nada./Não posso querer ser nada [2]Alberto Caeiro, apaixonado pela Natureza – Além disso, fui o único poeta da Natureza [3] e Ricardo Reis, que gosta da simplicidade tradicional – Segue o teu destino,/Rega as tuas plantas,/Ama as tuas rosas.[4]

Assim, pode concluir-se que a imagem não representa um só indivíduo, mas antes, a reunião em si de todos os aspetos da extensa obra e da grande personalidade que foi Fernando Pessoa.

 

 Sara Boisseau, 12ºB

 

  • [1]  “Não sei quem sou, que alma tenho”, Fernando Pessoa
  • [2]Tabacaria”, Álvaro de Campos
  • [3]Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia”, Alberto Caeiro
  • [4] “Segue o teu destino”, Ricardo Reis

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A Multiplicidade em Fernando Pessoa

fpA imagem que escolhi é da autoria do artista português Rui Pimentel. Representa, de uma forma curiosa, o autor Fernando Pessoa e o seu processo de fragmentação do “Eu”, que remete para a multiplicidade do poeta.

Esta gravura mostra o poeta em frente a um espelho que reflete três diferentes personalidades que constituem o seu “todo”, representando alguns dos heterónimos que assumiu.

O espelho, podendo assumir inúmeros significados, pode aqui ser encarado como um símbolo da verdade e sinceridade, um instrumento de contemplação, sendo possível atingir, o pensamento em si mesmo.

Tal como acontece no mito de Narciso1, também Pessoa se olha ao espelho com a finalidade de se conhecer. As várias reflexões surgem então como fragmentos do pensamento do poeta.

Através da sua poesia expressa o desejo que tem de conhecer o seu verdadeiro “Eu”, “Não sei quantas almas tenho/ Cada momento mudei./ Continuamente me estranho./ Nunca me vi nem achei.”2.

Esta necessidade de se conhecer leva-o a fragmentar-se em outros, que apesar da mesma aparência têm personalidades completamente distintas, “Atento ao que sou e vejo,/Torno-me eles e não eu./ Cada meu sonho ou desejo/ É do que nasce e não meu.”2.

Tal como representado na figura, neste processo de despersonalização destacaram-se Alberto Caeiro, poeta bucólico, antimetafísico e mestre dos outros – “Pensar é estar doente dos olhos”3, Ricardo Reis poeta clássico, e Álvaro Campos, poeta engenheiro, amante da ‘força da máquina’ – “Ah poder exprimir-me todo como um motor se exprime!”4 -, cuja vida acaba por tomar um rumo semelhante à do seu criador -“Não: Não quero nada/Já disse que não quero nada”5.

Perante a imagem conclui-se que o espelho funciona de certo modo como uma ferramenta que permite o autoconhecimento do próprio poeta e uma consequente expressão e materialização do seu pensamento.

Sara Cardoso, 12ºB

  1.  – Mito grego no qual um belo jovem se apaixona pelo seu reflexo e este acontecimento acaba por conduzir à sua morte.
  2.  – Não sei quantas almas tenho”, Fernando Pessoa
  3.  “O Mundo não se Fez para Pensarmos Nele”, Alberto Caeiro
  4.  – “Ode Triunfal”, Álvaro de Campos
  5. “Lisboa Revisitada”, Álvaro de Campos

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Nasci exactamente no teu dia —fp

Treze de Junho, quente de alegria,

Citadino, bucólico e humano,

Onde até esses cravos de papel

Que têm uma bandeira em pé quebrado

Sabem rir…

Santo dia profano

Cuja luz sabe a mel

Sobre o chão de bom vinho derramado!

 

Santo António, és portanto

O meu santo,

Se bem que nunca me pegasses

Teu franciscano sentir,

Católico, apostólico e romano.

 

[…]

Dizem que foste um pregador insigne,

Um austero, mas de alma ardente e ansiosa,st

Etcetera…

Mas qual de nós vai tomar isso à letra?

Que de hoje em diante quem o diz se digne

Deixar de dizer isso ou qualquer outra coisa.

[…]

 

(Qual santo nem santeza!

Deita-te noutra cama!)

