Os alunos da Escola Secundária Daniel Sampaio assistiram no dia 12 de Abril a uma palestra promovida pela Associação Salvador e por um grupo de alunos, no âmbito do projeto De pequenino se torce o pepino. A palestra procurou sensibilizar os jovens para a problemática das Acessibilidades e Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência Motora e contou com o testemunho de Salvador Mendes de Almeida.
A Associação Salvador lançou um desafio às escolas que consistiu na elaboração de um projeto com vista a sensibilizar a comunidade envolvente para o tema da deficiência motora, tendo sido os alunos organizadores deste projeto, recompensados com a realização da palestra.
As palestras, promovidas durante o ano letivo pela Associação Salvador inserem-se num objetivo de “Sensibilização nas Escolas”, dirigidas à população escolar para que reconheçam as capacidades das pessoas com deficiência, contribuindo assim para desmistificar alguns preconceitos face à deficiência motora.
A palestra foi ministrada por Salvador Mendes de Almeida, mentor da Associação Salvador, conhecido apresentador de televisão na RTP e coautor de dois livros sobre a temática da deficiência. O orador, aos 16 anos, sofreu um acidente de viação que o deixou tetraplégico e passou a ter que andar numa cadeira de rodas. Contudo não se deixou desmoralizar e manteve o seu quotidiano, orientando o seu percurso de vida para as causas relacionadas com a deficiência e com a falta de acessibilidades, tendo feito deste motivo a razão para a existência de uma associação com o seu nome.
A palestra teve início com a presidente da escola a agradecer a presença do orador e felicitar os alunos dinamizadores do projeto pelos resultados alcançados.
Depois, Salvador Mendes de Almeida desafiou duas alunas representantes do grupo dinamizador do projeto De pequenino se torce o pepino a apresentarem, perante a assistência, uma súmula do trabalho que desenvolveram dando conta dos objetivos propostos na futura implementação do seu projeto. Estas alunas entregaram à Associação Salvador um suporte digital com o conteúdo do projeto De pequenino se torce o pepino.
No decorrer da palestra, Salvador Mendes de Almeida contou ao auditório a sua história e experiência de vida, abordando as questões relacionadas com o quotidiano da pessoa portadora de deficiência, tais como a sua integração social, o desporto adaptado, empreendedorismo, integração profissional, percurso escolar, vida familiar, acessibilidades e apontou como as pessoas com deficiência podem e devem ter vidas perfeitamente normais.
Depois de dar a conhecer alguns dados estatísticos e esclarecer as diferentes causas e tipos de deficiência que existem, Salvador Mendes de Almeida deixou aos alunos alguns conselhos sobre como interagir e ajudar na integração das pessoas portadoras de deficiência, não faltando um alerta para a problemática das acessibilidades, fator determinante para a qualidade de vida e independência destes cidadãos.
Referiu que as pessoas com deficiência motora enfrentam muitas barreiras, nomeadamente sociais e psicológicas e desde que se desloca numa cadeira de rodas se depara com muitas atitudes desajustadas, pois muitas pessoas não conseguem perceber que as pessoas com deficiência não são “coitadinhas” e podem ser felizes e realizadas.
O orador ainda mencionou que as pessoas mais velhas apresentam maior dificuldade em lidar com pessoas portadoras de deficiência e que se tem revelado mais fácil apostar na mudança de mentalidade da população mais nova. Sendo assim, o objetivo destas iniciativas é combater as perceções negativas sobre a deficiência, facilitando desta forma a integração social das pessoas portadoras de deficiência.
Salvador Mendes de Almeida considera que tem assistido nos últimos tempos a uma grande mudança ao nível das mentalidades sobre a deficiência em Portugal mas que apesar disso acha que ainda falta percorrer um longo caminho, pois se por um lado as pessoas estão cada vez mais sensíveis às temáticas, por outro continuam a faltar as acessibilidades físicas.
O orador ainda explicou que a sua associação, que tem sede em Lisboa e possui o estatuto de utilidade pública, tem como missão apoiar e promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e visa apoiar diretamente pessoas com deficiências, em especial numa altura em que a conjuntura não é favorável e onde cada um deve promover a sua autonomia numa sociedade cada vez mais escassa em auxílios do estado.
Para finalizar a palestra, a Associação Salvador distribuiu kits de divulgação pelos alunos e terminada a apresentação, foi com inteira disponibilidade que o orador respondeu às perguntas dos alunos e professores, deixando claro com o seu testemunho que a deficiência não impede uma participação ativa e válida na sociedade.
O espaço escolhido para a realização da palestra foi o auditório situado no pavilhão do refeitório que acolheu as turmas dos três anos de formação do curso profissional de Técnico de Apoio à Infância, a turma do curso tecnológico de Desporto, a turma do décimo primeiro ano do curso científico-humanístico de Línguas e Humanidades e os professores.
Para marcar a passagem do Salvador Mendes de Almeida na nossa escola foi-lhe oferecido um quadro, gentilmente cedido pela professora Armanda Mendes.
A palestra encheu o auditório de público e foi o culminar do trabalho desenvolvido ao longo do ano letivo pelos alunos finalistas do curso profissional de Técnico de Apoio à infância, que de acordo com os objetivos gerais da sua formação específica, participaram no projeto promovido pela Associação Salvador que os distinguiu com a palestra de sensibilização para importância das acessibilidades e para a temática da deficiência.
Tal como os “Homens-Livro” de Ray Bradbury (Fahrenheit 451) que repetiam o seu conteúdo vezes sem fim com o objetivo de não perderem a sua mensagem, assim acontece com o Salvador. Não podemos esquecer que um livro é sempre o mesmo, a mensagem em si contida é sempre a mesma, mas o leitor é quase sempre DIFERENTE.
Portanto, a missão do Salvador nas escolas é clara. Apesar de a sua mensagem ser quase sempre a mesma não podemos esquecer que atinge um ouvinte sistematicamente DIFERENTE.
Boa missão, Salvador.
Soledade Estribio
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