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Posts Tagged ‘Séc. XXI’

Quando em 1968 foi estreado o filme 2001: Odisseia no Espaço de Stanley Kubrik, o séc. XXI aparecia como uma projeção filosófica do apogeu da era espacial (a 1ª alunagem seria pouco tempo depois em julho de 1969). Esse longínquo ano de 2001 era então visto como um tempo em que o homem encontrava na conquista do espaço o elo de ligação ao seu próprio passado, aos avanços épicos no conhecimento, marcados, porém, pela forte ambivalência que paira sempre sobre aqueles que “roubam o fogo aos deuses” – neste caso, o medo que a máquina suplantasse o homem, castigando a sua ousadia científico-tecnológica.

Mas os factos vieram a provar que o séc. XXI começaria de maneira bem diferente. O homem não voltou à Lua, não chegou a Marte e as suas prioridades viraram-se para coisas mais terrestres. O séc. XXI começou sim com a destruição de dois emblemáticos edifícios, numa das mais emblemáticas megalópolis.  Se alguma analogia encontramos com o filme de Kubrik, é apenas a fascinante forma monolítica das duas torres que se erguiam orgulhosamente como marcos da determinação do homem, pois, nesse dia de setembro de 2001,  a vida assemelhou-se mais a um vulgar filme-catástrofe.

2001: Odisseia no espaço

O advento do séc. XXI veio provar que essa projeção filosófica-espacial do espantoso filme de Kubrik apenas olhou o futuro da humanidade pelo seu prisma  ocidental, esquecendo que o mundo tinha muitos mais mundos… cá dentro. E, não muito tempo depois  da embriaguez democrática provocada pela queda em dominó de todos os muros de Berlim, voltámos a trocar liberdade por segurança, uma Guerra Fria por uma imprevisível série de guerras quentes com todos os subsequentes mortos, depois dos mortos  do 11 de setembro de 2001.

Se a ameaça e a consequente reação ao terrorismo global  marcou a primeira década do séc. XXI, como recordaremos esta segunda, que mal começou? Pela crise financeira mundial? Pelo desmoronamento dos regimes dos países árabes? Ou por qualquer outra coisa com que nem sequer ainda sonhamos? Só o saberemos realmente em 11 de setembro de 2021.

Fernando Rebelo

imagens daqui e daqui

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Damos início a uma nova rubrica assinada pelo Luiz Monteiro do 10º E, que tem apetência pela escrita sobre temas sociais, pelo levantar de questões ligadas com os esterótipos, conflitos, ideias feitas na comunidade global em que vivemos. Desta forma, ele propõe-se abordar, desde o seu ponto de vista, conceitos sem preconceitos – e assim se vai chamar esta rubrica, que por opções editoriais, mantém as marcas da norma do português do Brasil sempre que o autor a utilizar.

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Metrossexual é o homem do século XXI – Mas para você o que é um Metrossexual? Um homem vaidoso? Um homem fútil? Um homem que se diz homem mas no fundo é “gay”? Bom, Metrossexual é um homem que se cuida (não em excesso), ele quer sempre estar na moda, nos eventos badalados, uma pessoa elegante que sabe se posicionar diante das situações, que cuida do corpo, que marca sua identidade também pela aparência, que gosta de roupas da moda (o Metrossexual não precisa necessariamente de usar roupas de moda, mais ele pode ter todos os outros requisitos), ele é simultaneamente o homem da metrópole e heterossexual. O termo surgiu em 1994 e popularizou-se  no final do século XX, tendo o jogador David Beckham como símbolo da “vaidade” masculina.