Santos, bem santos, nunca têm beleza.

Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? …

Tira lá essa capa!

Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico

Em fantasia, promoveu-te a manjerico.

 

Sê sempre assim, nosso pagão encanto,

Sê sempre assim!

Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,

Esquece a doutrina e os sermões.

De mal, nem tu nem nós merecíamos tanto.

Foste Fernando de Bulhões,

Foste Frei António —

Isso sim.

Porque demónio

É que foram pregar contigo em santo?

 

Fernando Pessoa: Santo António, São João, São Pedro. Fernando Pessoa. (Organização de Alfredo Margarido.) Lisboa: A Regra do Jogo, 1986.

Imagens daqui e daqui 

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LdoD

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fp 80 anos

imagem editada daqui

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quinto impérioNa sequência de uma atividade realizada no âmbito do estudo da obra Mensagem de Fernando Pessoa, o aluno João Ribeiro, do 12ºF, associou a proposição inscrita na imagem ao lado, sobre o conceito de Quinto Império, à linguagem matemática, da forma que abaixo se apresenta, com o intuito de representar uma afirmação de cariz literário sob a forma de um raciocínio lógico-matemático.

Dulce Sousa (professora de Português do 12ºF)

  • Colaboração na revisão e edição de Fátima Delgado (professora de Matemática)
  • imagem editada daqui

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Esta imagem simboliza nascimento, representando o criar algo inovador, como este escritor criou. O conjunto de todas essas criações é o universo “pessoano”. O centro desse universo é o ovo inteiro, é Fernando Pessoa, com tudo o que ele inclui e o assombra.

imagem original da autora do texto

imagem original da autora do texto

Porquê um ovo? Este ovo é invulgar, diferente de tantos outros, de todos os que habitualmente se vêm. Na realidade um ovo é a primeira célula de um novo ser, tendo, portanto, a capacidade de gerar todos os tipos de células de que esse ser será constituído, designando-se, portanto, célula totipotente. É uma célula que tem tudo, o que lhe tira a identidade própria, a especificidade, apesar de no fundo a ter.

Um ovo no qual surgiu mais do que apenas uma gema, um ser intrinsecamente diferente! Este ovo é uma metáfora de Fernando Pessoa, na medida em que dentro dele surgiu mais do que apenas uma personalidade, diferenciando-o dos restantes artistas. A heteronímia torna-o semelhante a uma célula totipotente e surgiu devido ao fingimento (construção), que ele considera ser a base da poesia e da arte.

Mas o que acontece ao ovo? O que acontece a Fernando Pessoa? O que são exatamente cada um desses poetas por ele criados? Ora, tudo o que surgiu com base no início já existia inicialmente, porém estava tudo junto e indiferenciado. Fernando Pessoa não desaparece, todavia, passa a ser uma entre as inúmeras células (isto é, poetas/personalidades) que dele surgiram. Ele passa então a designar-se por ortónimo e os restantes poetas que dele surgiram são os heterónimos. Este poeta, no seu ovo inicial sem identidade, dividiu-se em dois, e depois em muitos mais, já com especificidade. Assim, criou poetas únicos e distintos, à semelhança das distintas funções desempenhadas por cada tipo de células.

Exteriormente, parece uma pessoa comum, assim como este ovo antes de o quebrar. Porém, ao abrir-se, constata-se que o interior já não é assim tão comum. A quebra do ovo revela o seu interior e representa o momento de quebra da sua personalidade, isto é, quando a sua personalidade muda e passa a comportar-se e a escrever como um dos seus heterónimos. O serrilhado recorte da casca simboliza a sua instabilidade, que é causadora da rutura e também a sua dor. Por sua vez, a parte lisa da casca, que na realidade não é lisa, mas sim porosa, demonstra que mesmo o que à primeira vista parece bem, na realidade, ao observar mais detalhadamente, encontra-se também muita instabilidade.

Cada heterónimo novo que se desenvolve é representado por uma gema, enquanto que a clara é o seu ambiente, o que o alimenta e o faz crescer, ou seja, todas as vivências do escritor, incluindo todo o contexto artístico, cultural e social da sua época.

