Nós temos observado o declínio do ensino, nomeadamente do ensino público, com o Ministério da Educação homolongando leis que prejudicam o sistema de educação, ao invês de contribuir; vemos ainda, professores sem autoridade e alunos sem limites. Alguém sabe onde vamos parar?
Alunos com mais de 15 anos que tenham ficado retidos no 8º ano podem “pular” para o 10º ano, sem fazer o 9º ano, apenas têm que fazer o Exame Nacional de Português e Matemática, assim como as outras disciplinas da Escola; se o fizerem, chegam ao Secundário sem completar o básico. Quando ouvi esta notícia fiquei pasmo, e me perguntei: de que lado os politicos estão? E o que eles estão fazendo com o país? Por que prejudicam eles quem deveria lucrar?
O governo deve assegurar a todas as pessoas o direito a educação, mas obrigar os alunos a prosseguir os estudos até ao 12º ano, isto é demais. Se vivemos em uma democracia, os alunos não deveriam escolher se desejam ou não continuar os estudos, ou será que vivemos em uma falsa democracia?
Com isto, eles estão a banalizar o Ensino Secundário, pois o nome já diz tudo: o Ensino Básico é “básico”, que contém todas as disciplinas que todas as pessoas deveriam saber, mas o Secundário, é o que está em segundo lugar, o menos importante, ou seja, o regular, para os alunos que desejam seguir para a Unversidade e profissionalizante, para ter uma profissão com mais prática, sem tanta teoria. Mas o que vai ser do ensino se os alunos vão para o Secundário obrigados? Os alunos que vão apenas por obrigação, podem até desistir do curso, mas até desistirem, atrapalham o desenvolvimento dos outros alunos, e assim, prejudicam a aula.
Hoje na “Escola Moderna” os alunos não têm obrigações, responsabilidades, etc, enquanto os professores estão sobrecarregados com tanta burocracia. Será que esta escola realmente prepara os alunos para o futuro, ou seja, para a vida? Alunos passam de ano com duas negativas, entram para a Universidade com negativas.
Hoje temos muitas pessoas formadas, mas será que com qualidade? “Fabricamos” muito, mais com pouca qualidade, ao contrário de antigamente, pois quem frequentava a escola, tinha uma ótima formação e com uma licenciatura, era impensável ficar no desemprego. Mas hoje a maioria dos licenciados estão lutando contra o desemprego, devido à crise e ao número de alunos que têm acesso ao ensino superior.
Seria injusto se dissesse que a culpa é do Ministério da Educação, dos professores ou só dos alunos, mas verdadeiramente a culpa é de todos, pois todos contribuem para a Educação do País. O Ministério, a cada dia, publica leis bizarras, ou seja, facilita a vida dos alunos e retira a autoridade aos professores; alguns professores não se impõem, com a autoridade que lhe é concedida; muitas vezes vêem os alunos fazendo “cabulas” e não fazem nada; os alunos com esta falha do sistema, aproveitam e muitos deles estão na escola obrigados, e a escola virou um lugar de convívio. Os alunos só vão até onde os deixam ir, e o governo os deixou chegar até aqui. Um dos exemplos dessas leis é: “Cada encarregado de educação individualmente vai fazer uma avaliação do trabalho dos professores que dão aulas aos seus filhos…”. A apreciação dos pais será depois tida em conta, na subida de escalão dos docentes.
Podemos dizer que antes do 25 de Abril, Portugal tinha um sistema de ensino público com melhor qualidade. Pois só estudava quem podia, quem era esforçado. Com isto também há um lado “negro”, pois só tinha acesso ao ensino a “elite”. Ao meu ver, Portugal deveria valorizar mais a profissão de professor, pois são eles que formam as pessoas que são o futuro desta nação, e a cada dia eles estão mais insatisfeitos com a profissão. Quando perguntei a alguns professores o que eles acham do ensino me disseram: “O ensino está uma desgraça, a cada dia está indo de mal a pior” e não aconselham ninguém a seguir esta profissão.
Desde dos anos 60, nota-se em Portugal, um crescimento no número de alunos que têm acesso ao ensino superior. De 30 mil em meados dos anos 60, para 400 mil no final do séc. XX. Apesar disso, o nível de estudo da população portuguesa ainda é baixo.
Em suma, o sistema de ensino precisa de uma “revolução”, pois do jeito que está, não dá para continuar. Hoje estamos vivendo nos tempos modernos, com a escola moderna, facilitadora, com os professores quase sem nenhuma autoridade, alunos que estão estudando por obrigação.

Portugal está numa situação parecida com a dos filhos de antigamente. Quando fui educado, lembro-me bem como me ensinaram a lutar por aquilo que queria e a compreender que nada caía do céu e tudo levava tempo.
Os pais treinavam os filhos a saber esperar, a saber persistir, a aguardar diligentemente a compensação do seu esforço.
Nos nossos dias, são poucos os pais que educam segundo este modelo.
A vida corre muito depressa, as solicitações precipitam-se em cascatas, o critério do ter imprime um ritmo frenético à vida.
Antes, havia tempo para o ritual do tempo, a vontade era formada na resistência.
Hoje, o tempo tem o ritual de cada momento, a vontade é formada na frenesim de cada satisfação.
Antes, o tempo era uma escola, hoje é um embaraço. Antes, a disciplina interior sabia a libertação, pela firmeza que conferia à nossa atitude, hoje, a disciplina interior sabe a escravidão, pelo custo que confere à realização imediata dos nossos objectivos.
Hoje, os pais desmesuram-se em ajudar os filhos, em apoios, em cursos, em oportunidades, como antes não sucedia.
(in Jornal Expresso, 2000).
Devo completar, que os pais se esforçam e os filhos nem sempre dão o devido valor.
Eu tô aqui Pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?
(…)
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
(…)
Encarem as crianças com mais seriedade
Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância, a exploração, e a
indiferença são sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado…
(Estudo Errado – Gabriel O Pensador)
Luiz Felipe Monteiro, 10º E
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