Por que razão muitas das vezes o homem Metrossexual é confundido com o gay? Ser gay implica opções/tendências de vida muito mais profundas e distintas. Por isso surge o preconceito. Porque a sociedade ainda tem tanto preconceito contra os Metrossexuais? Vamos lá saber a verdade: você prefere um homem todo arrumado, bem cuidado, unhas feitas, sobrancelha limpa, depilado (e também a depilação masculina é uma questão até mesmo de higiene pessoal), com o cabelo arrumado, e com o corpo bem cuidado ou barrigudo, careca e com a unha do pé encravada? Para mim, algumas pessoas ainda tem o pensamento que o homem deve ser barrigudo, não se deve preocupar com a aparência, apenas com o trabalho e com a família. Bom as mulheres finalmente conseguiram se tornar mais independentes agora elas cuidam da casa e dos filhos mais também trabalham, quantas mulheres hoje são os homens da casa? Se as mulheres conseguiram se libertar porque os homens não podem? E também quantos homens hoje são as donas de casa? Muitas mulheres hoje saem para trabalhar e o homem fica cuidando da casa, então a mulher que ganha mais do que o homem é mais poderosa do que ele?

Está na hora de nós deixarmos de lado o preconceito. Porquê uma mulher quando faz o “trabalho de um homem”  é pioneira e quando o “homem faz o trabalho de uma mulher” ele tem de ser forçosamente gay? Porquê, se as mulheres dormem com junto com uma amiga, elas não são homossexuais, e se um homem dorme com um amigo ele é gay? Porque uma mulher pode usar o azul e o rosa e o homem só o azul? Hoje já existem salões de beleza só para os homens, clinicas de depilação só para os homens, revistas para o universo masculino, o “dia do noivo”, e a indústria de cosméticos está cada vez mais investindo no universo masculino.

A Metrossexualidade representa o homem do séc. XXI e já é uma realidade. Não podemos ter preconceito, não só contra os Metrossexuais, mas, também contra qualquer pessoa que fuja aos padrões maioritários impostos pela sociedade. Num mundo globalizado, em que cada vez mais temos contacto com diferentes pessoas, oriundas de diversas nacionalidades, com diferentes contextos sociais, pensamentos, religiões, temos de respeitar toda essa variedade de tribos, raças, pensamentos, religiões, mesmo que não concordemos com os as suas crenças ou ideais. Se gostar é uma opção, respeitar é, sem dúvida, um dever.

Luiz Felipe Monteiro, 10ºE

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Jane e Louise Wilson

O que me fez escolher Tempo suspenso (Suspending time), de Jane e Louise Wilson, exposição inaugural da nova direcção do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), para a rubrica do Bibliblog, “Morte da estética?” Sobram razões: a estreia de Isabel Carlos* à frente da programação do CAM, o facto de se tratar de uma dupla de artistas, as gémeas britânicas Jane e Louise Wilson (n. 1967) que trabalham e expõem juntas desde dos anos 90, a utilização de vídeos, filmes e fotografias, suportes definidores da arte contemporânea, o sugestivo nome da mostra, “Tempo suspenso”, as alusões históricas aos horrores do século…

Bunker

O que perpassa no enorme espaço que o público percorre, através de objectos tão heteróclitos, é o tempo: o tempo da história, da história dos homens e da história de vida, ou melhor, fragmentos destas histórias, aqui devolvidos pelas memórias, em tempo suspenso, de percursos interrompidos, inflectidos. É esse tempo, e a sua suspensão, que Jane e Louise tentam explorar. As memórias das tragédias do século XX (será que alguma vez as conseguiremos exorcizar?), da II Guerra Mundial ao Holocausto, à Guerra Fria, são as representações mais presentes na obra desta dupla. O seu trabalho assume assim o duplo carácter de documento e de denúncia.

Começa a exposição pelas gigantescas fotografias do que resta das fortificações que integraram a Muralha do Atlântico, estrutura defensiva construída pelos alemães na Normandia (Sealander, 2006); seguem-se as instalações vídeo Stasi City (1997), que nos mostram o interior das instalações da sinistra polícia secreta da RDA.