Este ovo está rodeado de sombras! O poeta está envolto em angústia existencial, dor e infelicidade! Estas sombras representam o conflito da sua alma, sendo o lado negro do universo “pessoano”. Mas mesmo na mais profunda escuridão existe luz, daí a existência de gradações de sombras com diferentes tons, sendo que as mais claras e praticamente inexistentes representam a luz que salva o ortónimo, o seu mestre Alberto Caeiro.

Sonhar com ovos de gema dupla simboliza a descoberta de objetos valiosos que estavam perdidos. Neste caso, representa a valiosa descoberta dos heterónimos de Fernando Pessoa que estavam perdidos dentro dele pois, se existe uma pessoa que tem várias pessoas dentro de si, essa pessoa é Fernando Pessoa!

Esta imagem simboliza nascimento, representando o criar algo inovador, como este escritor criou. O conjunto de todas essas criações é o universo “pessoano”. O centro desse universo é o ovo inteiro, é Fernando Pessoa, com tudo o que ele inclui e o assombra.

Miriam Colaço, 12ºA

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Nunca me vi nem achei

Fernando Pessoa
(in Não sei quantas almas tenho)

Este verso será, provavelmente, o que melhor ilustra a maneira como Fernando Pessoa via a sua identidade.

Fernando Pessoa era um poeta e, sobretudo, uma pessoa que tinha grandes dificuldades em definir-se enquanto identidade, ou seja, sentia-se “perdido” em si próprio. Encontrava-se constantemente em conflito interior, acabando por se questionar se realmente existia e, se existisse, quem era na realidade.

Esta incapacidade que sentia em autodefinir-se levou Fernando Pessoa a procurar uma solução, isto é, a encontrar uma identidade que o representasse. Deste modo, Pessoa chegou à conclusão que, em vez de criar uma identidade, porque não criar várias identidades que demonstrassem as suas diversas formas de olhar para o mundo, de interpretar o que o rodeava?

Mas até sobre a finalidade das identidades criadas, que se denominam heterónimos, Pessoa não tinha uma ideia definida. Os heterónimos criados serviam tanto para exprimir o que sentia o próprio, como também para exprimir emoções criadas/fingidas por ele, já que ele afirma (no poema Autopsicografia) que o “poeta é um fingidor”.

puzzleAssim, nascem vários heterónimos com estilos de escrita distintos, de entre os quais podemos destacar três que são bastante diferentes entre si: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Alberto Caeiro, o mestre, é um heterónimo bastante ligado à natureza e aos cinco sentidos. Para Caeiro, o que importa é o que os seus sentidos conseguem captar, acabando por contemplar o mundo que o rodeia de forma ingénua e objetiva. Assim, Caeiro não pensava no futuro nem no passado, acabando por não dar importância ao que pensava, mas só ao que captava com os seus sentidos.

Ricardo Reis é um heterónimo que vive o presente sem exageros e que tenta aproveitar o momento presente na sua totalidade. Ricardo Reis afirma que não vale a pena viver a vida com grandes exageros, nem ceder às paixões que sente, porque o fim será o mesmo para todas as pessoas, a morte. Deste modo, ao não ceder à paixão que sente, Reis considera que, quando chegar o seu fim, a pessoa amada não irá sentir a tristeza que sentiria caso fossem comprometidos. Tal como Caeiro, Ricardo Reis valoriza a natureza.

Por fim, Álvaro de Campos distingue-se dos outros exemplos por ser um heterónimo que valoriza o mundo contemporâneo e a agitação das cidades. Teve duas fases distintas: a fase futurista onde sente intensamente a agitação das novas invenções que o rodeiam, querendo “ser toda a gente em toda a parte”; e a fase intimista, onde acaba por cair numa angústia, tristeza e deceção, pois apercebe-se que não pode sentir tudo na sua totalidade (“Ah, não ser eu toda a gente em toda a parte!”).

Podemos assim associar Fernando Pessoa e as suas identidades criadas a um puzzle porque, se cada heterónimo criado representar uma peça, estas irão encaixar umas nas outras, pois complementam-se, acabando por formar uma única unidade que representa Fernando Pessoa.

Raquel Cardoso, 12ºA

imagem daqui

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