Setembro iniciou-se com a apresentação de vários projetos cinematográficos nacionais embora de estilos diferentes: o documentário de Sérgio Tréfaut sobre o Cante Alentejano num mundo global em Alentejo Alentejo, prémio de Melhor Filme Português no IndieLisboa 2014; a improvável história de amor de Os Gatos Não Têm Vertigens de António Pedro Vasconcelos, com a talentosa Maria do Céu Guerra e Os Maias – cenas da vida romântica adaptação de João Botelho de um dos grandes clássicos da literatura portuguesa, Os Maias, de Eça de Queirós que, além do enredo amoroso, demonstra como Portugal do século XIX se assemelha tanto com a época atual. Os interiores foram filmados em palacetes, sobretudo em Lisboa, e os exteriores em estúdio, usando telas de grandes dimensões, pintadas pelo artista plástico João Queiroz.
Prossegue o reconhecimento da produção nacional tendo sido contemplada Luminita do realizador André Marques, vencedora do grande prémio do Festival Internacional de Curtas-Metragens em Drama, na Grécia. Este prémio vem juntar-se aos atribuídos no festival de curtas de Vila do Conde e no festival de Gijon, sendo que este filme. sobre dois irmãos que se reencontram no funeral da mãe, é candidato ao prémio Sophia de melhor curta-metragem. Quanto às restantes estreias, uma menção especial a duas obras de realizadores geniais: Magia ao luar de Woody Allen com Emma Stone e Colin Firth, numa comédia romântica de típicos desencontros situada na década de 1920, com a bela Riviera francesa como cenário, e Jersey Boys de Clint Eastwood, numa adaptação do premiado musical da Broadway sobre a ascensão e queda de Frankie Valli e o carismático grupo da década de 1960, Four Seasons .
Dos nossos vizinhos ibéricos, o divertido sucesso de bilheteira Namoro à espanhola de Emílio Martinez Lázaro proporciona momentos de boa disposição através das peripécias, estereótipos e piadas sobre as evidentes diferenças culturais e linguísticas de Espanha. Vale igualmente a pena assistir à adaptação do fabuloso livro do escritor americano Noah Gordon, O Físico realizado por Philipp Stolzl, que demonstra como a vida pode ser uma aprendizagem constante e que a determinação em lutar para atingir os ideais pode ultrapassar todos os medos mesmo numa época violenta como era o século XI. Numa perspectiva diferente e, a partir da obra de Lois Loury, The giver – O doador de memórias de Phillip Noyce, com um elenco luxuoso em que sobressaem Meryl Streep e Jeff Bridges, é uma reflexão filosófica sobre a condição humana e o papel do livre arbítrio, pois questiona-se se a humanidade será mais feliz num mundo sem violência mas também sem emoções. Dirigido aos fãs de filmes catástrofe, Dentro da tempestade de Steven Quale com excelentes efeitos especiais em que os tornados são as personagens principais na eterna luta entre o Homem e a Natureza. A ação e suspense em The equalizer – sem misericórdia de Antoine Fuqua, baseado na famosa série televisiva homónima dos anos 80, apresenta Denzel Washington numa personagem policial adequada ao seu estilo.
Também merecedor de realce, o Espaço Nimas, em Lisboa, continua com a preocupação em divulgar obras de realizadores que marcaram a história do cinema mundial. Assim, foi reposta, em versão digital, a obra-prima de 1986 Má Raça, primeiro filme a cores de Leos Carax, com Michel Piccoli e Juliette Binoche numa Paris futurista. Uma referência ainda ao ciclo sobre o cineasta indiano Satyagit Ray que conta com a apresentação de obras que tratam da intimidade do espaço conjugal exposto ao mundo e que não tinham estreado nos cinemas nacionais – A Grande Cidade (1963), Charulata (1964), O Cobarde (1965), O Santo (1965), O Herói (1966), O Deus Elefante (1979).
Finalmente, de 2 outubro a 22 novembro, realiza-se a 15ªFesta do cinema francês que, além do ciclo sobre Alain Resnais, na Cinemateca, apresentará filmes em várias localidade do país no que é uma excelente oportunidade, a não perder, para apreciar, certamente, obras de qualidade.
Luísa Oliveira
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