Em Unfolding The Aryan Papers, a obra mais recente da dupla, reencontramos o cineasta Stanley Kubrick, já desaparecido, através de material recolhido nos seus arquivos pessoais. Projectam-se imagens, guardadas por Kubrick, para um filme passado na II Guerra Mundial. O argumento era sobre uma família de judeus que se salvou forjando um “Ahnenpass”, documentos que atestavam a arianidade. Do arquivo Kubrick projectam-se também imagens originais dos guetos de Varsóvia e Cracóvia durante a guerra, e ainda testes da actriz escolhida para protagonista, Joahnna Steege, há 30 anos atrás. Alternando com estes, surgem ainda registos com depoimentos da actriz hoje em dia, sobre a brusca decisão então tomada por Kubrick, de desistir do filme (o tema causou-lhe uma depressão, a que não terá sido alheio o facto de ter perdido parte da família em Auschwitz, e também porque acabava de estrear a Lista de Schindler, de Spielberg, e, para os produtores, o êxito alcançado por este filme comprometia o sucesso do filme de Kubrick, uma vez que era sobre o mesmo tema) e da decepção que sentiu, pois esperava com este filme alcançar a fama, que, de facto, nunca veio a alcançar.

O tempo passado materializa-se também nas séries fotográficas Oddments (2008/09), na sequência de imagens de portas, ladeadas dos livros antigos e valiosos do célebre livreiro londrino, Maggs. Bros. Ldt, local de grande apreço do nosso rei bibliófilo, D. Manuel II, pois aqui passava longas horas, agora que o tempo em que deveria ser rei lhe tinha sido devolvido e se podia dedicar por inteiro à sua paixão.

Spiteful of Dream

O tempo suspenso, ainda que por minutos, é representado por uma experiência vivida pelas gémeas quando em 1993 estiveram no Porto, onde integraram uma exposição colectiva em Serralves. A série Hypnotic Suggestion 505 é o registo filmado da sessão de hipnose a que então se submeteram, às mãos de dois hipnotizadores, um inglês e um português; 505  era a frase que as restituiria ao estado vigilante.

Noutra sonora instalação vídeo (a introdução de som, música e ruídos quotidianos é outra das possibilidades da video-arte), Spiteful of Dream, 2008, ouvem-se conversas entre homens e mulheres num Centro Comunitário da Bósnia-Herzegovina, relatando experiências traumáticas como refugiados no Reino Unido, enquanto dentro de um gigantesco cubo de rede, um engenhosíssimo jogo de paralelepípedos espelhados reflecte imagens de turbinas em incessante movimento. O conjunto das imagem projectados sobre planos que as sequencializam, e a respectiva banda sonora, confere à instalação uma dimensão escultórica de grande efeito cénico.

Como fio condutor, e ponto de partida da exposição, surgem, pontuando todo o espaço, tanto em esculturas suspensas, como nas fotografias, ou ainda integradas nas instalações, réguas em madeira, com a obsoleta medida Yard (jarda), Yardsticks, testemunhos de um tempo que não volta mais, mas que simultaneamente vai dando a medida e as diferentes escalas de cada peça em exposição.

O sentido desta aparente dispersão (e não descrevi tudo) é dada por uma montagem clarificadora e também pela leitura do catálogo, que inclui uma esclarecedora entrevista às autoras sobre o seu percurso e sobre esta retrospectiva.

Filmes, vídeos, fotografias, arquitecturas e esculturas, fazem emergir as ruínas de um século e de vidas marcadas pela tragédia; a sua percepção (tridimensional), não deixa de ser vivida pelo visitante com alguma emoção, também estética.

* Isabel Carlos, 46 anos, licenciada em filosofia e mestre em comunicação social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, conseguiu uma projecção internacional notável, pertencendo aos júris internacionais das principais bienais de arte, Veneza e São Paulo, estando até agora a dirigir a bienal de Sarjah, nos Emiratos Árabes Unidos, posto que deixou para vir dirigir o CAM., tendo sido recentemente nomeada membro do júri do Turner Prize, um dos prémios de arte mais prestigiados do mundo.

Profª Cristina Teixeira

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aceda ao gráfico

O Jornal Público dá a conhecer, num gráfico animado, as palavras que mais se utilizaram nesta última década com ligações a informação sobre cada uma delas.

Uma interessante síntese da História do início deste século para quem gosta de índices e de velocidade na informação –  a não perder.

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