Neste período realizaram-se dois festivais que, apesar dos cortes orçamentais, já têm lugar de destaque no calendário do cinéfilo. Na 31ª edição do Fantasporto foram apresentados 307 filmes oriundos de 25 países que contribuíram para o êxito de bilheteira. Alguns destes filmes tiveram estreia comercial em Março. Os prémios principais foram atribuídos ao thriller psicológico Two eyes staring do holandês Elbert Van Strien, que ganhou o Grande Prémio e o de Melhor Argumento e A Serbian Film de Srdjan Spasojevic com o Prémio Especial do Júri. Maria de Medeiros foi distinguida com Prémio de Carreira e Pedro Sena Nunes recebeu o 1º prémio do cinema português neste festival.
Outro evento importante foi a 10 ª edição da Monstra festival de Animação de Lisboa que decorreu de 21 a 27. A Holanda foi o país convidado e, entre outras iniciativas, procedeu-se a uma retrospectiva do cinema de animação dos estúdios japoneses Ghibli, e a uma competição de escolas de todo o mundo com 85 curtas-metragens. No encerramento apresentou-se um filme de dez minutos, de vários autores nacionais, sobre a arte na Primeira República. Piercing 1 do realizador chinês Liu Jian, uma reflexão sobre a China atual, recebeu o Grande Prémio, O Mágico de Sylvain Chomet o Prémio do Público e Cozido à Portuguesa de Natália Andrade o prémio entre as obras portuguesas.
O dinâmico cinema de animação português é reconhecido mundialmente e a prova disso é o facto de quatro dos sete filmes a concurso de 6 a 1 de Junho no Festival Internacional de animação de Annecy, em França, pertencerem à produtora Sardinha em Lata.
Outra notícia interessante foi o facto da curta-metragem Alfama de João Viana ter conquistado o Grande Prémio na 12º edição do Festival Internacional do filme de Aubagne, principal acontecimento mundial consagrado à relação do cinema com o som. Entre as obras oriundas de 29 países, o júri considerou Alfama “ a melhor criação sonora para uma curta-metragem, pela função estruturante do som na escrita do guião”.
Quanto às estreias, em Março houve géneros para todos os gostos embora, nem sempre, de qualidade. Da amálgama de estreias, os destaques vão para obras já laureadas: o drama comovente tendo com base a doença de Alzheimer de Poesia do realizador sul-coreano Lee Chang-Dong– prémio do Melhor Argumento no Festival de Cannes ; a comtemplação de Mel de Semih Kaplanoglu da Turquia que venceu o Urso de Ouro no festival de Berlim de 2010; Camino de Javier Fesser, drama espanhol inspirado numa história verídica que ganhou seis Goyas, incluindo o de melhor filme espanhol de 2008.
Também merecem destaque A tempestade de Julie Taymor, adaptação da obra homónima de William Shakespeare, O tio Boonmee (que se lembra das suas vidas anteriores) de Apichatpong Weerassethkul Tailândia e a acção de A maldição do faraó – as aventuras de Adèle Blanc-Sec de Luc Besson, baseado numa famosa série de banda desenhada francesa.
As comédias, como é usual, marcaram grande presença: Tens a certeza? de James L. Brooks; Igualdade de sexos de Nigel Cole; o francês Potiche – minha rica mulherzinha de François Ozon; Rédea solta de Bobby e Peter Farrelly; O agente disfarçado: tal pai, tal filho; Copacabana de Marc Fitoussi; Micmacs – uma brilhante confusão de Jean-Pierre Jeunet e o hilariante Manhãs gloriosas de Roger Michell sobre o mundo dos programas matinais da televisão.
Também marcaram presença em Março os filmes de acção: Os agentes do destino de George Nolfi – thriller romântico baseado num conto de Philip K. Dick ; O Profissional de Simon West; Homens de negócios de John Wells, Época das bruxas de Dominic Sena, sobre um herói das Cruzadas e Guerreiros do Amanhã de Stuart Beattie, uma aventura da Austrália.
Os apreciadores de ficção científica ou terror podem escolher entre Ritual de Mikael Hafstrom inspirado em factos reais sobre exorcismo, Mutante de Vincenzo Natali ou o terror espanhol de O exorcismo de Manuel Carballo, Sou o número quatro de D. J.Caruso, Perigo à espreita de Antti Jokinen e ainda Monsters – zona interdita, ficção de Gareth Edwards, e Sucker Punch- Mundo surreal de Zack Snyder.
Para entreter o público infantil tivemos Rango de Gore Verbinski, Zé Colmeia de Eric Brevig, Gnomeu e Julieta de Kelly Asbury animação inspirado na peça de William Shakespeare, Alpha & Omega de Anthony Bell e Ben Gluck e Winx Club 3D : a aventura magica de Iginio Straffi.
Registaram-se ainda as estreias de E o tempo passa de Alberto Seixa Santos, Filme Socialismo de Jean-Luc Godard e Em último recurso de Baltasar Kormákur.
Por fim, documentários com algum interesse: Chelsea hotel de Abel Ferrara sobre o mais icónico hotel de Nova Yorque que enfrenta uma ameaça de despejo e Os 2 da (nova) vaga, de Emmanuel Laurent, sobre os cineastas franceses François Truffaut e Jean-Luc Godard, fundadores do emblemático movimento cinematográfico Nouvelle Vague. Especialmente dirigido aos adolescentes o musical Justin Bieber: never say never, de Jon Chu sobre a ascensão do jovem ídolo que se tornou uma estrela no mundo da música .
De 1 a 10 Abril, no cinema São Jorge, vai realizar-se a 5ª Mostra do Documentário Português Panorama, um género que cada vez tem mais adeptos. Esta edição vai centrar-se num período pós 25 Abril de 1974, conturbado mas saudoso para alguns, o PREC.
De 14 a 21 Abril realiza-se a 4º edição de 81|2 – Festa do Cinema Italiano cuja programação, em Lisboa, divide-se entre o cinema Monumental e o espaço Nimas. A partir desta data e até 8 Maio a festa continua em Coimbra, Porto e Funchal.
Luísa Oliveira
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