O Banco Internacional de Documentos das Cidades Educadoras (BIDCE) incluiu desde agora o projeto Almada (+) Acessível, protagonizado por alunos da Escola Secundária Daniel Sampaio.
A Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE) tem como objetivo trabalhar conjuntamente em projetos e atividades que melhorem a qualidade de vida dos seus habitantes, tendo como padrão de atuação a Carta das Cidades Educadoras.
O intercâmbio de experiências, metodologias e ideias é o motor de desenvolvimento da AICE, que criou, promove e organiza o Banco Internacional de Documentos – de livre acesso, através da Internet – que é constituído por duas bases de dados: uma que arquiva experiências de Cidades Educadoras e outra reúne os documentos de apoio ao desenvolvimento do conceito de Cidade Educadora, que inclui uma seleção de boas práticas visando promover iniciativas inovadoras de Cidades Educadoras como ponto de referência para outras cidades.
O projeto Almada (+) Acessível teve a sua origem na Escola Secundária Daniel Sampaio com o propósito de apresentar propostas para melhorar a mobilidade na cidade e responder ao desafio colocado pela Associação Salvador no âmbito do guia Portugal Acessível e pelo Instituto Nacional de Reabilitação, no âmbito do concurso Escola Alerta (ambas as entidades desenvolvem projetos para pessoas com mobilidade reduzida e deficientes físicos).
Os alunos do Curso Profissional Técnico de Design realizaram um estudo de campo sobre a acessibilidade às instalações em vários pontos do município e as barreiras arquitetónicas que afetam as pessoas, especialmente pessoas com deficiência. Seguindo esse projeto, entraram em contato com os serviços competentes da Câmara Municipal de Almada para promover a iniciativa na cidade. A Câmara Municipal considerou a proposta e criou o Plano Municipal para a Promoção do Acesso, a desenvolver entre 2011 e 2013, com o objetivo de melhorar a mobilidade de todos os cidadãos, especialmente as pessoas com deficiência.
Os objetivos propostos para o projeto Almada (+) Acessível foram:
- Sensibilizar e mobilizar os alunos sobre questões de acessibilidade enfrentadas por pessoas físicas em geral e em particular as pessoas com mobilidade reduzida, que dificultam ou impedem o exercício pleno dos seus direitos como cidadãos.
- Realizar um estudo de campo no município a fim de identificar as diferentes situações que impedem a mobilidade das pessoas.
- Promover a igualdade de oportunidades para deficientes físicos.
- Contribuir para garantir a acessibilidade física ao espaço e edifícios públicos.
- Para promover a participação cidadã e o papel da sociedade civil na identificação de necessidades, prioridades, medidas, soluções e atitudes relacionadas com a acessibilidade.
O tema transversal do projeto foi O património do concelho de Almada, já que os trabalhos de campo foram realizados em áreas com património de interesse municipal (centro histórico, áreas de lazer, áreas turísticas e outras áreas públicas do município). Os alunos identificaram as situações que impedem a acessibilidade no município e fizeram sugestões para a sua melhoria.
Alguns exemplos são as barreiras na entrada de edifícios públicos na cidade que podem ser ultrapassadas através de rampas, ampliação e automatização das portas de acesso. Foram detectados ainda buracos nas calçadas dos passeios que dificultam o movimento, bem como diferentes alturas nas travessias pedestres. Os alunos propõem piso tátil com alerta sonoro para a deficiência visual e rebaixar as travessias de pedestres para facilitar a mobilidade das pessoas em cadeira de rodas. Os alunos identificaram postes, sinais, candeeiros, etc. em locais que interferem com o tráfego de pedestres, e propuseram mover esses elementos para outro lugar dentro da área, de modo a não perturbar a mobilidade das pessoas em geral. O acesso às caixas multibanco geralmente não é fácil para as pessoas que se movem em cadeira de rodas, o que exige uma adaptação. Outro obstáculo identificado é a falta de áreas mais amplas para os carros do parque adaptados para pessoas com deficiência que lhes permitiria espaço suficiente para as cadeiras de rodas caberem confortavelmente.
O trabalho de campo dos alunos da ESDS foi tornado público numa exposição, inaugurada pela senhora presidente da Câmara Municipal de Almada. Na sequência do projeto, a senhora presidente promoveu um encontro e debate entre os alunos e diretores municipais da cidade com a responsabilidade de implementar ações que promovam a inclusão dos munícipes. Desse encontro, surgiu a necessidade de desenvolver um plano de ação que culminou com o Plano Municipal para a Promoção da Acessibilidade no município de Almada.
O projeto participou no concurso Jovens Talentos promovido pela Câmara Municipal de Almada, tendo conseguido o primeiro prémio na categoria Cidade Educadora. Esteve igualmente patente numa exposição temporária no Centro da Juventude de Santo Amaro – Casa Amarela, onde os trabalhos foram apresentados pelos alunos.
Graças ao trabalho realizado por este grupo de alunos, a cidade de Almada tem hoje um Plano para a Promoção do Acesso implementado pela cidade com o slogan Almada (+) Acessível, que inclui a participação da sociedade civil. O plano irá planear e implementar intervenções que irão tornar Almada numa cidade mais acessível e inclusiva, propondo também momentos de reflexão sobre o tema através da discussão de cidadãos, com a participação de instituições e organizações da sociedade civil.
Para visualizar este projeto no Banco Internacional de Documentos das Cidades Educadoras, juntamente com outras experiências da cidade de Almada visite este sítio.
Soledade Estribio
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